A
UNIRIO completou dia 5 de junho, 35 anos desde sua
criação, por meio da Lei nº 6.655, que transformou a Federação das
Escolas Federais Isoladas do Estado do Rio de Janeiro (Fefierj) na então
Universidade do Rio de Janeiro. Na época, a instituição contava apenas
com oito cursos de graduação; hoje, são mais de 40, incluindo na
modalidade a distância, e mais de 30 cursos de mestrado, doutorado e
especialização.
Considerada
ainda como uma Universidade jovem, em comparação a outras do Brasil e,
principalmente, da Europa, a UNIRIO celebra seu aniversário no ano em
que assinou um acordo de cooperação com a instituição de ensino superior
considerada a mais antiga do mundo, a Universidade de Bolonha (Itália).
A parceria com instituições estrangeiras é apenas um aspecto do
fortalecimento da UNIRIO ao longo de sua história.
Mais
recentemente, com o Programa de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais (Reuni), instituído em 2007, a Universidade
passou por uma expansão da infraestrutura física e do quadro de docentes
e técnicos-administrativos, e ampliou o acesso de estudantes ao ensino
superior, com a criação de cursos e de novos turnos para as aulas.
“Com
o Programa, pudemos criar cursos que ampliaram a visibilidade de nossa
instituição. Passamos a ter nosso primeiro curso na área de Engenharia [Engenharia de Produção],
criamos o curso de Letras para completar o atual Centro de Letras e
Artes. Tudo isso, fruto de uma política voltada para a ampliação do
ensino público de qualidade. A Universidade vem crescendo, no
quantitativo de estudantes, no seu corpo docente e de
técnicos-administrativos. Essa perspectiva fortalece nosso trabalho à
frente da Reitoria, em que buscamos ultrapassar os possíveis percalços”,
avalia o reitor Luiz Pedro San Gil Jutuca, que também em 2014 celebra
35 anos dedicados à UNIRIO.
Avanços
O
crescimento e o desenvolvimento da Universidade, com manutenção da
qualidade, são evidenciados pela decana do Centro de Ciências Biológicas
e da Saúde (CCBS), Ana Maria Mendes Monteiro Wandelli. “No cenário do
Rio de Janeiro, podemos dizer, o desafio da UNIRIO é eterno, por termos
um caminho curto em comparação a outras instituições federais. Mas o que
vemos é que a Universidade conseguiu um progresso ao longo dos anos,
por ter crescido sem deixar cair a qualidade.”
Wandelli,
que também é professora e pesquisadora da Escola de Nutrição, destaca
como principais avanços ao longo dos anos a internacionalização da
UNIRIO e o fortalecimento do ensino a distância e da pós-graduação.
“No
campo da Saúde, onde atuo, temos uma pós-graduação bastante consolidada
e interdisciplinarizada. Esse aspecto, juntamente com o crescimento da
graduação, é um diferencial competitivo de nossa instituição”, avalia.
Professora
do Instituto Villa-Lobos (IVL) desde 1985, a decana do Centro de Letras
e Artes (CLA), Carole Gubernikoff, ressalta que, com as verbas do
Reuni, foi possível não só abrir os cursos de Letras e expandir os de
Música, mas também melhorar as condições de laboratórios e salas de
aula.
“O
CLA é um centro de excelência na Universidade”, sentencia Carole. “Nas
áreas contempladas, estamos, sem dúvida, entre as escolas mais
importantes do país, tanto na graduação quanto na pós”. A professora
lembra que na última avaliação do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), realizada em 2014, os
cursos de licenciatura em Música e em Teatro obtiveram conceito máximo.
Para
a decana, embora o IVL, fundado pelo próprio Villa-Lobos, e a Escola de
Teatro da UNIRIO, originada do antigo Serviço Nacional de Teatro,
estejam entre as instituições de ensino de artes mais antigas e
tradicionais do país, ambos se destacam por explorar as possibilidades
do mundo contemporâneo. “Nunca fomos muito conservadores”, revela.
“Desde a década de 70, o IVL já contava com um laboratório de música
eletroacústica onde se trabalhava com composições e vanguardas,
utilizando ruídos, sons e meios.”
Ex-aluno
de Museologia da UNIRIO, na década de 80, o atual decano do Centro de
Ciências Humanas e Sociais (CCH), Ivan Coelho de Sá, também testemunhou
os avanços na instituição nas últimas décadas. Para ele, a criação de
normatizações internas, a ampliação da oferta de bolsas para os
estudantes e o fortalecimento da pesquisa são conquistas importantes da
Universidade.
“Tenho
uma visão otimista. Já melhoramos muito, em relação ao passado, e estou
certo de que vamos melhorar ainda mais”, afirma o decano.
Desafios
Apesar
dos avanços, ainda há desafios a serem superados. Atualmente, a UNIRIO,
assim como a maioria das instituições federais de ensino superior,
enfrenta uma greve de servidores técnico-administrativos. Entre as
reivindicações apresentadas à Reitoria, estão a criação de creche para
os funcionários, melhorias na acessibilidade dos campi e adequada
transparência nas questões relacionadas ao Hospital Universitário
Gaffrée e Guinle (HUGG), que sofre com a insuficiência de recursos
humanos e financeiros. Por determinação do reitor, as demandas deverão
ser analisadas por comissões compostas para este fim.
