Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

terça-feira, 31 de março de 2009

O Ateneu

A produção literária de Raul Pompéia vai muito além de O Ateneu, a quem a crítica tradicional costuma se dedicar, como comprova Marciano Lopes e Silva, ao analisar contos, poemas em prosa e textos teórico-críticos sobre literatura e artes do escritor do menos conhecido O mal de D. Quixote, conto de 1883, que também intitula este estudo sobre sua obra, agora publicado pela Editora Unesp. Raul Pompéia é aqui desnudado, para se identificar os valores cognitivos e éticos que orientam sua criação artística e lhe conferem organicidade. Marciano Lopes e Silva expõe a contradição presente na obra de Pompéia, que trafega por diversos estilos literários. O retrato da sociedade de uma época passa pelo naturalismo, pelo simbolismo, pelo impressionismo e, principalmente, pelo realismo. O estudo expande a discussão de forma a englobar os símbolos e signos das obras, demonstrando que Pompéia “não subordina a arte a qualquer fim moral ou político, mantendo sua autonomia”. Também é avaliado O mal de D. Quixote, onde o excesso de romantismo é criticado negativamente por Pompéia, dizendo ele que se deve “arrancar o coração”. Porém, os personagens que conseguem superar o “mal romântico” acabam por perder o desejo por novas coisas, perdendo tudo por consequência, fato que ressalta a ironia que ataca e serve como máscara ao escritor. Lopes e Silva ainda traça em seus estudos sobre Canções em metro um paralelo com a obra de Baudelaire, além de um debate sobre as construções alegóricas e temáticas produzidas por Pompéia. Nelas, a miscigenação, a industrialização, a política nacional, a felicidade, a juventude e o capitalismo são retratados e evidenciam a miséria social e humana que constroem a “filosofia da história” que se configura para o autor como uma filosofia do desencanto. Destacando a unificação de história, filosofia, tragédia, ironia e epopéia, O mal de D. Quixote – Romantismo e Filosofia da História na obra de Raul Pompéia justifica por que o escritor é considerado um dos pontos altos da arte e da literatura no Brasil do século XIX.
Os livros da Fundação Editora da Unesp podem ser adquiridos pelo site:www.editoraunesp.com.br ou telefone (11) 3242-7171.

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