Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

sexta-feira, 20 de março de 2009

Mau patrão, empregado pobre

No sistema econômico brasileiro, no qual nem frutificaram qualquer tipo de modelo socialista ou capitalista, a presença do chamado mau empresário (figura tacanha que faz do lucro a qualquer custo a mola do crescimento de sua empresa) se constitui em um desserviço para o país e em especial para a construção de uma sociedade democrática.O mau patrão que enriquece às custas dos baixos salários oferecidos aos empregados, utilizando um discurso ameaçador, com argumentos como "pagamos em dia", "muitas empresas estão quebrando e nós mantemos a solidez", etc, aproveita-se justamente da timidez do Estado brasileiro em sua capacidade de gerador de empregos. Muitos jovens saídos das faculdades, sujeitam-se à política dos estágios-fantasmas, na qual passam a ocupar vagas de profissionais, sendo utilizados como mão-de-obra barata. A aceitação desse tipo de modelo empresarial é feita com a justificativa de que apesar da "bolsa-auxílio" irrisória o recém-formado acabará consolidando sua formação, ganhando um pouco de experiência para, se for possível, no mais curto período de tempo, partir para um emprego melhor.O mau patrão desestrutura o seu próprio "negócio", criando junto aos antigos funcionários um clima de insatisfação e ressentimento em relação à empresa. Muitos sentem-se iludidos por um discurso que com o passar dos anos, descobrem ser falso. Uma espécie de "vamos esperar o bolo crescer para melhor distribuir a riqueza". A caixa 2 é, sem dúvida o grande instrumento de barganha do mau empresário. Ao não registrar em carteira o ganho real do empregado utiliza o discurso moralista de que deseja apenas fugir dos impostos elevados do governo. Sem outra alternativa, o empregado pobre é obrigado a se submeter "a regra do jogo", em um mercado de trabalho estagnado e com um sistema de fiscalização frágil que premia os maus empresários. Entre outras pragas do caixa 2, o empregado pobre não tem seus ganhos reais incorporados para efeito de dispensa ou mesmo de aposentadoria. O enriquecimento do patrão rico, no entanto, é fictício. Com o passar dos anos não consegue ter realmente uma empresa preparada para o enfrentamento de uma crise ou o surgimento de um concorrente mais dinâmico. Como os que constroem castelos na areia começa a ter a percepção de que tudo está prestes a desmoronar. A mudança de comportamento talvez surja tarde demais.

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