Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O dia em que os professores prenderam a governadora





Quando você pensa que já viu tudo, algo de novo acontece. Na quinta-feira, 16 de julho, os professores ligados ao Cpers-Sindicato, no Rio Grande do Sul, cercaram a casa da governadora Yeda Crusius e impediram que ela saísse, juntamente com seus netos que iriam à escola.
Inconformada, a governadora bateu boca com os professores (foram cerca de 200 manifestantes) e acusou-os de “torturar crianças”, pois os netos não podiam sair de casa para irem à escola.



O protesto, conforme registrou o jornal Zero Hora, começou por volta das 7h30 e surpreendeu a Brigada Militar. “Dezenas de manifestantes organizados pelo Cpers-Sindicato se reuniram em frente à casa de Yeda, na Rua Araruama, no bairro Vila Jardim, na Capital. Por uma hora, gritaram em favor do impeachment dela. Plantaram uma réplica de uma escola de lata, em referência às salas que funcionam em módulos semelhantes a contêineres. A ideia era comparar as escolas de lata com a casa da governadora, cuja compra é alvo de suspeitas. Sustentavam faixas com “Fora Yeda” e levantavam suspeitas sobre a compra do imóvel.”




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O desabafo da governadora


Em entrevista ao programa Atualidade, da Rádio Gaúcha, a governadora Yeda Crusius (PMDB) chamou os líderes da manifestação de truculentos e violentos: "A violência e o absurdo são tão grandes que só posso responder pela cena dos meus netos, que, acordando na hora certa, tendo feito seus temas um dia antes, se preparado para as provas de hoje (ontem), crianças de oito e 11 anos saem chorando de casa para poder ir à aula. Esses falsos professores, porque não são professores. Professor não tortura criança. Eles podem fazer manifestação no palácio, sempre puderam. Xingar na frente de crianças que estão se preparando para ir para a aula é demais. Essa passou dos limites."

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A explicação da sindicalista

A presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, que foi algemada e arrastada pela policia, disse que quebrou um dente. Ela declarou ao jornal Zero Hora que “Fomos fazer uma manifestação pacífica. Levamos um símbolo da política da governadora, que é a escola de lata. Fomos empurrados, agredidos. Quando havíamos terminado o ato houve uma ordem para que os brigadianos me prendessem. Caímos no chão e eu fui arrastada e algemada. Acabei me machucando nas mãos, nas costas e quebrei um pedaço do meu dente. O que mais atingiu a governadora é que fomos mostrar a mansão que ela comprou e fizemos um comparativo com as escolas de lata. Há uma repressão no Estado. Um governo envolvido em denúncias de corrupção e que tenta calar a voz do movimento. É uma governadora autoritária, que não dialoga e negocia.”

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O que são as escolas de lata ?


As escolas de lata são uma construção improvisada pelos governos, no sentido de colocar alunos em sala de aula devido à falta de vagas nas escolas existentes. Elas são constituídas de módulos revestidos externamente por chapas metálicas e, internamente, por PVC ou compensado, com portas, janelas e instalações elétrica e/ou hidráulica. Por fora, as estruturas são assemelhadas aos contêineres. No Rio Grande do Sul, das 2.600 escolas estaduais, cinco funcionam como escola de lata.


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O que disse a Brigada

O comandante da BM, João Carlos Trindade, disse que houve tentativa de forçar as grades da casa de Yeda, negou excessos e admitiu falha da Brigada ao não prever a ação. Segundo o delegado Alexandre Vieira, cinco manifestantes foram indiciados por desobediência. A vereadora Fernanda Melchionna (PSOL), também detida, não foi indiciada por faltar clareza na sua atuação.

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Educação gaúcha

O confronto entre professores e governantes tem sido uma tradição no Rio Grande do Sul, nos últimos anos. No governo Pedro Simon (1987-1990), o magistérrio gaúcho totalizou 203 dias de greve.

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Algumas perguntas do blog

Por acaso, onde estudam os netos da governadora do Rio Grande do Sul? Por que, a escola pública brasileira vem sendo sucateada pelos mais diferentes governos nos diversos estados brasileiros?

Por que, ao contrário de outros países, a educação brasileira não ocupa um papel estratégico para o verdadeiro desenvolvimento do país e enriquecimento de seu povo?

Por que, os profissionais da área de educação possuem os mais baixos salários, comparativamente a outros servidores públicos?

Como admitir que crianças sejam colocadas para estudar em escolas de lata (temperatura elevada no verão e extremamente fria no inverno). Seria o caso de se convocar o "Serviço de Proteção aos Animais"?

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