Mauricio Figueiredo
Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
O Galo e a Brisa
"Fica, oh! brisa fica, pois talvez quem sabe
o inesperado faça uma surpresa..."
Eu e a brisa, Johnny Alf
E o técnico Cuca, do Galo, se mandou para a China, depois do
Casablanca 3 x 1 Atlético Mineiro
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Bond: Viva e Deixe Morrer
Com mais de 100 milhões de livros vendidos no mundo, além de dezenas de filmes - sucessos frequentes de bilheteria - James Bond, o maior agente secreto de todos os tempos, criação imortal de Ian Lancaster Fleming, é o mais novo alvo do politicamente correto. Beberrão inveterado, fumante assíduo e, principalmente, viciado em sexo, o agente vem sendo criticado por seu comportamento e por tabela apontado como impotente devido a vida desregrada.
O personagem foi criado por Ian Fleming (28 de maio de 1908-a 12 de agosto de 1964) que era um oficial da Inteligênica Naval do Reino Unido e jornalista e escritor britânico. O escritor nasceu em uma família rica conectada com o banco mercante Robert Fleming & Co.; seu pai era um membro do parlamento de Henley de 1910 até sua morte em 1917 na Frente Ocidental durante a Primeira Guerra Mundial. Educado no Eton College, na Real Academia Militar de Sandhurst e nas universidades de Munique e Genebra, Fleming teve vários empregos antes de começar a escrever.
O sucesso de Bond é tido pelo fato de ser um herói de carne e osso, embora suas muitas aventuras repletas de episódios inverossímeis que, no entanto, não diminuem o charme e a admiração de seus admiradores em todo o mundo. Fleming aproveitou sua experiência na Inteligência Naval Britânica, justamente para passar credibilidade às suas histórias, fazendo diluir o glamour das fantasias.
Para muitos o gênero policial e de aventuras é colocado como uma área menor da Literatura, mas tal fato não impediu que Fleming, em 2008, fosse colocado pelo The Times na décima-quarta posição em sua lista dos "50 Maiores Escritores de Língua Inglesa de todos os tempos".
Como seu personagem, o escritor fumava e bebia muito, sofrendo de doença do coração, tendo morrido em 1964, aos 56 anos, de um ataque cardíaco. Ele foi casado com Ann Geraldine Charteris, divorciado do segundo Visconde de Rothermere, em virtude da paixão pelo escritor.
No cinema, muitos atores interpretaram o famoso agente secreto que, entre outros atributos tinha autorização de matar em nome de sua Majestade. O mais célebre deles - o primeiro a interpretar o papel - foi Sean Connery.
Mas, um título que resume a atual onda negativa contra Mr. Bond é o Live and Let Die, com Sir Roger Moore, que recebeu em português o título de "Viva e Deixe Morrer", uma sugestão tão difícil no mundo atual em que muitos querem controlar a vida de muitos outros.
O personagem foi criado por Ian Fleming (28 de maio de 1908-a 12 de agosto de 1964) que era um oficial da Inteligênica Naval do Reino Unido e jornalista e escritor britânico. O escritor nasceu em uma família rica conectada com o banco mercante Robert Fleming & Co.; seu pai era um membro do parlamento de Henley de 1910 até sua morte em 1917 na Frente Ocidental durante a Primeira Guerra Mundial. Educado no Eton College, na Real Academia Militar de Sandhurst e nas universidades de Munique e Genebra, Fleming teve vários empregos antes de começar a escrever.
O sucesso de Bond é tido pelo fato de ser um herói de carne e osso, embora suas muitas aventuras repletas de episódios inverossímeis que, no entanto, não diminuem o charme e a admiração de seus admiradores em todo o mundo. Fleming aproveitou sua experiência na Inteligência Naval Britânica, justamente para passar credibilidade às suas histórias, fazendo diluir o glamour das fantasias.
