Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

domingo, 13 de dezembro de 2015

Defensoria

VEP identifica pelo menos 90 presos de altíssima periculosidade na lista
Em entrevista coletiva no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) na sexta-feira, dia 11, o titular da Vara de Execuções Penais (VEP), juiz Eduardo Oberg, rebateu as declarações da Defensoria Pública do Rio sobre a demora na análise de 5 mil pedidos de concessão de benefícios para presos do estado, o que motivou o ajuizamento de habeas corpus para apreciação dos casos. O magistrado afirmou ter recebido os requerimentos no dia 7 de novembro, quando começou a estudar cada caso. Do total de pedidos feitos pela Defensoria, em que nem a metade foi completamente analisada, a VEP já contabilizou 90 presos de altíssima periculosidade presentes na lista que podem vir a ganhar liberdade.
O juiz Eduardo Oberg considerou o ato como “juridicamente e politicamente equivocado” porque, segundo o magistrado, visa ao caos, soltando pessoas que ainda não têm condições de voltar ao convívio social. “Analisar cinco mil pedidos de benefício não é uma coisa simples. Para conceder benefícios, os juízes precisam analisar uma série de coisas, como lapso temporal, exame criminológico, se o preso cometeu faltas graves durante o último ano de cumprimento da pena, além dos enquadramentos nos requisitos. É evidente que precisamos respeitar os Direitos Humanos, mas tem que prevalecer o devido processo legal. Não posso conceder habeas corpus sem saber quem é o preso, consultar a unidade prisional, a Secretaria de Administração Penitenciária, a Secretaria de Segurança e, claro, ouvir o MP, que parece que foi esquecido nesse processo todo. Não é simplesmente pedir”, explica o magistrado.
De acordo com o juiz Oberg, a VEP recebe de 35 a 40 pedidos de habeas corpus por dia, independente dos requerimentos enviados pela Defensoria Pública. O prazo normal para análise de concessão de benefícios é de 10 dias, mas neste caso excepcional a VEP solicitou mais tempo às Câmaras Criminais do TJRJ. “Esses cinco mil habeas corpus estão sendo distribuídos a 40 desembargadores criminais. Eu confio no meu tribunal, no meu presidente e nesses desembargadores que, após analisar os casos, deverão ter o mesmo entendimento que eu”, ponderou o magistrado.
O juiz titular da Vara de Execuções Penais disse que a Defensoria parece desconhecer o funcionamento da VEP ao fazer requerimentos deste tipo e ressaltou a violência no Rio de Janeiro. “Dizer que está atrasado e não vai ser examinado é um argumento sem seriedade, que demonstra não conhecer o funcionamento da VEP. Dizer que soltar presos ou progredi-los de regime vai gerar ao estado uma economia de R$ 5 milhões não deve ser argumento. O Rio de Janeiro vive um momento de grande criminalidade e não podemos colocar presos perigosos na rua”, destacou o juiz Oberg, que questionou os critérios levados em consideração pela Defensoria na elaboração da lista de presos.
Ainda segundo o juiz, muitos habeas corpus já estão sendo indeferidos pelas Câmaras Criminais. O prazo para análise dos 5 mil pedidos vai depender da situação jurídica de cada preso.


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