Pesquisa da Escola Superior Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, analisou os tipos de porta-enxertos mais resistentes à Morte Súbita dos Citros (MSC), doença que afeta o Limoeiro-Cravo (Citrus limonia Osbeck), porta-enxerto usado no cultivo de frutas cítricas. O estudo, desenvolvido na tese de doutorado do engenheiro agrônomo André Luiz Fadel, foi realizado na cidade de Colômbia, na região norte do Estado de São Paulo, uma das mais afetadas pela doença. O objetivo era buscar espécies ou seleções de porta-enxertos alternativas em relação ao uso do Limoeiro-Cravo para o cultivo de Laranjeira-Valência. A pesquisa concluiu que, entre os onze porta-enxertos pesquisados, dois deles apresentam maior potencial para o cultivo da laranja.
Uma das maneiras de se otimizar a produção de hortifrútis é por meio da enxertia, na qual a planta que vai produzir os frutos (copa) é fixada sobre outra (porta-enxerto), normalmente de outra espécie, para se adaptar às condições de clima e solo, além de ajudar a prevenir doenças. O Limoeiro-Cravo é um dos principais porta-enxertos da citricultura brasileira, no entanto, em 2001, foi constatada a suscetibilidade da espécie à doença MSC, de causas ainda desconhecidas, cujo sintoma característico é a cor amarelada, que tende ao alaranjado, da parte interna da casca do porta-enxerto.
A MSC causa rápida morte de citros, fazendo com que as raízes do porta-enxerto apodreçam, as folhas da copa percam o brilho e comecem a cair. Em algumas espécies, a planta já está morta, mas ainda há frutos de tamanho normal presentes. “A utilização de porta-enxertos tolerantes à MSC no cultivo de laranjeiras doces [C. sinensis (L.) Osbeck], até o momento, é a medida de manejo mais indicada”, comenta Fadel.
Porta-enxertosA pesquisa avaliou onze tipos de porta-enxertos, testados para a utilização no cultivo de Laranjeira-Valência. O estudo levou em conta, entre outros fatores, as características de produção e qualidade de fruto, desenvolvimento das plantas, tolerância à MSC e à seca. As diferentes combinações de copa e porta-enxerto foram implantadas em 2007 e o acompanhamento do desempenho horticultural destas árvores se estendeu por, pelo menos, seis safras agrícolas. “Os diferentes tipos de porta-enxerto avaliados são oriundos de um trabalho de melhoramento genético iniciado nos anos de 1980 pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Mandioca e Fruticultura, de seleções introduzidas de trabalhos anteriores de melhoramento na Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro (EECB), no interior de São Paulo, e outras, desenvolvidas na Esalq”, explica o pesquisador.
Entre os diferentes porta-enxertos avaliados, os híbridos tangerina Sunki x Poncirus trifoliata English (Citrus sunki (Hayata) hort. ex Tanaka x Poncirus trifoliata (L.) Raf) e citrange C-13 “S” (Citrus sinensis (L). Osbeck x Poncirus trifoliata (L.) Raf.) apresentaram potencial para o cultivo de Laranjeira-Valência, como alternativa ao Limoeiro-Cravo.
“Os resultados obtidos nesta pesquisa poderão contribuir para a definição de um novo padrão de distribuição de combinações copa e porta-enxerto de citros na região norte do Estado de São Paulo. Tais combinações poderão reunir características desejáveis para produção sustentável naquela região, incluindo alta produtividade e qualidade de frutos, tolerância à seca e à MSC”, conclui Fadel.
A pesquisa teve orientação do professor Francisco de Assis Alves Mourão Filho, do Departamento de Produção Vegetal da Esalq, e foi coorientado por Eduardo Sanches Stuchi, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Centro de Pesquisa da Embrapa. Para sua execução, o projeto contou com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a empresa Citrosuco S.A. Agroindústria, à qual pertence a Fazenda Muriti, em Colômbia, na qual o experimento foi realizado.
Foto: Divulgação / Esalq
Mais informações: email aluizfadel@gmail.com,francisco.mourao@usp.br
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