- Só para me ajudar, o Face bloqueou meu acesso. Detectou q, se eu não estava onde ele achava q eu deveria estar, evidentemente, naturalmente, obviamente, q eu não era eu e mudou a fechadura, deixando-me do lado de fora. Juro q eu não contava com tamanha astúcia. Como reclamar de inconvenientes causados se, entendam, era só para me ajudar? Coisa simples, dirão os iniciados nas artes e manhas tecnológicas. Pensei, no meu desespero de míope cibernético, em pedir ajuda ao Renan Berenger, Marcos Serpa, Alex Raposo, Lucio Artur... Só q eu estava impedido de entrar no meu cubículo virtual. Incomunicável. Algumas preces depois, todas dirigidas a Santo Elesbão, protetor dos desprovidos (eufemismo para antas tecnológicas), resolvi trilhar o árduo caminho dos cadeados de segurança. O Face, com a ingenuidade dos evoluídos, mostrou uma galeria de "amigos", como se, dentre os mais de 300 "amigos" q por aqui brotaram, a grande maioria de surdos, mudos e invisíveis, eu pudesse nomeá-los. Se eu não os conheço, como reconhecê-los? O sorriso escancarado da Regina Regina Celly, me salvou. Depois veio a Jaida Mundim. Pulei a Marília Gabriela abraçada ao Padre Marcelo Rossi (?) e cravei (no bom sentido, Marquinhos) 0 Marcus Vinicius Ferreira. Passada essa barreira, só para me ajudar, o Face mandou q eu escolhesse uma nova senha. Teria q ser tão secreta, tão secreta, q jamais poderia ser detectada por espiões intergalácticos. Problema resolvido, Face. Esta, eu garanto, é senha inexpugnável. Agora, estou aqui, diante desse teclado, enquanto passam as horas - horas pagas, é bom q se diga - sabendo q esta pode ser minha última chance de estar conectado. Eu esqueci a merda da minha nova senha.
*Carlos Ney é escritor e jornalista
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