Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Livro conta as Glórias do Vasco da Gama e São Lourenço




Recentemente, a Prazeres de Minas Cafeteria, em São Lourenço, foi invadido por centenas de pessoas para o lançamento de “Lembranças Eternas – Histórias de São Lourenço e do Vasco nas décadas de 50 e 60”. Uma longa fila se formou para conversar, abraçar e autografar os exemplares com o advogado e pesquisador José Nacle Gannam. Há muito tempo a cidade não tinha um evento cultural que atraísse tanto público. 

O autor brinda o leitor com um livro que fala de duas de suas maiores paixões. Uma narrativa que, além de gostosa de se ler, toca fundo o coração, relembrando importantes acontecimentos da história do clube da Cruz de Malta e da sua cidade natal. 

Com prefácio do compositor, escritor e jornalista Sérgio Cabral, orelha do pesquisador Leonel Junqueira e quarta capa do radialista Áureo Ameno, a obra contagia pelo entusiasmo do autor na preservação de fatos que marcaram, principalmente, os anos 1950. 

As alegrias e as tristezas são relatadas de forma imparcial pelo autor, que dedicou longo tempo em leituras e pesquisas para corroborar as recordações que nunca saíram da sua mente. 



Como fazer para adquirir o livro?
R: Diretamente com o autor, pelo telefone (35) 3331-2271, e-mail:jmagnna@yahoo.com.br

Em relação, especificamente ao Vasco, Gannam respondeu as perguntas do Ardbola - www.ardbola.blogspot.com.br - para os torcedores vascaínos e todos os amantes do futebol. 

1 - Em sua opinião quem é o maior ídolo da história do Vasco e por que?
R.: Se, por ídolo, se entender “aquele que a gente quer ser quando crescer”, o meu sem sombra de dúvida, foi o Bellini, seja pelo futebol, seja pelo porte atlético e  por suas feições hollywoodianas. No entanto, de uma maneira geral, incluiria numa lista Russinho, Itália, Jaguaré, Fausto, Danilo, Ademir, Maneca, Ipojucam, Vavá, Pinga, Dinamite, Romário, Edmundo e muitos outros.
2 - O que dizer de jogadores que foram ídolos em mais de uma equipe: Dr. Rubens, no Vasco e Flamengo; Romário - Vasco e Flamengo; Zanata - Vasco e Flamengo; Bebeto - Vasco e Flamengo; Almir, Pernambuquinho - Vasco, Flamengo, Santos; Felipe - Vasco e Flamengo entre outros - em comparação com os que ficaram identificados com uma só equipe, como é o caso de Roberto Dinamite e Zico?
R.: Creio que a maioria absoluta desses jogadores que se destacaram em mais de uma equipe tem uma peculiaridade, além de jogarem muito: uma personalidade fortíssima, de pessoas que não se detinham ante qualquer obstáculo. Existem jogadores que só jogam bem em um determinado clube, penso que por lhes faltar personalidade e ou, quem sabe, até futebol. Zico, acredito que, se tivesse atuado em qualquer outro grande clube teria se dado bem. Roberto Dinamite foi para o Barcelona e lá ficou apenas alguns meses. Não se deu bem. Voltando ao Vasco, continuou marcando seus inúmeros gols.
3 - Vasco cedeu 3 jogadores para seleção campeã do Mundo de 1958 - Bellini, Orlando e  Vavá. O que você conhece sobre eles e o fato marcante de Bellini ter virado estátua?
R.: Sempre tive o maior orgulho pelo Vasco ter fornecido três jogadores titulares para a Seleção Brasileira campeã mundial de 1958. A estátua do ídolo Bellini em frente ao Maracanã, então, foi uma glória, que permitiu muitas gozações dos vascaínos contra os torcedores dos outros clubes. Tinha até um rubro-negro que se recusava a marcar encontro antes dos jogos em frente à estátua do Bellini. Dizia que a estátua era do Pavão... Na realidade, penso que eu torcia para o Brasil mais pela presença desses três vascaínos do que por “patriotismo”. Bellini obteve pelo Vasco, entre outros, os seguintes títulos Campeonatos Cariocas de 1952, 1956 e 1958,  e Torneio Rio-São Paulo de 1958. Integrou várias Seleções Brasileiras, inclusive nos mundiais de 1958 e 1962, vencidos pelo Brasil e no de 1966. Foi capitão da seleção de 58, tendo sido o primeiro jogador a levantar a taça acima da cabeça gesto que passou a ser repetido pelos atletas que o sucederam. Bellini faleceu em 2014, com 83 anos e, conforme acentuou Milton Mendes era “educado, fino e não dava bola para os cartolas principalmente para os da CBF e, jamais aceitou “as falsas homenagens que só são feitas aos ex-craques às portas dos mundiais”. Como não poderia deixar de ser, esse atleta ocupa várias páginas de meu livro inclusive com algumas fotos inéditas. O quarto zagueiro Orlando Peçanha, nascido em Niterói, em 1935, faleceu em 10 de fevereiro de 2010, aos 74 anos. Obteve pelo Vasco, entre outros os seguintes títulos: Campeão Carioca Juvenil em 1954, Campeão Carioca de 1956 e 1958, Campeão do Torneio Rio-São  Paulo de 1958, Campeão do Torneiro de Paris de 1957 e Campeão da taça Tereza Herera no mesmo ano e, pela Seleção Brasileira, entre outros, o Mundial de 58 na Suécia e a Copa Roca, em 1960. Obteve também vários títulos pelo Boca Juniors da Argentina e pelo Santos. Edvaldo Izidio Neto, o Vavá, pernambucano de Recife, onde nasceu, em 1934, faleceu em janeiro de 2002. Suas principais características, como atacante eram a raça e o oportunismo. Veio para o Vasco em 1952 e, ainda no mesmo ano participou da Seleção Olímpica brasileira que foi à Olimpíada de Helsinki. Integrou diversas seleções brasileiras, sendo a primeira delas em novembro de 1955. Fez parte do escrete nas Copas, vencidas pelo Brasil, de 1958 e 1962. Marcou ao todo 14 gols pela seleção. Pelo Vasco, seus principais títulos foram: Campeonatos Cariocas de 1952 e 1958 e Torneio Rio-São Paulo, também de 1958. Jogou também pelo Atlético de Madri, Palmeiras, América do México e San Diego dos Estados Unidos. Ganhou os apelidos de Peito de Aço e Leão da Copa, por seu desempenho nos dois Mundiais de que participou.     

