Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Democracia em perigo

Após a Revolução de 30, passando pelo período Constitucional democrático de Getúlio, nos anos 50, o Brasil possuía em torno de 7 partidos realmente representativos, com três deles dominando o cenário nacional - o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), à esquerda; o Partido Social Democrata (PSD), ao Centro; e a União Democrática Nacional (UDN), à direita.
Com o movimento militar, dissolvendo os partidos existentes e impondo duas agremiações, o embate político permitido resumiu-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), de apoio ao regime militar e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) como a oposição limitada e consentida ao regime.
 No processo de agonização da ditadura, tanto pelo desgaste político como pelo aguçamento da crise econômica, a partir da visão ideológica do general Golberi do Couto e Silva, expresso em sua Geopolítica do Brasil, como forma de minimizar o chamado pensamento de esquerda no país, idealizou-se a abertura total com a criação de agremiações, gerando o atual balaio de gato, com a existência de mais de 30 partidos políticos, entre os quais as chamadas legendas de aluguéis.

Esse processo de abertura do general estrategista, estimulou inclusive o surgimento do Partido dos Trabalhadores, como forma de esvaziar a então presença marcante dos partidos comunistas ao longo do cenário nacional, a partir da industrialização do país. Até mesmo, o panorama sindical foi alvo dessa política pluralista, com o surgimento de várias centrais de trabalhadores ao contrário do passado no qual ponteava o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT).
O próprio Movimento Estudantil também viu-se esfacelado, a partir da estratégia já prevista no Acordo MEC-Usaid de ampliação do número de matrículas no ensino superior por meio da expansão do ensino privado neste segmento, com a área pública deixando de ser a predominante em número de matrículas.
Com esse processo, a União Nacional dos Estudantes (UNE) acabou perdendo o peso ideológico que possuía no passado. Esse esvaziamento da esquerda também agravou-se com o próprio desmoronamento do bloco Soviético,  a partir da queda do Muro de Berlim, em 1989.
O quadro político estabelecido com a normalidade democrática virou um embate no qual há pouco espaço para as ideias. O cenário atual do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff é prova cabal disso.
A discussão se dá em termos de ofensas pessoais e não de argumentos e as próprias instituições perdem em força, sendo alvo, com seus membros de todo tipo de ridicularização, tanto pela chamada direita como pela esquerda, em uma espécie de moeda da mesma face, na qual a tônica é o pensamento rasteiro e medíocre, geralmente, calcado em ofensas e palavrões.
O baixo nível educacional da sociedade brasileira, torna-se, com isso, campo fértil para aventuras autoritárias tanto à esquerda como à direita, nos aspectos mais abjetos das duas correntes, como as que resultaram no fascismo italiano ou no stalinismo russo.
Sem a melhoria do quadro educacional e cultural, o debate político continuará ocorrendo de forma rasteira, colocando em perigo a própria existência do regime democrático. MAURICIO FIGUEIREDO

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