Para muitos o gênero policial e de aventuras é colocado como uma área menor da Literatura, mas tal fato não impediu que Fleming, em 2008, fosse colocado pelo The Times na décima-quarta posição em sua lista dos "50 Maiores Escritores de Língua Inglesa de todos os tempos".
Como seu personagem, o escritor fumava e bebia muito, sofrendo de doença do coração, tendo morrido em 1964, aos 56 anos, de um ataque cardíaco. Ele foi casado com Ann Geraldine Charteris, divorciado do segundo Visconde de Rothermere, em virtude da paixão pelo escritor.
No cinema, muitos atores interpretaram o famoso agente secreto que, entre outros atributos tinha autorização de matar em nome de sua Majestade. O mais célebre deles - o primeiro a interpretar o papel - foi Sean Connery.
Mas, um título que resume a atual onda negativa contra Mr. Bond é o Live and Let Die, com Sir Roger Moore, que recebeu em português o título de "Viva e Deixe Morrer", uma sugestão tão difícil no mundo atual em que muitos querem controlar a vida de muitos outros.
domingo, 8 de dezembro de 2013
Educação, futebol e violência
O campeonato Brasileiro de futebol chega ao seu fim, mais uma vez com cenas de violência em um estádio, com três torcedores sendo levado para o hospital em estado de coma. São episódios que se repetem com frequência, em país rico em todo tipo de leis e pobre em termos de cumprimento das leis.
A situação chega a ser grotesca, quando no mundo do esporte a punição ocorre apenas com a perda do mando de campo do clube que recebe um visitante. Com relação aos que promovem a violência, praticamente, nada ocorre. Pelo contrário, a morte de um menino na Bolívia acaba gerando certa comoção até com o envolvimento de políticos preocupados com os torcedores presos, sendo que alguns deles voltam a se envolver em novas batalhas nos estádios por se sentirem imunes a qualquer tipo de punição.
O futebol que poderia, como o esporte mais popular do país, ter um papel educativo, acaba prisioneiro de verdadeiros desordeiros sob o beneplácito de "dirigentes" que utilizam esses falsos torcedores para os mais diversos objetivos, inclusive político-eleitoral.
Seria necessário uma mudança de mentalidade. Mas, nosso sistema educacional combalido e fragilizado na própria formação dos professores e nossa sociedade também sem lastro cultural e educacional (não apenas pautada por anos de escolaridade, mas a ministrada a partir da infância no ambiente familiar) é campo ideal para o crescimento de uma cultura da violência.
No Brasil se adota, sem qualquer visão crítica, qualquer modismo criado no estrangeiro. As nossas manifestações de rua - com força no mês de junho - acabaram sendo tomadas por um esdrúxulo movimento ativista, na qual, principalmente, recrutado nas classes médias mais favorecidas, jovens brincam de fazer a revolução.
Um aparato policial gerado e treinado para a forte repressão com o aval da impunidade dos anos de autoritarismo, não sabe e nem tem condições de da noite para o dia ser transformada na Polícia necessária a um sistema democrático. O policial vive o drama de quando atua poder ser punido como repressor e quando recua ser colocado como omisso.
Como agravante - nossos dirigentes políticos não possuem também uma visão de estadistas. Agora mesmo, com a promoção da Copa do Mundo de 2014, vestem a camisa de simples torcedores, passando para a população, principalmente, as pessoas menos esclarecidas, a ideia de que somos os melhores do mundo, temos os melhores atletas do mundo, faremos o melhor mundial de todos os tempos, somos o país de maior riqueza cultural, somos o país mais alegre, risonho e franco.
A ideia de que um evento esportivo não deve ser visto como um campo de batalha e que a "pátria em chuteira" deveria ser arquivada depois de termos ganhos cinco mundiais, também parece enraizada em pessoas que, pelos cargos, deveriam ser mais comedidas no discurso. Claro que gostamos de vencer. Isso é motivo de orgulho. Mas, também temos de aprender que derrotas não significam uma tragédia nacional. A não ser a que temos nos campos educacional, da saúde, habitação e tantas outras áreas.
