Pesquisadores da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, em Pirassununga, desenvolveram método que simula, para o produtor, os custos do aproveitamento dos dejetos de suínos alimentados com cinco tipos de dieta. “A poluição provocada pelo manejo inadequado desses dejetos e os efeitos das criações sobre o meio ambiente e a saúde humana vêm se tornando cada vez mais discutidos, aumentando as exigências dos órgãos fiscalizadores e da sociedade”, explica a médica veterinária Esther Ramalho Afonso, autora de uma tese de doutorado sobre o tema. “A suinocultura é reconhecida como uma atividade de significativo potencial poluidor por poder causar problemas ambientais, como a contaminação do solo e das águas e, por isso, precisa ter manejo adequado”, completa.
“Em países como Holanda e Dinamarca, a quantidade e a qualidade do dejeto utilizado como fertilizante pode gerar multas altas quando manuseados incorretamente. No Brasil, ainda é possível observar percalços, principalmente no licenciamento ambiental que, muitas vezes, gera dúvidas”, diz a médica veterinária. A pesquisa teve orientação do professor Augusto Hauber Gameiro, do Departamento de Nutrição e Produção Animal (VNP).
Esther trabalhou com os dados obtidos em um experimento realizado pelo pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e coorientador do doutorado, Julio Cesar Pascale Palhares, na Embrapa Suínos e Aves, em Concórdia, Santa Catarina. O experimento consistiu no uso de cinco dietas em 80 suínos machos castrados com idade média entre 77 dias até o abate aos 119 dias. Esther propôs o desenvolvimento de método para avaliar o efeito econômico sobre o custo da nutrição e do manejo dos dejetos com diferentes dietas.
A dieta 1 (T1) foi formulada com nível alto de proteína bruta e suplementação mínima de aminoácidos (dieta controle). Todas as outras dietas foram formuladas a partir da T1, com algumas adições. Na T2, houve redução do nível de proteína bruta, com suplementação de lisina, metionina, treonina e triptofano industriais; na T3, houve a inclusão de 0,010 (porcentagem por quilo de dieta) de fitase e redução dos teores de cálcio e fósforo; na T4, houve a a suplementação de 40% de minerais orgânicos (Cobre, Zinco e Manganês) e 50% de minerais inorgânicos; e na T5 houve a combinação de todos os outros tratamentos.
A pesquisadora constatou que a dieta T1 foi a que apresentou a maior excreção de nutrientes como fósforo, nitrogênio e potássio; enquanto que na T5 houve melhor aproveitamento de nutrientes pelos animais.
Dejeto como fertilizante
Esther explica que o dejeto suíno é rico em Potássio (K), Nitrogênio (N) e Fósforo (P), entre outros elementos, sendo possível transformá-los em fertilizantes o que minimizaria ou evitaria a compra deste produto. A T1 apresentou maior excreção de NPK o que levaria à produção de mais fertilizante. Os resultados da T5 foram o oposto: menor excreção NPK e menos fertilizante.
Esther explica que o dejeto suíno é rico em Potássio (K), Nitrogênio (N) e Fósforo (P), entre outros elementos, sendo possível transformá-los em fertilizantes o que minimizaria ou evitaria a compra deste produto. A T1 apresentou maior excreção de NPK o que levaria à produção de mais fertilizante. Os resultados da T5 foram o oposto: menor excreção NPK e menos fertilizante.
A pesquisadora simulou a construção de um biodigestor (tanque coberto e revestido por lona) e esterqueira (tanque aberto e revestido por lona) para depósito de dejetos e produção de biofertilizante. Foram utilizados dois tipos de materiais: PVC e PEAD (uma espécie de lona). O menor custo foi na dieta 5, pois apresentou menor quantidade de dejetos. Já a dieta 1 teve maior custo, devido à maior produção de dejetos.
Esther calculou o custo logístico de levar esse biofertilizante até uma lavoura de milho, com uso de caminhão tanque e de um trator tanque. “O caminhão é mais caro para adquirir, mas carrega uma maior quantidade de dejeto e faz menos viagens. O trator é mais barato, mas necessita de um número maior de viagens, devido a menor capacidade de carga. A dieta T5 foi a mais vantajosa, pois apresentou menor produção de dejetos e, consequentemente, menos viagens para levar o biofertilizante até a lavoura.”
Viabilidade econômica
Para a análise econômica da viabilidade do sistema, Esther desenvolveu planilhas onde calculou o Payback (que mostra o tempo necessário para recuperar o investimento); o Valor Presente Líquido (VPL) (que permite calcular, em valores atuais, todos os fluxos de caixa futuros, usando para isto uma taxa de desconto); e a Taxa Interna de Retorno (TIR), que calcula qual taxa deveria ser utilizada para que o VPL fosse zero.
Para a análise econômica da viabilidade do sistema, Esther desenvolveu planilhas onde calculou o Payback (que mostra o tempo necessário para recuperar o investimento); o Valor Presente Líquido (VPL) (que permite calcular, em valores atuais, todos os fluxos de caixa futuros, usando para isto uma taxa de desconto); e a Taxa Interna de Retorno (TIR), que calcula qual taxa deveria ser utilizada para que o VPL fosse zero.
“Os resultados mostraram que, em um ano, ocorre o retorno financeiro oriundo da viabilidade econômica das diferentes dietas e posterior utilização dos dejetos como fertilizante orgânico após tratamento por biodigestor e esterqueira.”
Para a pesquisadora, o principal benefício desta pesquisa é a multidisciplinaridade pois considera a nutrição, a análise econômica e o fator ambiental. Posteriormente, as planilhas serão disponibilizadas aos interessados no site do Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal, do VNP.
Imagem: Marcos Santos / USP Imagens
Mais informações: email estherafonso@gmail.com, com Esther Afonso
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