'Paz em Casa': debate é levado às escolas
Representantes das secretarias estadual e municipal de Educação e Políticas para as Mulheres tiveram um encontro com professores da rede pública, nesta quarta-feira, dia 5, com o objetivo de levar a discussão da violência contra a mulher para as escolas. A reunião ocorreu na sede do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim), na Rua Camerino, Centro do Rio, e também contou com a participação de ONGs e institutos que contribuem para a conscientização do tema através de projetos sociais. O encontro faz parte da programação da segunda edição da “Semana da Justiça pela Paz em Casa”, que até o dia 7 de agosto intensifica a realização de audiências e julgamentos relativos aos crimes de violência contra a mulher.
O diferencial desta edição do ‘Paz em Casa’ é que a mobilização foi estendida do Judiciário para a área da Educação. O objetivo é que crianças e jovens aprendam, desde cedo, noções de igualdade de gênero. A representante no Brasil do Subcomitê de Prevenção da Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes (SPT), da ONU, Margarida Pressburger, elegeu a educação como elemento primordial para que crianças não se tornem adultos violentos. “Crianças não nascem violentas ou com preconceito, elas se tornam assim à medida que crescem. Se forem educadas a respeitar as pessoas desde pequenas não teremos problemas de violência contra a mulher nas próximas gerações. Para mim, não existe a questão da diversidade porque nós somos todos iguais. Fazemos parte de uma única raça humana”, ressalta Pressburger.
Já a secretaria municipal de Políticas para as Mulheres do Rio, Ana Rocha, disse que o combate à discriminação das mulheres é um caso de Direitos Humanos. “Hoje, a violência contra mulher é questão de Direitos Humanos e não mais um problema privado, de briga entre marido e mulher em casa. É preciso fazer um trabalho preventivo em ampla escala e isso incluiu a educação. A visão cultural é de que a mulher é objeto e propriedade do homem e essa visão está entranhada no subjetivo coletivo. O papel da educação é justamente desconstruir essa imagem”, explica.
A coordenadora da “Justiça pela Paz em Casa”, a juíza auxiliar da Presidência do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), Adriana Ramos de Mello, também esteve presente ao evento. A magistrada relatou um caso de feminicídio julgado esta semana no Tribunal do Júri de Campos dos Goytacazes que chamou sua atenção. A vítima levou 29 facadas do companheiro na frente do filho de três anos. No banco dos réus, o acusado confessou o crime e disse que a esposa não se comportava como deveria, deixando de cozinhar e lavar roupa. “Nós já temos a Lei Maria da Penha e a inclusão do Feminicídio nos crimes hediondos. O que a gente tem que fazer agora é educar as pessoas sobre igualdade de gênero e por isso estamos capacitando juízes e fazendo parcerias com o Estado e Município para que esse assunto seja debatido nas escolas. Homens e mulheres tem que ter igualdade de oportunidades”, exclama a magistrada.
Na reunião foram apresentados trabalhos e iniciativas desenvolvidos nas escolas seguindo as orientações dos planos estadual e municipal de educação. Há a expectativa de inserir a violência doméstica nos currículos escolares. Em seguida foram apresentadas oito experiências de projetos sociais nas escolas, como o “Sem Vergonha”, iniciativa que leva educação sexual para jovens, e a Rede Nami, organização feminista que usa as artes urbanas para promover os direitos das mulheres.
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