Por Carolina Medeiros, especial para a Agência USP de Notícias
carolinafmedeiros@yahoo.com.br
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A Região Amazônica Brasileira é a maior área endêmica do mundo para a ocorrência da infecção pelo vírus HTLV-1. O HTLV é um retrovírus da mesma família do HIV, que infecta a célula T humana, um tipo de linfócito importante para o sistema de defesa do organismo. A constatação é feita em pesquisa que acaba de ser publicada na última edição da Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (nº57, vol.1) (http://is.gd/T99g3I). O estudo mostra que é constante a presença do vírus HTLV-2 entre os indígenas do Brasil.
Existem dois tipos do vírus, o tipo 1 e o tipo 2, o primeiro é o vírus causador de doenças que comprometem o bom funcionamento da medula espinhal, infecções neurológicas dermatites infecciosas, além de outras alterações inflamatórias. Já o tipo 2 é associado à diversas doenças neurológicas. E conforme aponta o estudo, “no continente americano o HTLV-1 teria mais de uma origem, sendo trazido na era paleolítica pelos imigrantes através do estreito de Bering, pelo tráfico de escravos no período colonial e com a imigração japonesa a partir do início do século 20”.
Ainda de acordo com a pesquisa, a prevalência da doença em tribos indígenas não ocorre somente no Brasil. Nos EUA, 37% da população indígena (5,2 milhões) apresentou contaminação pelo HTLV do tipo 2, no caso do Panamá, 48,1% da população apresentou contaminação. Nos países da América do Sul, a maioria vive na Bolívia (62%) e na Guatemala (60%).
Ainda sobre o Brasil, o estado com maior incidência da doença é o Amapá, que teve aproximadamente 80% de sua população indígena atingida pelo tipo 2 da doença. Vale ressaltar que no Brasil, HTLV não é considerado um problema de saúde pública e, assim, tem sido amplamente negligenciado. Além disso, o HTLV ainda é pouco conhecido e estudado, porém nas dimensões em que se apresenta na sociedade faz dessa doença uma ameaça à saúde pública.
Ainda sobre o Brasil, o estado com maior incidência da doença é o Amapá, que teve aproximadamente 80% de sua população indígena atingida pelo tipo 2 da doença. Vale ressaltar que no Brasil, HTLV não é considerado um problema de saúde pública e, assim, tem sido amplamente negligenciado. Além disso, o HTLV ainda é pouco conhecido e estudado, porém nas dimensões em que se apresenta na sociedade faz dessa doença uma ameaça à saúde pública.
O artigo destaca que a primeira descrição de infecção pelo HTLV entre os povos indígenas brasileiros aconteceu em 1990, em um estudo sobre a prevalência do vírus em algumas populações humanas em risco. E a população indígena Nakauchi relataram 39% de positividade para HTLV-1 no soro de 82 pessoas, e Mekranoiti
20%, em 55 índios Tiriyó do Pará.
20%, em 55 índios Tiriyó do Pará.
Confirmação
Estudos subsequentes mostraram, o que a atual pesquisa só veio confirmar, que o HTLV-2 é predominante entre a população indígena brasileira. E foram estudos de 1995, os primeiros a indicarem as 26 comunidades indígenas onde estavam concentradas as principais incidências do vírus. Estas comunidades são distribuídas nos estados do Maranhão (Urubu-Kaapor), Amapá (Galibi, Palikur, Wayampi), Amazonas (Yamamadi), Roraima (Yanomami), Rondônia (Cinta Larga), Surui, Karitiana) e Pará (Wayana-Apalai, Tiriyó, Assurini Kuatinemo, Assurini Trocará, Zoé, Arara Laranjal, Arara Kurambê, Arara, Iriri, Araweté, Parakanã, Munduruku e Kayapó seis tribos diferentes).
Estudos subsequentes mostraram, o que a atual pesquisa só veio confirmar, que o HTLV-2 é predominante entre a população indígena brasileira. E foram estudos de 1995, os primeiros a indicarem as 26 comunidades indígenas onde estavam concentradas as principais incidências do vírus. Estas comunidades são distribuídas nos estados do Maranhão (Urubu-Kaapor), Amapá (Galibi, Palikur, Wayampi), Amazonas (Yamamadi), Roraima (Yanomami), Rondônia (Cinta Larga), Surui, Karitiana) e Pará (Wayana-Apalai, Tiriyó, Assurini Kuatinemo, Assurini Trocará, Zoé, Arara Laranjal, Arara Kurambê, Arara, Iriri, Araweté, Parakanã, Munduruku e Kayapó seis tribos diferentes).
Os autores encontraram HTLV-2 para estar presente em 17 das 26 comunidades, fornecendo evidências de que a região amazônica do Brasil é o mais endêmica área no mundo para o HTLV-2. Sobre a incidência do HTLV-1 a presença está limitada a cinco indígenas: um Galibi (Amapá), três Yanomami (Roraima), e uma Kayapó da aldeia de Aukre (PA).
Além de apontar dados sobre a doença em populações indígenas, os pesquisadores buscam fazer um alerta sobre essa doença pouco estudada e divulgada. “A ignorância sobre o vírus aumenta muito o risco de transmissão. A comunidade indígena deve ser adequadamente informado sobre os modos de transmissão HTLV e os riscos associados ao aleitamento materno e alimentação cruzada”, defendem os pesquisadores.
Além de apontar dados sobre a doença em populações indígenas, os pesquisadores buscam fazer um alerta sobre essa doença pouco estudada e divulgada. “A ignorância sobre o vírus aumenta muito o risco de transmissão. A comunidade indígena deve ser adequadamente informado sobre os modos de transmissão HTLV e os riscos associados ao aleitamento materno e alimentação cruzada”, defendem os pesquisadores.
Outro dado importante apontado pelos cientistas é que por se tratar de uma doença negligenciada no País, o HTLV não é considerado um problema de saúde pública; o que aumenta a incidência de casos. Diante disso, defendem a realização de eventos públicos para a disseminação do assunto e, por consequência, a conscientização da população e assim controlar os níveis da doença entre os povos indígenas e evitar a propagação entre a população em geral.
O artigo Origin and Prevalence of Human T- Lymphotropic Virus Type 1 (HTLV-1) and Type 2 (HTLV -2) Among Indigenous Populations in the Americas, tem como autores Arthur Paiva, da Universidade Federal de Alagoas, Hospital Universitário de Maceio, Alagoas, e do Instituto de Medicina Tropical (IMT) de São Paulo da USP, e Jorge Casseb, do IMT da USP.
Foto: Wikimedia Commons
Mais informações: Arthur Paiva, e-mail: arthurmpaiva@usp.br; Jorge Casseb, e-mail jcasseb10@gmail.com
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