Líder Yanomami pede preservação da terra em congresso no TJ do Rio
O pajé e líder Yanomami David Kopenawa denunciou a invasão das terras indígenas na Amazônia por desmatadores e garimpeiros financiados por grupos de empresários e apoio de políticos. Mesmo com a demarcação do território indígena ocorrida no governo de Fernando Collor, essas invasões são contínuas, desde o descobrimento do Brasil. O pajé disse que os prejuízos à natureza são causados pela intervenção do homem branco, que destrói a terra e polui os rios com mercúrio para extração do ouro.
Para os Yanomami, o conceito terra é de mãe, origem da vida. David Kopenawa fez a denúncia com um apelo em defesa da preservação do meio ambiente durante a realização do 1º Congresso Mundial de Direito Ambiental (WELC), nesta quinta-feira, dia 28. David é sobrinho do cacique Raoni, antiga liderança Yanomami e que acompanhava o congresso. Com o tema “O Estado de Direito Ambiental, Justiça e Sustentabilidade Planetária’, o evento vai até hoje, dia 29, no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), com a participação de juristas, cientistas, diplomatas de mais de 70 países.
O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Herman Benjamin, organizador do congresso e mediador do painel “O Futuro do Ambientalismo”, disse ser testemunha da preservação da natureza feita pelos índios em suas terras. Segundo ele, em recente visita à Amazônia, as regiões ocupadas pelas aldeias indígenas eram as mais protegidas. “Os povos indígenas são os guardiões da floresta. Portanto, existe uma conexão. Dar proteção ao indígena é proteger também a natureza”. Para o ministro, o juízes brasileiros devem assumir o compromisso de garantir a integridade dos povos indígenas, conforme está na lei e na Constituição.
Além do líder Yanomami, o painel contou com exposições da presidente do Instituto de Pesquisas Ecológicas, Suzana Pádua, do ambientalista paquistanês Malik Amin Aslan, da presidente do Conselho Empresarial Brasileiro, Marina Grossi, da presidente do EEF International, Yolanda Kakabadse, da ambientalista Inger Andersen e do biólogo americano Thomas Lovejoy, reconhecido por seu trebalho em defesa das florestas tropicais. Eles defenderam a conscientização de todos pela proteção do meio ambiente, como legado agora para as futuras gerações.
Yolanda Kakabadse destacou como favorável uma agenda de ações na preservação da natureza, o conhecimento que se tem hoje dos agentes causadores da degração ambiental. Já Inger Andersen disse que o futuro do ambientalista é o seu desaparecimento. A afirmação poderia parecer polêmica, porém explicou que isto é possível a partir do momento em que não haja uma consciência coletiva da importância de se defender o meio ambiente. Marina Grossi trouxe uma visão empresarial para o Congresso. Comentou a evolução, a partir da Rio 92, de uma tomada de consciência dos empresários para que o desenvolvimento produtivo seja feito com sustentabilidade.
O congresso acontece na Sala de Sessão do Tribunal Pleno do TJRJ, na Av. Erasmo Braga 115/9º andar, sala 906, Lâmina I. São parceiros do evento o TJRJ, a Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj), a Amaerj, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a Escola Nacional da Magistratura (ENM) e a FGV Projetos.
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