Não conheci meus avós paternos. Só de meu pai contar de seu pai Manoel e de uma fazenda em Boa Esperança, Rio Bonito e de sua mãe Amélia indígena, que antes de morrer com ele ainda sendo bebê, deixou-o um travesseiro pequeno recheado pelos seus cabelos negros.
Do meu avô materno, Alberto, só lembro de um retrato imponente na sala principal da casa de minha avó Iracema, no Sampaio. Também não o conheci.
Mas minha vó sim. Tenho muitas e muitas recordações, como as de dizer que eu a pedia para me fazer um "cupete", pois não sabia falar topete, quando me penteava.
E de suas histórias, como as de uma grande briga com meu avô, eles ainda namorados, na estação de trem de São Mateus, no Espírito Santo, com cada um indo para o seu lado.
Mas, repentinamente, ele voltando, deixando de pegar o trem que partia, e a tomando pelo braço, enquanto Iracema dizia: "Não estamos brigados?" e Alberto retrucando: "pois fica o dito pelo não dito".
Se meu avô não tivesse voltado e embarcado no trem, não sei para onde, eu não estaria aqui e jamais teria tido um topete descolado.
(meus avós - Manoel e Amélia e Alberto e Iracema)
Mauricio Figueiredo
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