Caio Albuquerque, da Assessoria de Comunicação da Esalq
imprensa.esalq@usp.br
No Programa de Pós-graduação em Recursos Florestais da Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, a
engenheira florestal Carine Klauberg analisou os fatores bióticos e
abióticos que afetam o desenvolvimento das plantas, a produtividade e os
processos de manejo das fibras do cipó-titica (Heteropsis spp.) e do óleo resina de copaíba (Copaifera spp.).
As duas espécies são alternativas econômicas das populações
extrativistas que vivem na amazônia, utilizadas como matérias-primas de
produtos florestais não madeireiros. O objetivo é que as populações
melhorem a compreensão sobre a ecologia das espécies e ajudem a
aprimorar as práticas de manejo sob as óticas ambiental, econômica e
jurídica.
De acordo com o estudo, que foi orientado pelo professor Edson Vidal,
do Departamento de Ciências Florestais (LCF) da Esalq, para estas duas
espécies ainda há lacunas que precisam ser entendidas para que o manejo
seja melhorado. “Além disso, é preciso introduzir novas formas de
extração para que a oferta seja contínua e a permanência dessas espécies
seja garantida na floresta”, reforça Carine. O projeto foi realizado em
área de floresta natural administrada pelo Instituto Floresta Tropical
(IFT), no município de Paragominas (PA). “Foram utilizados dados de
campo já coletados de 2006 a 2009, assim como uma extensiva coleta de
campo de mais informações nos anos de 2011 e 2013”, relata a autora da
pesquisa.
No caso do óleo de copaíba, foram selecionadas amostras de 118
copaibeiras e foi avaliada a produtividade física (óleo resina), e
monetária (valor presente líquido), ao final de cada ciclo (de 1 a 5
anos). Já para cipó-titica a pesquisa analisou a produtividade em
relação à quantidade e qualidade de suas raízes, após dois anos da
extração destes, com intensidades de corte de 50% e 100%, em áreas
amostrais de 9 hectares (ha). “Também em outras áreas florestais foi
inventariada, em 18 ha, outra população de cipó-titica, e testados
métodos de amostragem que providenciassem uma maior eficiência, menor
erro amostral e melhor estimativa de produção por área; e, também, a
distribuição espacial da produção de cipó-titica com relação aos
hospedeiros”, revela Carine.
Extração e produção
Como resultado, no caso da copaíba, a probabilidade de produção de óleo
resina está relacionada ao diâmetro, à presença de pragas, à qualidade
do fuste/copa e às espécies. Segundo Carine, a produção também esteve
relacionada com o ciclo e a extração, sendo que os ciclos de três anos
mostraram-se mais viáveis, tanto na perspectiva monetária quanto de
produção. “Referente às espécies, a Copaifera reticulata proporcionou
maiores produções média de óleo resina por árvore, além na menor
proporção de árvores mortas ou ocadas, quando comparadas com Copaifera
duckei”, complementa.
Para o cipó-titica, o ciclo de manejo de até dois anos e extrações
das raízes comerciais acima de 50% demonstraram não serem viáveis para
garantir a produtividade e a qualidade das raízes. Em paralelo, os
indivíduos de Heteropsis apresentaram um baixo crescimento médio mensal.
“Em relação à distribuição deHeteropsis, observam-se agrupamentos e
moderada dependência espacial, possivelmente relacionada com os
hospedeiros”.
Carine lembra que o óleo resina tem potencial medicinal, como
destaque o uso como anti-inflamatório e cicatrizante, e a fibra de
titica altamente resistente e de fácil trabalhabilidade. “Na amazônia,
as pessoas usam esses produtos no próprio consumo ou como moeda de troca
por outros produtos ou ganho monetário”, ressalta. “Porém, para que as
extrações destas matérias-primas ocorram de forma sustentável, ou seja,
que ao passar dos anos seja possível a obtenção destes de forma
produtiva e de qualidade, o processo de manejo precisa ser adequado para
cada situação e espécie”.
Além de proporcionar a melhoria das práticas de manejo adotadas por
populações extrativistas, a autora reforça que seu estudo, que teve
apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp),
pretende contribuir com a criação ou a melhoria da legislação pertinente
com relação ao manejo destas duas espécies. Na esfera acadêmica, parte
do trabalho desenvolvido por Carine Klauberg acaba de ser publicado na
revista Agricultural System, com o artigo Determining the optimal harvest cycle for oleoresin production of copaíba (Copaiferaspp.).
“Outros artigos estão sendo preparados para divulgar nossos resultados,
além de manuais sobre as práticas de manejo de Heteropsis spp. e
Copaifera spp.”, afirma.
Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP
Mauricio Figueiredo
Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera
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