Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

segunda-feira, 4 de abril de 2016

"Em nome da lei"

Judiciário do Rio debate ética e moral em sessão de filme 
Desembargadores, juízes e servidores do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) assistiram a uma sessão especial do filme "Em nome da lei" na noite de quarta-feira, dia 30 de março, no cinema Odeon, na Cinelândia, Centro do Rio. A exibição foi seguida de um debate com a participação do diretor Sérgio Rezende, do juiz federal Marcelo Bretas e do juiz estadual André Luiz Nicolitt. A mediação foi de Daniel Homem de Carvalho. “Em nome da lei” conta a história de um jovem juiz federal obstinado em fazer justiça na fronteira do Brasil com o Paraguai e disposto a desmontar o esquema de contrabando e tráfico na cidade de Fronteira. O longa-metragem traz a discussão sobre ética e moral em todas as esferas da sociedade. 
O juiz André Luiz Nicolitt disse que o filme transforma um universo complexo em personagens marcantes e fortes. “O começo do filme já deixa bem definido o papel de cada um: a polícia investiga, o Ministério Público acusa e o juiz julga. Quando esse cenário é corrompido ele gera problemas. Essa estrutura constitucional deve ser respeitada. O juiz tem que fazer cumprir a lei e ele não pode andar acima dela. Juiz não pode se transformar em um justiceiro nem se comprometer com a causa que ele vai julgar. Esse envolvimento é algo nefasto para o julgador”, explicou o magistrado, que este ano vai passar a acumular funções no Tribunal do Júri de São Gonçalo, onde atuava a juíza Patrícia Acioli, assassinada com 21 tiros em Piratininga, Niterói, em 2011.
No longa-metragem, o juiz federal Victor, interpretado por Mateus Solano, foi transferido de São Paulo para o interior do Mato Grosso do Sul. Ele chega à Fronteira cheio de ideias preconcebidas sobre o ideal de justiça, mas é atropelado pela realidade, pois é o líder do tráfico Gomez, interpretado por Chico Diaz, que manda na cidade. Para prender Gomez, o juiz vai precisar da ajuda da procuradora Alice (Paolla Oliveira) e da equipe do policial federal Elton (Eduardo Galvão). Juntos, eles podem mudar a história de Fronteira, mas antes terão que enfrentar as ameaças contra a vida de Vitor, que se torna um símbolo na luta pela justiça ao mandar prender criminosos e confiscar bilhões de reais da máfia que impera há décadas na região.
“Nesse filme, o juiz acaba percebendo que autoridade sem maturidade não funciona. É importante que haja maturidade e humildade para aprender com a experiência de quem estava lá há mais tempo e conhece as engrenagens do sistema, como no caso da Alice e do Elton. É preciso ouvir”, destacou o juiz federal Marcelo Bretas durante o debate.
O diretor do longa-metragem, Sérgio Rezende, afirmou que a função da arte é levar as pessoas ao pensamento crítico dos fatos que acontecem na realidade. “Eu acho que o cinema tem que estimular a reflexão da sociedade. Qual é o preço da justiça? Eu acho que essa resposta é muito complexa e, eu, como diretor de cinema, ainda estou longe de responder”, ponderou o diretor, que se inspirou na história real do juiz federal Odilon Oliveira, que realiza um trabalho na fronteira do Brasil com o Paraguai.
A juíza Andréa Pachá, que esteve presente como espectadora, caminha na mesma linha de raciocínio e diz que a ficção ajuda a sociedade a pensar o cenário nacional. “O importante nesse momento é que, nós, da Justiça, tenhamos racionalidade para lidar com os conflitos. É muito boa a ideia de trazer para a Justiça uma obra de arte como esse filme, para que a partir de uma ficção, que é inspirada em fatos reais, a gente possa refletir sobre essas questões que tem interferido no nosso dia a dia. Ás vezes é mais fácil enxergar um problema quando a gente vê o problema na ficção”, ressalta a magistrada, que é responsável pela Ouvidoria do TJRJ.
O diretor de Comunicação e de Difusão do Conhecimento do TJRJ, Mauro Ventura, comemorou iniciativa e disse que a arte ajuda a aproximar o Judiciário da sociedade. “Foi a produção do filme que nos procurou achando que valeria a pena fazer uma pré-estreia para o Judiciário. Num momento como esse que vivemos, essa iniciativa tem tudo a ver porque cada vez mais o Judiciário se aproxima da sociedade e também se harmoniza com as demandas do próprio presidente do Tribunal, desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, que é de ampliar o diálogo com a sociedade civil e com os servidores”, explica o comunicador.
Filmado em março e abril de 2015, em Dourados (MS), o longa-metragem  estreia  dia 21 de abril, em circuito nacional.




Nenhum comentário:

Postar um comentário