Parece que o Bom Senso, que os jogadores de futebol tentam colocar em prática, precisa se fazer presente em todo o cenário nacional. A lucidez de um Dr. Sócrates quando perdeu um pênalti, vestindo a camisa da seleção brasileira, alegando que nesse tipo de jogada quatro coisas podem acontecer: o gol, o goleiro defender, bater na trave ou ir para fora, talvez devesse nortear um pouco mais o discurso das pessoas de bom senso no país.
Quando uma partida de futebol deixar de ser vista como uma batalha campal - uma guerra de vida e morte -, procurando atrair para o estádio as famílias, tirando a vez de brucutus gerado e estimulado pela própria sociedade, o Brasil com os seus cinco títulos mundiais passará a um patamar superior.
Por enquanto, o nosso rebaixamento em Educação é a raiz de todo o tipo de violência a que estamos expostos.
sábado, 30 de novembro de 2013
Que nota você dá ao seu governo?
De que maneira estamos governando nossas vidas?
Dilma, JK, Jango, Lula, FHC, Getúlio, Lacerda, Brizola, Ademar, Churchill, Tatcher, Kennedy, Obama... Não importa o governo ou os ídolos políticos de cada um ou mesmo os de que se alinham no lema "se tem governo sou contra".
O que está em jogo aqui, não são os governantes tradicionais. Os políticos que, muitas vezes, estamos sempre prontos para apontarmos os erros. Falarmos de suas omissões, de seus desatinos, de suas incoerências, de sua falta de palavra com compromissos assumidos durante a campanha eleitoral, da sua desfaçatez e apertar a mão do que momentos antes era chamado de ladrão, larápio, picareta ou desclassificado. O que conta aqui somos nós. De que maneira estamos governando nossas vidas?
Que nota damos ao nosso governo? A começar pela Saúde: que preocupação damos à nossa taxa de colesterol ou triglicerides? Como temos investido em nossa alimentação? Temos feito as compras certas, nos alimentado nos horários certos ou temos tratado nosso organismo da forma mais displicente possível? De que maneira funciona o nosso Ministério da Saúde?
E a Educação? - Temos procurado melhorar nossa escolaridade? Temos levado a sério aquele compromisso de aprender uma ou mais línguas estrangeiras? De nos aperfeiçoarmos na área da informática? Qual a desculpa que damos para isso? Será que estamos sempre empurrando nossa educação com a barriga, deixando sempre para o ano que vem e este ano acaba nunca chegando?
O que fazemos pela nossa Cultura? Criticamos o lixo que às vezes está presente nos meios de comunicação, mas não optamos em desligarmos a TV, deixarmos de lado a revista sem conteúdo ou simplesmente procurarmos selecionar melhor nossos programas e não passarmos tantas e tantas horas diante do computador ou do televisor.
E a nossa Leitura? Somos daqueles que consideram os preços dos livros exorbitantes, mas não nos importamos em dispender qualquer valor na mesa de um bar ou em um fast food nos entupindeo de calorias? E arranjamos desculpas esfarrapadas sem levar em conta a existência de sebos, com livros da mais alta qualidade a preços módicos? Ou a própria internet que nos dá acesso a mais variada leitura a custo zero?
E falamos que não temos dinheiro para o Lazer, sem levar em conta várias programações grátis, como visita a museus, parques, teatros (Municipal do Rio, por exemplo, programas aos domingos ao custo de R$ 1 - um real).
E o que fazemos em relação ao nosso Ministério do Trabalho? Lamentamos eternamente o pouco dinheiro e nada fazemos de concreto para aumentar nossa renda, esperando muitas vezes pelo maná que vai cair do céu? Estamos realmente assumindo um compromisso conosco de levarmos nosso trabalho a sério, procurando progredir no mesmo ou em caso contrário criarmos condições para passarmos para alguma coisa melhor?
