Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

NEYMAR: O BAMBA DO REGIMENTO

O empate-derrota do Brasil para o modesto Iraque serve de alerta para o técnico da seleção principal, Tite.
Nem mesmo na Era Pelé, tentou-se o endeusamento de um jogador como o salvador da Pátria, em termos de seleção brasileira.

Nos preparativos para a Copa do Mundo, em 1970, no México, Pelé (como acontecia com Zico no Flamengo) era um dos últimos a deixar o treinamento. No auge de sua fama, tendo conquistado tudo como jogador, aos 30 anos, poderia simplesmente ter declinado de participar da Copa.

Em 1958, nos campos da Suécia, quando encantou o mundo com apenas 17 anos, tendo sido coroado Rei do Futebol pela imprensa francesa, quando o Brasil detonou a equipe do astro Fontaine por 5 a 2, com três gols do menino-rei, Edson Arantes do Nascimento, ao longo de sua carreira, jamais se colocou como o "Bamba do Regimento", em detrimento dos demais companheiros, como agora vem se tentando fazer com outro garoto oriundo do Santos - Neymar Junior.



Fora da Copa de 1962, quando cedeu lugar a Amarildo, devido a uma contusão nas primeiras partidas, Pelé em 1966 sofreu novamente outra contusão ao ser cassado em campo. Por isso, ele via na Copa de 1970 a grande oportunidade de se consagrar com os companheiros diante dos aficionados do futebol, como o Rei do Futebol.

Em 62, Garrincha foi a grande estrela da equipe, mas não menos importantes o próprio Amarildo, Vavá, Didi e tantos outros. Na grande seleção de 1982 pontearam Cerezo, Falcão, Zico e Sócrates e sempre o conjunto foi levado em conta, o mesmo acontecendo na conquista de 1994 com o brilho de Romário e companhia. Mais tarde tivemos Ronaldo o Fenômeno, mas também com outros craques aparecendo para a equipe.

Agora, mediocremente, tentamos "fabricar" um novo rei, passando para os demais jogadores uma ideia de falta de importância e de comprometimento com o aspecto coletivo do jogo. Foi dessa forma que o aprendiz de técnico Micale, herdeiro da invenção que foi Dunga, entregou a Neymar a braçadeira de capitão e disse que ele decidiria a parada.

O que se viu contra o Iraque foi um bando de jogadores perdidos em campo, com cada um querendo decidir a partida de forma individual. Corações e mentes de muitos andam distanciadas do Brasil, sonhando com os cifrões da Europa e até mesmo da China.

Neymar, como um novo Jerry Lewis, não passou para si próprio e também para os mais novos que ele a ideia de um verdadeiro comprometimento com a equipe, enquanto Pelé e Zico viam o sol se por em campo, treinando jogadas e cobranças de faltas, o nosso Bamba do Regimento considerava normal ir treinar nas baladas da noite. Nada contra: Garrincha fugia da concentração para ir namorar. Só que no dia seguinte acabava com jogo. Mas aí é outra história... (Mauricio Figueiredo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário