Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

TODOS JUNTOS NA MESMA EMOÇÃO - *Carlos Ney

 Belém, um caso de amor incondicional, tem sido escala obrigatória nas minhas viagens ao Norte. Hoje como ontem Qual outra, senão ela, propiciaria inesperado retorno aos velhos dias? Pelas mãos de meus pais, na avenida de mesmo nome. Pela mágica da memória, presente e passado uniram-se ao som das bandas marciais. 7 de setembro. Da sacada do hotel, acompanho a parada militar. A Avenida Presidente Vargas, Centro de Belém, está tomada pelo povo. Entre os cordões de isolamento que se estendem de ponta a ponta, sob o sol inclemente da manhã, marcham nossos soldados, homens e mulheres, jovens em sua grande maioria, aclamados por parentes, amigos e curiosos dos brasis deste nosso "continente". Confesso que, por conta dos anos de chumbo, os conceitos de Pátria e organismos militares (oficiais e clandestinos), deturpados pelo exercício de uma ilegalidade sem limites, deixaram de merecer meu respeito, quando abrigaram cárceres de torturas. Amigos, jovens como esses que hoje assisto, orgulhosamente envergando a farda que os define, passaram por essas masmorras. Seis deles, acusados de subversão (um termo depreciativo que poderia ter significados múltiplos), desapareceram.Julgados e condenados por quem era juiz e carrasco. Evidentemente que, e essa diferenciação deve ser ressalvada, ideologias exóticas (China, Rússia e Cuba, principalmente), armaram braços brasileiros, visando a instalação, em nossas praias, de paraísos de escravidão. A utilização das Forças Armadas em contextos impróprios, seja na política ou executando serviços de polícias, apenas as depreciam. No momento em que me vejo reconciliado com o Exército (Marinha e Aeronáutica também), formulo meu voto aos céus para que a política, que hoje é o exercício inverso da prática democrática, resolva, ela mesma os problemas por ela criados. E que eu, você, nossos filhos e os filhos deles, não tornemos a ver, como um dia eu vi, nossa bandeira servindo de mortalha para brasileiros vítimas de irmãos brasileiros.

*Carlos Ney é jornalista e escritor




Nenhum comentário:

Postar um comentário