O que fazemos em relação ao Ministério da Economia? Procuramos de alguma forma fazer uma reserva mínima que seja para uma situação de emergência? Adotamos a máxima de que se ganhamos X não podemos gastar nunca, X mais Y, pois caso contrário a nossa dívida interna e externa (cartões, empréstimos) se tornará impagável?
Ministério das Comunicações? Teremos coragem de tomar a atitude de dizer NÃO há muitos que vivem ao nosso redor usufruindo do nosso trabalho e sempre acrescentando algo a mais, mas sem mostrar de fato atitudes que demonstrem estarem, de fato, lutando para sair de nossa dependência?
E o Ministério dos Esportes? Somos espectadores passivos da vida, olhando os outros ao redor ganhando medalhas e medalhas, enquanto lamentamos não dispormos de dinheiro para pagar uma academia? Por que não procuramos uma praça, muitos com equipamentos para nos exercitarmos ou mesmo iniciando uma caminhada diária e aos poucos aumentando o nosso ritmo e disposição? E em quantos diversos outros segmentos de nossa vida estamos de fato realizando uma ótima ou pelo menos razoável administração?
Em suma: que nota damos ao nosso governo?
Dilma, JK, Jango, Lula, FHC, Getúlio, Lacerda, Brizola, Ademar, Churchill, Tatcher, Kennedy, Obama... Não importa o governo ou os ídolos políticos de cada um ou mesmo os de que se alinham no lema "se tem governo sou contra".
O que está em jogo aqui, não são os governantes tradicionais. Os políticos que, muitas vezes, estamos sempre prontos para apontarmos os erros. Falarmos de suas omissões, de seus desatinos, de suas incoerências, de sua falta de palavra com compromissos assumidos durante a campanha eleitoral, da sua desfaçatez e apertar a mão do que momentos antes era chamado de ladrão, larápio, picareta ou desclassificado. O que conta aqui somos nós. De que maneira estamos governando nossas vidas?
Que nota damos ao nosso governo? A começar pela Saúde: que preocupação damos à nossa taxa de colesterol ou triglicerides? Como temos investido em nossa alimentação? Temos feito as compras certas, nos alimentado nos horários certos ou temos tratado nosso organismo da forma mais displicente possível? De que maneira funciona o nosso Ministério da Saúde?
E a Educação? - Temos procurado melhorar nossa escolaridade? Temos levado a sério aquele compromisso de aprender uma ou mais línguas estrangeiras? De nos aperfeiçoarmos na área da informática? Qual a desculpa que damos para isso? Será que estamos sempre empurrando nossa educação com a barriga, deixando sempre para o ano que vem e este ano acaba nunca chegando?
O que fazemos pela nossa Cultura? Criticamos o lixo que às vezes está presente nos meios de comunicação, mas não optamos em desligarmos a TV, deixarmos de lado a revista sem conteúdo ou simplesmente procurarmos selecionar melhor nossos programas e não passarmos tantas e tantas horas diante do computador ou do televisor.
E a nossa Leitura? Somos daqueles que consideram os preços dos livros exorbitantes, mas não nos importamos em dispender qualquer valor na mesa de um bar ou em um fast food nos entupindeo de calorias? E arranjamos desculpas esfarrapadas sem levar em conta a existência de sebos, com livros da mais alta qualidade a preços módicos? Ou a própria internet que nos dá acesso a mais variada leitura a custo zero?
E falamos que não temos dinheiro para o Lazer, sem levar em conta várias programações grátis, como visita a museus, parques, teatros (Municipal do Rio, por exemplo, programas aos domingos ao custo de R$ 1 - um real).
