(Eu, feitor, capitão do mato e nêgo de coração branco)
Há coisas que eu não falo porque tenho medo de escandalizar muita gente. Tem outras que penso, só com os meus botões, pois não consigo dispensar de parar de pensar e tenho medo de ir parar no inferno.
Tem sentimentos que sinto que se soubessem que sinto me mandariam para alguma cela ou jaula de insegurança máxima.
Mas, então caio em mim e vejo que ninguém mais se escandaliza com nada e eu sou ainda dos poucos que acredito em inferno e desconfio que há céu. No fundo, no fundo do poço, meus sentimentos são impuros como os de qualquer criança negra de 10 anos como muitas que poluem nossas ruas das cidades e estão prontas para serem fuziladas como gente grande.
Preciso, cada vez mais, aumentar a minha idade, antes que vire criança pobre, negra, marginal e com jeitão de adulto.
Ilustração: Cena do filme Capitães da Areia, em torno da obra de Jorge Amado
Mauricio Figueiredo
Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera
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