Pais tentam sensibilizar alunos pelo fim das ocupações
Contra as ocupações das escolas da rede estadual de ensino, cerca de 30 responsáveis de alunos do Colégio Estadual David Capistrano, em Niterói, realizaram, no começo da noite de segunda-feira (25/04), um ato simbólico na porta da unidade. O abraço à escola buscou demonstrar o respeito dos pais pelo colégio, bem como o que a instituição representa para a comunidade e a importância da Educação para o futuro do país.
Durante a manifestação, os pais revelaram que estão impedidos de entrar na escola e não conseguem conversar com os alunos ocupantes. Eles alegam, ainda, que o colégio foi invadido por pessoas que não pertencem à comunidade escolar e que o movimento é político. A maior preocupação, no entanto, é com a segurança de crianças e os adolescentes no interior da escola sem a presença de adultos.
No último sábado (23/04), cerca de 120 pais de alunos do C.E. David Capistrano reuniram-se, nas proximidades do colégio, para discutir quais medidas serão tomadas para que a unidade seja desocupada e as aulas voltem a transcorrer normalmente. Os responsáveis comentaram, inclusive, que pretendemrecorrer ao Ministério Público para que a situação seja resolvida e nenhum estudante seja prejudicado.
Após o abraço ao colégio, os pais iniciaram um abaixo-assinado para levar aos órgãos competentes.
Veja, abaixo, os depoimentos:
* Hanriete Conceição (mãe de aluna da 3ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual David Capistrano e professora da rede estadual de ensino)
- Sou contra essa ocupação. O que está acontecendo é uma manipulação de professores e de integrantes de outros movimentos que não pertencem à escola. Eles estão comandando a ocupação e orientando esses alunos. Minha filha não participa do movimento. Ela conta que aconteceu uma reunião antes da invasão e a grande maioria dos alunos votou por não ocupar a unidade. Cadê a ata desta reunião? Não registraram em nenhum documento? Quem deu essa legitimidade para a ocupação? Nessa escola temos 950 alunos e cerca de 80 estão apoiando o movimento. Se eles falam em democracia, por que não respeitam o direito da maioria dos alunos que quer estudar?
*Carlos Alberto Marinho (pai de aluna da 2ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual David Capistrano)
- Minha família não concorda com esse movimento. Essa ocupação foi feita de forma arbitrária. Uma minoria decidiu, motivada por pessoas externas à comunidade escolar. Temos muitos estudantes menores de idade dentro da escola. Eles estão expostos. Nem sabemos com quem eles ficam o dia inteiro e como eles dormem. Os professores que apoiam a ocupação não ficam no colégio, eles passam pela escola. E, se acontecer algo, quem vai assumir a responsabilidade? Alguém já se questionou sobre isso? A gente não consegue conversar com os alunos. Quem comanda não deixa. Essa minoria está prejudicando a maioria dos alunos. Nós vamos lutar por nossa escola.
* Saionara Menezes (mãe de aluno da 3ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual David Capistrano)
- Meu filho já está sendo prejudicado. Nós somos contra essa ocupação. Este ano, ele conclui o Ensino Médio e vai fazer o Enem e o vestibular. Como será agora? Alguém me explica? As inscrições para o Enem começam no próximo mês e esses alunos não serão certificados? Os ocupantes não imaginam o prejuízo acadêmico para a vida desses jovens. A gente sabe que o movimento é político.
* Giovana Freitas (mãe de aluno da 3ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual David Capistrano e secretária do Conselho Escolar da unidade)
- Sou contra esse movimento. As reivindicações não são coerentes. Os alunos estão sendo manipulados. A gente vê que é um movimento partidário. Os alunos colocaram na última reunião de pais que querem abolir o uniforme, querem usar short e calças rasgadas na escola. Você acha que isso tem coerência? Esses estudantes também querem o Riocard ilimitado para fazer o que bem entendem. Eles têm que entender que essa gratuidade no transporte é para eles se deslocarem para a escola.
* Guilherme Mourão (pai de aluna da 2ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual David Capistrano)
- Tirei minha filha de uma escola particular e trouxe para o C.E. David Capistrano porque sei que é uma boa escola. Não sou contra manifestações, mas eu não concordo com esse tipo de ocupação. A gente sabe que não é um ato voluntário dos alunos. Eles estão sendo influenciados por pessoas que não pertencem à comunidade escolar e que têm outros objetivos. Esses ocupantes estão colocando os pais contra os alunos, estão dividindo a escola. Eu me preocupo muito com o coletivo. Penso que alguns alunos podem desistir de dos estudos, perder o ritmo por conta dessas ocupações, por tanto tempo sem aulas.
Experiência bem sucedida
A mobilização de pais e alunos pela desocupação trouxe resultados satisfatórios no Ciep 179 – Cláudio Gama, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Nesta terça-feira (26/04), as aulas reiniciaram, graças a uma assembleia realizada com a comunidade escolar que promoveu o diálogo com os manifestantes, prevalecendo a opinião da maioria.
Até o momento, além do Ciep 179, foram identificadas outras três unidades escolares desocupadas: Ciep 175 – José Lins do Rego, em São João de Meriti; C.E. Leopoldo Fróes, em Niterói; e CE Barão de Aiuruoca, em Barra Mansa. No Colégio Estadual Albert Sabin, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, a comunidade escolar também impediu que um grupo invadisse a unidade.
Foto: Marcia Costa / Seeduc-RJ.
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