E o que fazemos em relação ao nosso Ministério do Trabalho? Lamentamos eternamente o pouco dinheiro e nada fazemos de concreto para aumentar nossa renda, esperando muitas vezes pelo maná que vai cair do céu? Estamos realmente assumindo um compromisso conosco de levarmos nosso trabalho a sério, procurando progredir no mesmo ou em caso contrário criarmos condições para passarmos para alguma coisa melhor?
O que fazemos em relação ao Ministério da Economia? Procuramos de alguma forma fazer uma reserva mínima que seja para uma situação de emergência? Adotamos a máxima de que se ganhamos X não podemos gastar nunca, X mais Y, pois caso contrário a nossa dívida interna e externa (cartões, empréstimos) se tornará impagável?
Ministério das Comunicações? Teremos coragem de tomar a atitude de dizer NÃO há muitos que vivem ao nosso redor usufruindo do nosso trabalho e sempre acrescentando algo a mais, mas sem mostrar de fato atitudes que demonstrem estarem, de fato, lutando para sair de nossa dependência?
E o Ministério dos Esportes? Somos espectadores passivos da vida, olhando os outros ao redor ganhando medalhas e medalhas, enquanto lamentamos não dispormos de dinheiro para pagar uma academia? Por que não procuramos uma praça, muitos com equipamentos para nos exercitarmos ou mesmo iniciando uma caminhada diária e aos poucos aumentando o nosso ritmo e disposição? E em quantos diversos outros segmentos de nossa vida estamos de fato realizando uma ótima ou pelo menos razoável administração?
Em suma: que nota damos ao nosso governo?
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
E agora José?
E agora, José?
"E agora, José? A festa acabou, a luz apagou,
o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José?
Carlos Drummond de Andrade
Nos anos 60, o Movimento Estudantil teve papel de grande relevância na luta contra o regime militar, contribuindo para o processo que desencadeou no retorno da normalidade democrática. O auge da luta estudantil foi o ano de 1968 marcado por fatos como a Passeata dos 100 mil, no Rio de Janeiro.
Uma das grandes lideranças do movimento era um jovem chamado José Dirceu, ex-presidente da União dos Estudantes do Estado de São Paulo (UEE), ao lado do seu companheiro de Rio de Janeiro Vladimir Palmeira, ex-presidente da União Metropolitana dos Estudantes (UME), que lutavam para obter o comando da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Pelas artimanhas do destino, esse mesmo Dirceu - que foi prisioneiro da ditadura, na juventude. Agora, um senhor de idade, é prisioneiro no regime democrático sob a acusação de ser um dos principais arquitetos do esquema de corrupção que o país passou a conhecer como Mensalão, sendo condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Em seu livro "Abaixo à Ditadura - o movimento de 68 contado por seus líderes", da Editora Garamond, em parceria com o companheiro Vladimir Palmeira, ele escreveu que "tanto eu como Vladimir representávamos a postura anti-establishment, anti-ordem, até no modo de vestir, de falar, de nos comportar. Simbolizávamos a irreverência, a rebeldia e, nesse sentido, éramos mais do que lideranças contra a ditadura, contra a política educacional. Éramos lideranças que se opunham a todo um estado de coisas, à ordem estabelecida, a uma mentalidade que existia e que nós queríamos mudar. E tínhamos, cada um à sua maneira, todo um folclore à nossa volta".
Ele se descreve como um jovem diferente, alegando que o simples fato de entrar em um lugar chamava a atenção das pessoas, porque falava, vestia e se comportava de um modo totalmente peculiar. "Tinha a mania de me sentar em cima da mesa do professor, gostava de botar os pés na carteira, usava uma roupa pouco convencional para a época: calça azul, camiseta gola canoa e um sapato sem meia. Ainda por cima, não admitia que alguém falasse alto comigo ou me desse ordens, nenhum professor podia se dirigir a mim desse jeito. Logo me levantava e começava a discutir".
