A eleição do também carioca Rodrigo Maia, para o cargo ocupado pelo inimigo público nº 1, Cunha, batendo com folga o favorito Rogerio Rosso, abre espaço para algumas considerações. Além de representar mais um degrau no declínio político do ex-presidente, em vias de perder o mandato de deputado, o fato parece determinar o início dos novos tempos na Câmara, com fortalecimento da individualidade parlamentar e maior independência diante do Planalto. Apesar de compor a base de apoio de Temer, Rodrigo, por suas características, deve ter vontade própria. O que, a meu ver, é bom para o país. Inconsistências como a "bondade" fora de tempo do presidente interino, dando com a mão esquerda o que retirava com a direita, não serão engolidas tão facilmente. O tal "Centrão", onde Cunha passeava todo pimpão, perdeu espaço para uma nova composição que deve fechar com o Rodrigo. Muito menos conciliador do que Rosso, o novo presidente terá que adaptar-se às "exigências do cargo", mas tem a seu favor duas características (adquiridas na prática dos seguidos mandatos) que lhe favorecerão: é confiável e não é radical. Um registro, por ser curioso, deve ser feito: Miro Teixeira, também carioca, jornalista e advogado, teve apenas 6 votos. Apesar de, em seu discurso de candidato, haver previsto seu destino, colocando-se como o maratonista que sabe que poderá chegar em último, mas insiste em correr, a decepção deve ter sido amarga para ele.
* Carlos Ney é jornalista e escritor
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