Violência não é coisa nova no mundo. Está presente desde que Caim matou Abel. Com uma população de 7 bilhões de habitantes e tantas disparidades econômicas e sociais seria de causar espécie se a vida fosse um mar de maravilhas. O Rio de Janeiro que em pouco tempo saltou de 2 milhões de habitantes, como no poema de Drummond, para cerca de 10 milhões ou mais ou São Paulo partindo para os 20 milhões fazem parte natural dessa efervescência humana pela violência. O que parecia inusitado, mas tornou-se realidade é a bandidagem dando toque de recolher para a polícia e até para as Forças Armadas. Para instalar uma simples tv a cabo, os agentes da lei precisam pedir autorização ao Maioral. Foi o que aconteceu com Michael Jackson para gravar um clip na laje de um morro carioca. O revólver de Noel Rosa deu lugar a armas mais sofisticadas e poderosas. E agora é um salve-se quem puder. (Mauricio Figueiredo)
A noite estava estrelada
Quando a roda se formou
A lua veio atrasada
E o samba começou
Um tiro a pouca distância
No espaço forte ecoou
Mas ninguém deu importância
E o samba continuou
Entretanto ali bem perto
Morria de um tiro certo
Um valente muito sério
Professor dos desacatos
Que ensinava aos pacatos
O rumo do cemitério
Chegou alguém apressado
Naquele samba animado
Que cantando dizia assim:
No século do progresso
O revólver teve ingresso
Pra acabar com a valentia
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