No
que se refere à infraestrutura física, uma das principais
reivindicações da comunidade acadêmica é pelo início das atividades do
Restaurante-Escola. Com o término parcial das obras, no fim de 2013, a
Coordenação de Engenharia da UNIRIO verificou a necessidade de ajustes
em itens como acabamento, esquadrias, instalações elétricas e exaustão,
que estão sendo providenciados. A Direção de Assuntos Comunitários e
Estudantis (Dace), responsável pela aquisição dos equipamentos, já
aprovou 69% do que foi adquirido – o restante está em análise, aguarda
entrega ou substituição por não cumprir as especificações exigidas.
A
ampliação do espaço físico para atender às necessidades dos cursos é
também uma demanda apontada como urgente pelo decano do CCH, Ivan Coelho
de Sá. “Tivemos um grande crescimento no número de cursos e de alunos,
no mesmo espaço. Já ocupamos salas que eram apenas gabinetes ou
laboratórios, mas hoje somos obrigados a recorrer a salas de outros
Centros”, explica.
Da
mesma forma, a manutenção e a ampliação da estrutura física figuram
entre os principais desafios do CLA. “Por muito tempo, os prédios
ficaram sem manutenção”, relembra a decana Carole. Segundo ela, a
situação começou a mudar há pouco mais de 10 anos, quando professores do
Centro iniciaram o esforço coletivo de angariar verbas para melhorias,
por meio de projetos de pesquisa. “Criou-se uma mudança de mentalidade,
que perdura até hoje.”
A expansão física é uma preocupação recorrente do reitor Luiz Pedro San Gil Jutuca: “A Urca [onde se localizam três dos seis campi da UNIRIO]
é um bairro excelente, muito bonito, mas complicado para a
Universidade, porque ficamos sem a possibilidade de crescimento.
Precisamos recorrer a outros espaços na cidade”.
Nesse
sentido, duas recentes aquisições merecem destaque: três andares em
prédio no centro da cidade, e uma área de 5.300m2 no Engenho de Dentro,
zona norte do Rio. “Isso fará com que a Universidade possa ampliar suas
ações, facilitando o acesso de estudantes de outras regiões da cidade”,
observa Jutuca.
Além
da Urca e dos novos espaços no Centro e no Engenho de Dentro, a UNIRIO
conta com campi em Botafogo, no Centro e na Tijuca. A multiplicidade
geográfica aponta para outra questão importante: a relação com a
sociedade. Para a decana do CCBS, é necessário ampliar esse contato.
“Precisamos solidificar a prestação de serviços à sociedade, em especial
no campo da Saúde”, diz Ana Maria Wandelli.
Potencial
Tanto
os avanços quanto os desafios observados ao longo dos anos podem ser
considerados como oportunidades para o desenvolvimento da UNIRIO. Na
visão da decana do Centro de Ciências Jurídicas e Políticas (CCJP),
Rosângela Maria de Azevedo Gomes, a Universidade tem um grande potencial
a ser explorado, por abrigar cursos de excelência, mas que ainda podem
crescer.
“Temos
muitas possibilidades de projetos. Temos escolas que não existem em
outras universidades públicas no Estado do RJ, temos escolas muito
bem-avaliadas. Acho que o grande desafio da UNIRIO é encontrar sua
identidade e, dentro de suas potencialidades, se tornar um grande centro
de pesquisa”, reflete a decana.
Rosângela
destaca que o fato de ser uma Universidade jovem, e de porte médio,
possibilita maior integração e diálogo e facilita o acesso à
Administração Central. A visão é compartilhada pelo decano do Centro de
Ciências Exatas e Tecnologia (CCET), Amâncio Machado de Souza Júnior.
“Quando
recebemos um professor novo, faço questão de deixá-lo o mais à vontade
possível, promovendo um passeio pelas dependências do prédio para
mostrar como as coisas funcionam”, revela. Para Amâncio, por ser um
Centro relativamente novo – o primeiro curso oferecido, Bacharelado em
Sistemas de Informação, foi inaugurado há 15 anos –, o CCET tem
estrutura flexível, livre dos vícios comuns em instituições mais
antigas.
“Uma
das vantagens é a facilidade de acesso às autoridades”, aponta. Além
disso, ele ressalta que não há imposições rígidas em relação à
exclusividade dos docentes sobre determinada disciplina. “Atuo no campo
da Geometria e, quando a matéria se aproxima de minha área de estudos,
os próprios alunos pedem que eu conclua uma disciplina que outro
professor iniciou”, revela.
Coletividade
Para
aqueles que pretendem ingressar na UNIRIO, seja como estudante ou como
servidor, o reitor Luiz Pedro San Gil Jutuca destaca que a instituição é
reconhecida nacional e internacionalmente, constituindo um excelente
polo de ensino e de trabalho.
“Dentro
de suas características, com muitos cursos voltados para a área de
Humanas, mas também com força na área da Saúde, das Ciências Exatas e
das Artes, a UNIRIO merece uma atenção especial dos candidatos”,
reflete. Para técnicos e docentes, o reitor destaca a política de
atenção ao servidor, que foi reforçada com a recente criação da
Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas.
Jutuca
ressalta ainda a importância de toda a comunidade acadêmica, e também
da comunidade externa, para a construção de uma Universidade ainda mais
forte. “O atendimento das expectativas de nossa comunidade não está ao
alcance de indivíduos isolados ou de um grupo dirigente. Somente juntos
seremos capazes de realizar nossos sonhos e metas, com determinação,
respeito ao outro e consciência social. A construção de uma Universidade
é obra de toda a sociedade”, reflete.