Um dia desses vi um vídeo de uma partida de futebol, na qual o atacante arranca com a bola em direção à área e aparentemente é travado pelo defensor, dando o tradicional mergulho. O árbitro sem pestanejar corre para a marca de cal (hoje não usam mais), marcando o pênalti que a todos parece indiscutível. Então, para surpresa geral, o atacante levantando vai em direção ao árbitro e diz que não houve nada que ele esbarrou na corrida na perna do zagueiro e por isso que caiu.
Automaticamente, diante da confissão insólita o juiz anula a marcação e manda o goleiro dar o tiro de meta. Jogadores do time adversário vão em direção ao atleta para cumprimentá-lo pela honestidade, enquanto seus colegas o olham meio sem jeito, mas sem esboçar reação de decepção.
No jogo da vida, nos acostumamos com a regra do "levar vantagem em tudo". Muitas vezes fechamos os olhos para os nossos erros e para os dos que são próximos, ou seja, os do nosso time e caímos de críticas fortes aos nossos adversários diante de qualquer deslize que cometam. No próprio mundo do esporte sorrimos diante da história do nosso brilhante Nilton Santos, que em uma partida do Mundial deu dois passos à frente, fazendo com que o juiz distante do lance ao chegar próximo não marcasse o pênalti em favor da Espanha. Na ocasião, um pênalti contra o Brasil poderia nos custar a conquista da Copa. Talvez não, pois possuíamos um timaço. Mas o lance até hoje é lembrado e exaltado por quase todos. Já um lance no qual um jogador francês marca um gol de mão garantindo a classificação para a Copa e a eliminação do adversário é olhada com severidade por muitos, condenando-se a desonestidade. A mão santa de Maradona, nas quartas de final, em uma Copa do Mundo, eliminando a rival e até tida como inimiga Inglaterra por causa da Guerra das Malvinas também é olhada com opiniões divergentes.
Como seria o mundo caso a honestidade prevalecesse? A tão comum prática da cola nas escolas seria algo factível? Ou seriam os pequenos delitos aprendizados para os grandes delitos de nosso mundo no qual é preciso levar vantagem em tudo.
Delitos que vão desde inventar que um pretenso inimigo está fabricando uma arma nuclear como fórmula de garantir a sua invasão ou no caso brasileiro, o assalto arrasador aos cofres públicos na confiança de que no fim de tudo, caso descoberto tudo terminará em pizza.
Se o ato do jogador que informou ao árbitro da inexistência do pênalti marcado fosse comum, em vez da até certo ponto vergonhosa delação premiada tivéssemos os criminosos comparecendo livremente e confessando seus erros. Ou então o delator preferisse apenas assumir os seus erros deixando de lado os dos demais, de acordo com suas consciências.
Mas isso é pedir de mais, em um mundo que desde a infância ensinamos nossas crianças que o fundamental é "vencer a qualquer preço". (Mauricio Figueiredo)
Mauricio Figueiredo
Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera
quinta-feira, 4 de agosto de 2016
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