Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Mundo da Política - * Carlos Ney

Carlos Ney                                 

FALTOU SER DITO - É clara a interferência do Supremo, mais uma vez, proclamando-se sobre o Legislativo. Independentemente do fato de "tornar inelegível" o segundo na linha sucessória, sendo Temer o primeiro, por conta de tudo e mais um pouco, o ato pode ser interpretado como em defesa do interesse corporativo, visto que, num eventual afastamento do vice que poderá ser presidente, assumiria um supremo Juiz. Complicador, ainda é o fato de que, pelos mesmos motivos, a denúncia encontrava-se em estudo pelo relator, desde dezembro. Na madrugada do dia determinado para apreciação de recurso, pela REDE, com a velocidade da luz, o juiz relator, acolhe a denúncia. Para o governo, cuja cartola está esvaziada de argumentos, é a comprovação de que Cunha, sendo o que sempre foi, deve ser "cassado retroativamente". Ao mostrar-se acima do legislativo, o que impediria, por exemplo, a aceitação das esfarrapadas contestações do AGU/advogado de defesa pessoal, e anular qualquer das duas fases, Câmara e Senado, do processo de impeachment? Outro fato a ser salientado, é a existência de uma representação contra Temer, adormecida na gaveta de Cunha e que, por decisão do ministro Marco Aurélio, deverá ser submetida ao plenário. O Maranhão, confessadamente liderado de Cunha, fará o que com ela? Tendo sido "convencido", após reunião com Lula, a contrariar-se e votar contra o sim do impeachment, mostrou ser um cara flexível. Dele, portanto, poderá esperar-se tudo; ou nada. Após passar pela comissão, com ampla maioria e considerando-se a confirmação dos pouco mais de vinte votos contra o quase todo mundo, a novela promete um final já sabido. Que será, na verdade, o começo de outra novela. Ou alguém acredita que os decapitados, cujo poder imunizou contra a miserabilidade que plantaram em todo o país, aceitarão, como justiça, a sentença de morte que receberão?

* Carlos Ney é jornalista e escritor

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