Mas, ele também conta de uma mudança repentina de comportamento, quando "às vezes me vestia com apuro e a direita na faculdade ficava perplexa, porque eu costumava andar todo sujo, sempre com o mesmo par de sapatos e a mesma calça e, de repente, aparecia de terno e gravata, muito bem-arrumado. Ia assim todo elegante só para mostrar a eles que isso não significa nada - a direita considerava que andar bem-vestido era o critério para julgar que uma pessoa é culta, pertence à elite. Quando fui eleito à presidência do Centro Acadêmico, resolvemos dar uma grande festa na boate mais badalada e chique da época, a Beco. Era um lugar muito exclusivo, mas naquela noite a esquerda é que se divertiu lá."
A prisão de Dirceu e outras lideranças estudantis ocorreu no desmantelamento do XXX Congresso da UNE marcado para a proximidade de Ibiúna, em São Paulo, no qual compareceram cerca de 800 estudantes. Tratava-se de uma reunião considerada ilegal pelo regime, tendo em vista a representação estudantil ter sido colocada na clandestinidade.
O Correio da Manhã, de 14 de outubro de 1968, registrou da seguinte forma: "A maioria dos estudantes está dormindo. Outros tomam café. É uma surpresa geral a chegada da polícia. Não há a menor resistência. Os estudantes estão numa casa bem grande e num grande abrigo coberto por lonas. Todos vão saindo, com as mãos apoiadas na nuca. Os policiais ficam surpreendidos. Não esperavam encontrar tanta gente assim... É preciso andar 12 quilômetros, a pé, para chegar até o local onde haviam ficado os veículos. José Dirceu, presidente da ex-UEE de São Paulo, sai entre os prisioneiros presos. A maioria dos policiais não o conhece. Dirceu aproveita para procurar misturar-se com os outros, sem ser identificado. Mas um soldado desconfia de Dirceu. Separa-o do grupo dizendo: 'Esse aqui deve ser cana das boas'. José Dirceu é reconhecido pelo delegado Paulo Boncristiano, que o separa na mesma hora dos outros estudantes. O delegado se entusiasma: "Toda a liderança do movimento estudantil deve estar aí. Precisamos reconhecer essa gente toda, um por um. Será que não escapou ninguém? Será que a Catarina está aí? E o Travassos? Acho que o Vladimir deve estar aí no meio.' Faz muito frio, os estudantes pedem cobertores para se proteger. A maioria prefere ir embora do jeito que está, porque nas bagagens estão coisas que podem piorar a situação: panfletos que a polícia considera subversivos, caixas de balas, armas. Assim, fica tudo abandonado, inclusive documentos, principalmente carteiras profissionais e cédulas de identidade."
A prisão pela ditadura permitiu que na volta à democracia José Dirceu passasse a ser um dos principais quadros do Partido dos Trabalhadores, no qual alcançou o cargo de ministro da Casa Civil, no governo Lula, com grande projeção no cenário nacional, até o surgimento das primeiras denúncias sobre o Mensalão, desencadeando depois de intensas sessões no Supremo Tribunal Federal (ST ) em sua condenação como culpado.
Sobre o movimento estudantil nos anos 60, Zé Dirceu escreveu que "em São Paulo, passamos vários meses ocupando as faculdades de Direito e Filosofia. As escolas tinham virado repúblicas livres, onde se fazia política, arte, cultura - e até se estudava. Lá comíamos e bebíamos, fazíamos reuniões, eventos, conferências; lá dormíamos e namorávamos. Milhares de estudantes circulavam pelos pátios e corredores, numa verdadeira feira, em ebulição permanente... imagine o que era uma universidade ocupada em 68. Parecia que estávamos diante do embrião de uma sociedade diferente, inaugurando novas formas de relacionamento e de cooperação entre as pessoas. Era uma festa."
Como na poesia de Drummond: "A festa acabou. E agora, José?
"E agora, José? A festa acabou, a luz apagou,
o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José?
