Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

terça-feira, 19 de julho de 2016

Deus derrote os projetos de terror

Durante o Angelus o Papa recordou as muitas vidas inocentes ceifadas no massacre de Nice ·
18 de Julho de 2016

Deus «derrote cada projeto de terror e de morte, para que nenhum homem ouse derramar o sangue do irmão»: foi a invocação comovida com a qual o Papa Francisco recordou no Angelus de domingo 17 de julho «o massacre que na noite de quinta-feira em Nice, ceifou muitas vidas inocentes, inclusive muitas crianças». Saudando os numerosos fiéis presentes na praça de São Pedro para a oração mariana, entre os quais um grupo de chineses, o Papa com «grande dor» garantiu a sua proximidade «a cada família e a toda a nação francesa em luto. Deus, Pai bom, acolha todas as vítimas na sua paz – disse – sustente os feridos e conforte os familiares». Depois, ofereceu idealmente «um abraço paterno e fraterno a todos os habitantes de Nice e de toda a nação francesa», exortando a orar antes em silêncio e depois em voz alta uma Ave-Maria.

Precedentemente, ao comentar como de costume o evangelho dominical, o Papa tinha falado sobre o conhecido episódio narrado em Lucas no qual Jesus é recebido na casa de Marta e Maria. «Ambas – explicou – oferecem acolhimento ao Senhor, mas de maneiras diferentes. Maria põe-se sentada aos pés de Jesus e ouve a sua palavra, e Marta atarefada preocupa-se em preparar as coisas». Desta forma, «corre o risco de esquecer – e este é o problema – o mais importante, isto é a presença do hóspede». Com efeito, acrescentou Francisco, «o hóspede não deve ser simplesmente servido, nutrido, cuidado de todos os modos. É preciso sobretudo que seja ouvido. Porque o hóspede deve ser acolhido como pessoa, com a sua história, o seu coração rico de sentimentos e de pensamentos, de modo que possa sentir-se verdadeiramente em família». Caso contrário, comentou o Papa recorrendo à sua característica linguagem por imagens, «se receberes um hóspede e continuares a fazer outras coisas, ambos mudos, é como se ele fosse de pedra: o hóspede de pedra».

Portanto, prosseguiu o Pontífice na sua reflexão, para receber um hóspede é necessário «ouvi-lo, demonstrando-lhe uma atitude fraterna, de modo que se dê conta de estar em família, e não num abrigo provisório». «Só se for entendida assim a hospitalidade – que é uma das obras de misericórdia – será verdadeiramente uma virtude humana e cristã». Uma virtude, advertiu o Papa, «que no mundo de hoje corre o risco de ser descuidada. Com efeito, multiplicam-se as casas de repouso e os hospícios, mas nem sempre nestes ambientes se pratica uma hospitalidade real. Dá-se vida a instituições que assistem a muitas formas de doença, solidão, marginalização, mas diminui a probabilidade para quem é estrangeiro, marginalizado, excluído de encontrar alguém disposto a ouvi-lo: porque é estrangeiro, refugiado, migrante», continuou Francisco, «até na própria casa, entre os familiares, pode acontecer que se encontre mais facilmente serviços e cuidados que escuta e acolhimento. Estamos tão preocupados, atarefados, com tantos problemas que perdemos a capacidade de escuta». Por isso, exortou a «aprender a ouvir», porque – concluiu – na capacidade de escutar está a raiz da paz».



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