Fui com meu pai, em um Primeiro de Maio, com portões abertos, entre Santos e Flamengo, no Maracanã, já no regime militar em 1964.
O Santos vinha com Pelé-Coutinho e todo o seu timaço. O Flamengo, como acabou sendo comum ao longo da história, nem sempre possuía grandes jogadores, mas, empurrado pela torcida todos se superavam e cresciam em campo. Se não me engano, o jogo terminou empatado em 2 a 2, com gol de Airton no finalzinho do espetáculo.
O Maraca estava lotado e como se dizia na época e ainda agora "de graça até injeção na veia". A coisa fora armada para despertar a simpatia do povão. Mas este como ocorre quase sempre passava ao largo das artimanhas da politicagem.
Antes da bola rolar, o alto-falante do Maracanã anuncia solenemente: "Senhoras e senhores, com a palavra o excelentissimo ministro do Trabalho Arnaldo Sussekind". O silêncio era completo.
O ministro na Tribuna de Honra inicia sua falação: "Trabalhadores, dias como esses só com a democracia".
E não falou mais nada, pois o Maracanã em peso explodiu com uma imensa vaia. Meu pai era getulista e eu adolescente acompanhei o relator. (Mauricio Figueiredo)
Mauricio Figueiredo
Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera
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