Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

terça-feira, 7 de julho de 2009

As meninas do Brasil: Lygia e Maitê






“Três meninas do Brasil, três corações democratas

Tem moderna arquitetura ou simpatia mulata

Como um cinco fosse um trio, como um traço um fino fio

No espaço seresteiro da elétrica cultura”

(Moraes Moreira)



“As Meninas” é o título de um consagrado romance de Lygia Fagundes Telles. A escritora havia autorizado a sua adaptação para o teatro por Maria de Adelaide Amaral. Acontece que a atriz e autora Maitê Proença, em parceria com Luiz Carlos Góes, saiu na frente e lançou o seu espetáculo no Teatro Lauro Alvim.

A acadêmica Lygia protestou, Maitê disse que tentou mudar o título, mas não teve tempo hábil. Justificou que antes dela a escritora Louise May Alcott já havia escrito “As meninas”.
Maitê em um artigo pede para que Lygia não fique brava com ela.

Como na canção de Moraes Moreira, aqui não são três meninas, mas duas que se desentenderam. Será um desentendimento passageiro, pois todos saberão diferenciar “As meninas” de Lygia, das “As meninas”, de Maitê.

No caso dessas duas belas “meninas do Brasil”, há espaço suficiente. Lygia Fagundes Telles é bela em pessoa e em tudo o que escreve, sendo um dos melhores textos em plano mundial, enquanto Maitê Proença é a expressão viva da beleza da mulher brasileira, mas que não faz da beleza a sua única fonte de riqueza e brilha como atriz e escritora.

Lygia escreveu o brilhante “A disciplina do amor”. Depois do entrevero, certamente que as duas meninas do Brasil, democraticamente e disciplinadamente, se abraçarão, dando a todos os nós o máximo de “meninas” para nos deliciarmos.


“Quando o povo brasileiro viu Irene dar risada

Clementina no terreiro restaurando a batucada
Muito além de um quarto escuro, nos olhos da namorada
Eu sonhava com o futuro das meninas do Brasil”

(Moraes Moreira)

Um comentário:

  1. mas e a questão da ética, como fica? se bem me lembro Lygia escreveu seu romance na década de 70. E se alguém resolver escrever um espetáculo de teatro com o título "Menino do Engenho", o que acharia José Lins do Rego? Mesmo que as histórias não tenham nada a ver... Esse é uns dos maiores probemas do Brasil, a falta de ética... Enfim...

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