Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Museu da Justiça

Participação do índio na formação social do Rio de Janeiro é debatida 

O presidente da Associação Indígena Aldeia Maracanã (AIAM), Carlos Antonio Fernandes Machado ou Carlos Doethyró Tukano, como prefere ser identificado invocando a sua origem, defendeu o reconhecimento pelo estado da cidadania para todos os povos indígenas, com acesso à educação, saúde e demais políticas públicas. A reinvindicação do cacique da etnia Tucano ocorreu na abertura quinta-feira, dia 20, do seminário “O Rio de Janeiro continua Índio”, realizado no Museu da Justiça, Rua Dom Manuel, nº 29, Centro. 
Nesta sexta-feira, os participantes do seminário vão prestar uma homenagem ao aniversário dos 150 anos do sertanista e marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. Em seguida, o ciclo de palestras terá representantes do Conselho Estadual dos Direitos Indígenas, os professores Algemiro da Silva, indígena guarani, Jaime Santos e Norielem de Jesus Martins, com a moderação de Edson Kayapó, Tonico Benites Guarani Kaiowá e Fernanda Borlotto. Além desses, o jurista Dalmo de Abreu Dallari vai falar sobre a demarcação das terras indígenas.
Ontem, o cacique Tukano disse que “o índio só é lembrado quando usa cocar, pintura, mas ninguém se importa com aquilo que ele pensa ou reivindica. Aqui, estamos celebrando um marco na história do país, que desconhece a importância dos povos indígenas. O Brasil precisa fazer justiça com o índio e fazer justiça é valorizá-lo”. Ele reclamou também do esquecimento do índio nas comemorações pelos 450 anos da fundação do Rio de Janeiro pelos portugueses.
O seminário, que vai se prolongar até hoje, sexta-feira, faz um resgate da contribuição histórica e cultural das diferentes etnias indígenas na formação do estado fluminense. Conta com a participação de antropólogos, historiadores, arqueólogos e advogados, que, nas palestras, vão mostrar a evolução da presença e do legado indígena há 8 mil anos, conforme os registros arqueológicos do povo sambaqui encontrados no litoral do estado.
Idealizado pela AIAM em parceria com o Museu da Justiça, a Secretaria de Estado de Cultura, a Funarte e a Comissão Pró-Índio/UERJ, o evento é um acontecimento inédito no Poder Judiciário fluminense.
A secretária estadual de Cultura, Eva Doris Rosenthal, destacou a particularidade de se reunir brancos e índios para um debate sobre a cultura indígena. Já o diretor do museu, Marco Antônio Vianna Moreira Sampaio, assinalou a importância do protagonismo indígena na formação do Brasil.
Além do seminário, o público tem acesso a duas exposições “O Rio de Janeiro continua Índio” e “Os Índios no recôncavo da Guanabara” nos salões do Museu da Justiça. A primeira faz uma perspectiva histórica e antropológica criada pelo Museu do Índio/Funai em conjunto com a Comissão Pró-Índio/UERJ. Já o Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB) montou a exposição “Os índios no recôncavo da Guanabara”, em que estão reunidas peças arqueológicas sobre a presença indígena no Rio de Janeiro. São componentes das tradições Sambaquieiras, Itaipu, Una e Tupiguarani.
O público também assistiu a uma apresentação do Coral Guarani da Aldeia Maricá. Pela manhã, as palestras foram do presidente do IAB, Ondemar Ferreira Dias, e do antropólogo João Pacheco de Oliveira. Na parte da tarde, os palestrantes serão José Ribamar Bessa, Ana Paula da Silva e Marcelo Lemos, lideranças das Aldeias Maracanã e Guarani, tendo Marcos Albuquerque como moderador.

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