Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

A DAMA QUE SAIU DA HISTÓRIA PARA CAIR NA VIDA - * Carlos Ney


Alguém, por certo dotado de extrema sabedoria (talvez eu mesmo, quem sabe?) afirmou, com a ênfase dos convictos, que "a arrogância é a pele dos medíocres". Depois de se impor como candidata natural a reassentar-se numa cadeira que só lhe foi estendida porque assim exigia o presidente. Ele que, antes dela, eleito e reeleito, após mandato de contínuos oito anos, ostentava índices de popularidade dificilmente superáveis. incapaz de abrir mão de seu interesse, mesmo em favor de quem a construiu, a dama, com artifícios claros e obscuros, elegeu-se de novo e, assim, conseguiu, por esforço próprio, fazer cair das alturas, uma estrela fulgurante. O maior partido político da América do Sul, que graças a uma ousada captação de dinheiro, alcançou tamanho poder, tornando-se governo (os limites de um e do outro misturaram-se a ponto de confundirem-se) que, por "atração magnética", veio a aprisionar a quase totalidade dos demais partidos em sua órbita, foi sendo desconstruído, tijolo a tijolo. Primeiro por Roberto Jefferson, ao apontar o dedo para o segundo em comando, José Dirceu, acusando quadrilha e chefe. De acordo com os especialistas, a primeira onda da tsunami é simples marola. A Lava Jato completou o estrago e gerou a pergunta um dia feita: - "É uma quadrilha formada por políticos ou um partido formado por bandidos?" A legenda, dessa forma, passou a sofrer abalos diários em sua estrutura, com as manchetes devastadoras que se multiplicavam. Estivesse Lula no comando, talvez, a resistência interna salvaria a legenda. Qualquer um, menos medíocre, perceberia os sinais de alarme, na plena convicção de que, apenas sendo governo, não sucumbiriam. Porque, se antes apregoavam a lógica de que tudo o que havia de bom era obra deles, outros a usariam contra eles, quando tudo que agora havia de ruim era obra deles. Mas a Dama, com o nariz empinado das divindades, tratava o mundo como feudo e a todos como vassalos. Agora, expulsa de um cargo que jamais soube exercer, com a mesma competência com que assinou, sem ler a documentação, a compra da Refinaria de Pasadena (caso que, um dia julgado, demonstrará mais um crime de responsabilidade), talvez a operação financeira mais lesiva aos cofres públicos e que se somou aos outros tantos GOLPES sofridos pela Petrobras (que foi do teto ao chão, com a governança petista), Dilma, a seu favor, dirá, que o partido que tinha estrela foi quem a fez. Não cabendo, portanto, a qualquer outro, a culpa pelas consequências.
Hoje, apesar do discurso raivoso, ela representa apenas a ela mesma. É peso morto no partido que sabe exatamente a quem culpar. Como cadáver, poderá até ser útil, na exposição em palanques de pequenos centros urbanos desses nossos cafundós, ajudando candidatos capengas. No entanto, com a possibilidade do impedimento de Lula, por conta dos desdobramentos da Lava Jato, ela exigirá, para si, a candidatura pelo partido. Porque, depois de ser, numa mesma vida, duas vezes presidentA, nada menos irá satisfazer seu ego.
*Carlos Ney é jornalista e escritor

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