Quando se fala em racismo brasileiro, é importante que se saiba já ter sido o “embranquecimento” da população brasileira, política nacional de Estado. A própria leva de imigrantes que ingressaram no país — com grande e relevante contribuição para a formação da nossa nacionalidade — fez parte dessa estratégia. Foram colonos presenteados com terras, em excelentes áreas de cultivo. Os negros libertos pela “Lei Áurea” foram largados a própria sorte, espalhados em sua maioria pela periferia das cidades, guetos e favelas, formando o maior quantitativo de presidiários do país (no sistema prisional não há política de cota. Lá o negro tem lugar reservado). A elitista política de prisão em separado para os criminosos de nível superior só agora começa a ser questionada no país. No mais, os negros e negras recebem os mais baixos salários no mercado de trabalho, ocupam as funções de menor relevância social e ainda tem sua cultura, religião e imagem denegrida.
A válvula de escape tem sido o samba e o futebol.
Sou descendente de italianos e poloneses. Meus bisavós eram lavradores e vieram em busca de melhores condições aqui no Brasil. Fizeram um longo percurso de navio e se instalaram em áreas inóspitas da serra gaúcha. Ninguém queria ir para lá, por sinal. Como eles, inúmeros outros imigrantes que ocuparam espaços vazios no Brasilnão tiveram a sorte dos poucos premiados com "excelentes áreas de cultivo". Foi uma vida muito dura, enfrentada sem condições materiais. Da mesma forma, os estudos históricos atuais mostram que vários negros alforriados tornaram-se também eles proprietários de escravos e reproduziram a lógica escravista em seus negócios. Por isso creio que reduz a historicidade e em nada contribui para a reflexão, o fato colocar negros oprimidos de um lado e brancos privilegiados de outro. Quanto à realidade, os indicadores privilegiam sobretudo os homens brancos numa visão de diferença social com preconceito não apenas de raça, mas também de gênero. Abs. Liseane
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