Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

REFÉNS DA SUPREMA VONTADE - *Carlos Ney

- A Justiça pode, enquanto efetiva em sua soberania, ser dividida em dois? A ideia, mera teoria, de que, dividindo o poder em três partes, estaríamos, nós o povo, defendidos e respeitados, mostrou-se, na prática, ineficaz. O Legislativo submete-se, na troca por vantagens pessoais, ao Executivo. Isso acontece em quase todas as cidades. Isso mostrou ser usual, também, na Câmara dos Deputados e Senado, conforme denunciado pelo Mensalão e Lava Jato. Restaria, como último bastião da moralidade, o Judiciário, representado na mais alta Corte. Como, então explicar o descompasso entre as duas justiças brasileiras? Tudo o que se fez, em termos de aplicação da Lei, como reposta aos casos da corrupção institucionalizada, esteve personificado em Sergio Moro, da "República de Curitiba" conforme alcunhou o desbocado ex-presidente em diálogos pouco republicanos. Dependesse do juiz de primeira instância, assim pensamos todos os brasileiros que não foram abduzidos pela doutrina da estrela vermelha, existiriam mais políticos presos do que articulando em seus gabinetes. Mas há um manto protetor a blindar, aos olhos do Supremo, criminosos com mandato. A tal imunidade, leia-se impunidade, penalizando inocentes, nós o povo, e proclamando a clara mensagem de que, aos olhos dessa lei, todos são inocentes, mesmo que se prove o contrário. Existe algum político, denunciado pelo PGR, condenado pelo Supremo? Por que a presidente afastada, se estão claros os indícios de que a eleição dela, para um segundo mandato, foi adubada com dinheiro oriundo da corrupção, não está respondendo (também) por isso? A sabedoria, forjada no tempo, diz que a Justiça é falha quando tarda. É injusta quando acusa de crime e deixa pendente sobre a cabeça de um inocente a espada da culpa não comprovada. Em meio a esse ambiente degradado pela má política, que é a política que temos, o Supremo precisa, pela virtude de ses pares, agir como tal.

* Carlos Ney é jornalista e escritor

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