Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Política em Araruama - *Carlos Ney



UMA SENHORA CANDIDATA - A aparição em propaganda política veiculada em televisão, pela ampliação que permite dos horizontes de uma campanha municipal, pode ser definitiva. Tanto pelos acertos quanto pelos erros. No tempo atual, em face da qualificação da imagem que é gerada, é inadmissível que, pela redução de custos, se exponha alguém, sem o devido anteparo de profissionais capacitados. Sob pena de obtenção de resultados inversos. Existe um abismo separando o real do candidato ideal. Virtudes a serem destacadas e defeitos que precisam ser, pelo menos, minimizados. Em termos de conquista do eleitorado e em face do imediatismo, a forma é mais importante do que o conteúdo. A presença da mulher na política, disputando de igual para igual os espaços, ainda não é realidade absoluta. No México, por exemplo, a lei obriga que 50% das candidaturas seja feminina. Nada mais lógico, sendo elas metade da população. Mas, lá como cá, por mais candidatas que surjam, permanece a supremacia numérica de homens eleitos. E isso acontece, numa avaliação simplista, porque as mulheres, preferencialmente, não votam nas mulheres. E essa tendência precisa ser revertida, caso se pretenda um mundo mais justo. Existem casos pontuais, referindo-se a prefeitas, governadoras e até presidente. Mas, no geral, eram mulheres de políticos já vitoriosos, repetidoras das velhas práticas. No caso brasileiro, a mulher foi avalizada por seu criador (mentor político), como a pessoa certa para sucedê-lo. Em Araruama, vi, ontem, a aparição da deputada estadual Marcia Jeovani, em propaganda partidária. Inegável o trabalho feito, no sentido de transformá-la. Não é mais a caloura "atrevida". Boa presença, simpatia, discurso claro, mostram quem é, agora. Apesar de alguns raros encontros, não conheço a deputada. Convidado por Arlindo Caetano (falecido pouco tempo depois), eu a entrevistei, para matéria de capa do jornal Correio da Cidadania, pouco antes de sua eleição para a ALERJ. Faço essa distinção entre o antes e o depois. Claro que, ao falar da imagem, não faço qualquer julgamento sobre o conteúdo. Fosse a deputada, por qualquer circunstância, candidata ao cargo hoje ocupado por seu marido, ela estaria numa terrível "saia justa". Viria com um discurso de mudança, criticando os malfeitos e os não feitos, ou como mera continuadora, tendo que elogiar os feitos, mesmo que não tantos, e os malfeitos? Por mais igualdade que pretendamos, é indiscutível que a mulher atrai o olhar, de forma única. E a simpatia é grande aliada do convencimento. E para aqueles que menosprezam o fato de que, "apenas" por serem mulheres, as ainda poucas candidatas a cargos majoritários poderiam ser eleitas, eu respondo que não "apenas" mas também.

*Carlos Ney é jornalista e escritor

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