4 - E sobre a construção de São Januário por iniciativa dos próprios torcedores sem participação do poder público como é comum hoje, cercado de muitas denúncias de irregularidades?
R.: É mais uma coisa para se orgulhar, principalmente nos dias de hoje, quando se vê clubes serem beneficiados com dinheiro público para construírem suas famigeradas “arenas”, sem qualquer critério ou justificativa que não seja  meramente eleitoreira, além de, certamente,   ensejar maior possibilidade de desvios para bolsos indevidos. O Vasco tentara filiar-se à recém-criada Associação Metropolitana de Esportes Amadores, mais foi impedido sob o argumento de que não possuía um campo apropriado. Tal imposição acarretou uma mobilização jamais vista entre os torcedores que, rapidamente, levantaram a cifra de 685 contos e 895 mil-réis para compra de um terreno em São Cristóvão. Mas era preciso mais. Em pouco mais de um ano humildes funcionários de bares, motorneiros de bondes, operários das fábricas dos subúrbios se agruparam e conseguiram o dinheiro, dois mil contos de réis e, em dez meses estava erguido o estádio. O feito, de tão monumental, mereceria livros e mais livros mas o tópico abaixo, inserido na revista O Cruzeiro de 31 de agosto de 1929, permite vislumbrar a dimensão do que foi a obra:
 “A praça de “sports” do Vasco da Gama não encontra na palavra do jornalista a adjectivação exacta para  sua grandiosidade, e, sendo a mais confortável e sumptuosa das Américas, não tem um símile sequer na Europa.”    
5 - Como explicar o Vasco hoje na segunda divisão do futebol Brasileiro?
R.:  Penso que  há que se distinguir as duas primeiras quedas da terceira. Atribuo as duas primeiras à má administração. Em 2008 por exemplo, a diretoria mudou e o time se encontrava na oitava ou nona colocação no brasileirão e acabou caindo. Na queda seguinte, com a administração do clube já totalmente a cargo da nova diretoria, novo fracasso. Com relação à última queda, penso que houve certa demora na contratação de jogadores de peso e a campanha de recuperação do time ocorreu tardiamente, além de havermos sido bastante prejudicados pelas arbitragens tendenciosas principalmente favorecendo os times de Santa Catarina.
6 - Qual a sua opinião sobre o futebol brasileiro da atualidade? Não temos mais jogadores com a qualidade dos do passado, o que precisa ser feito para o Brasil voltar a ser um celeiro de craques?
R.: A chamada Lei Pelé me parece ser a causa principal de tudo isso. Se não for revogada, acentuará ainda mais a falência financeira dos clubes. O jogador ainda em tenra idade se desvincula do clube que investiu em sua formação, as mais das vezes com parco ou nenhum ressarcimento buscando, principalmente, o mercado europeu e até o asiático. Perdeu-se o interesse pela seleção nacional. Pouquíssimos jogadores que atuam no país são convocados. Antigamente existia uma saudável rivalidade entre os torcedores dos diversos clubes para ver qual deles cederia mais jogadores ao escrete. Some-se a isso a corrupção que impera na própria cúpula da CBF. Penso que a corrupção deveria ser extirpada, o que reconheço ser difícil, para que o Brasil voltasse a ser o que era.
 7 - Um grande orgulho dos vascaínos, é a da história do clube estar associada ao combate ao racismo, como primeiro grande clube a ter negros em suas equipes. O que você poderia comentar sobre isso?
R.: Realmente, como vascaíno, tenho muito orgulho da posição histórica do Vasco contra o racismo. É preciso lembrar que já se passou quase um século que tal posição foi assumida, o que torna seu valor ainda mais relevante. A chamada resposta histórica do Vasco, na qual o clube pede seu desligamento à Federação Carioca da época, por não concordar com as imposições racistas da mesma é digna de constar dos anais da história da luta contra todo e qualquer tipo de preconceito.   

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