Carlos Drummond de Andrade
Nos anos 60, o Movimento Estudantil teve papel de grande relevância na luta contra o regime militar, contribuindo para o processo que desencadeou no retorno da normalidade democrática. O auge da luta estudantil foi o ano de 1968 marcado por fatos como a Passeata dos 100 mil, no Rio de Janeiro.
Uma das grandes lideranças do movimento era um jovem chamado José Dirceu, ex-presidente da União dos Estudantes do Estado de São Paulo (UEE), ao lado do seu companheiro de Rio de Janeiro Vladimir Palmeira, ex-presidente da União Metropolitana dos Estudantes (UME), que lutavam para obter o comando da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Pelas artimanhas do destino, esse mesmo Dirceu - que foi prisioneiro da ditadura, na juventude. Agora, um senhor de idade, é prisioneiro no regime democrático sob a acusação de ser um dos principais arquitetos do esquema de corrupção que o país passou a conhecer como Mensalão, sendo condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Em seu livro "Abaixo à Ditadura - o movimento de 68 contado por seus líderes", da Editora Garamond, em parceria com o companheiro Vladimir Palmeira, ele escreveu que "tanto eu como Vladimir representávamos a postura anti-establishment, anti-ordem, até no modo de vestir, de falar, de nos comportar. Simbolizávamos a irreverência, a rebeldia e, nesse sentido, éramos mais do que lideranças contra a ditadura, contra a política educacional. Éramos lideranças que se opunham a todo um estado de coisas, à ordem estabelecida, a uma mentalidade que existia e que nós queríamos mudar. E tínhamos, cada um à sua maneira, todo um folclore à nossa volta".
Ele se descreve como um jovem diferente, alegando que o simples fato de entrar em um lugar chamava a atenção das pessoas, porque falava, vestia e se comportava de um modo totalmente peculiar. "Tinha a mania de me sentar em cima da mesa do professor, gostava de botar os pés na carteira, usava uma roupa pouco convencional para a época: calça azul, camiseta gola canoa e um sapato sem meia. Ainda por cima, não admitia que alguém falasse alto comigo ou me desse ordens, nenhum professor podia se dirigir a mim desse jeito. Logo me levantava e começava a discutir".
Mas, ele também conta de uma mudança repentina de comportamento, quando "às vezes me vestia com apuro e a direita na faculdade ficava perplexa, porque eu costumava andar todo sujo, sempre com o mesmo par de sapatos e a mesma calça e, de repente, aparecia de terno e gravata, muito bem-arrumado. Ia assim todo elegante só para mostrar a eles que isso não significa nada - a direita considerava que andar bem-vestido era o critério para julgar que uma pessoa é culta, pertence à elite. Quando fui eleito à presidência do Centro Acadêmico, resolvemos dar uma grande festa na boate mais badalada e chique da época, a Beco. Era um lugar muito exclusivo, mas naquela noite a esquerda é que se divertiu lá."
A prisão de Dirceu e outras lideranças estudantis ocorreu no desmantelamento do XXX Congresso da UNE marcado para a proximidade de Ibiúna, em São Paulo, no qual compareceram cerca de 800 estudantes. Tratava-se de uma reunião considerada ilegal pelo regime, tendo em vista a representação estudantil ter sido colocada na clandestinidade.
O Correio da Manhã, de 14 de outubro de 1968, registrou da seguinte forma: "A maioria dos estudantes está dormindo. Outros tomam café. É uma surpresa geral a chegada da polícia. Não há a menor resistência. Os estudantes estão numa casa bem grande e num grande abrigo coberto por lonas. Todos vão saindo, com as mãos apoiadas na nuca. Os policiais ficam surpreendidos. Não esperavam encontrar tanta gente assim... É preciso andar 12 quilômetros, a pé, para chegar até o local onde haviam ficado os veículos. José Dirceu, presidente da ex-UEE de São Paulo, sai entre os prisioneiros presos. A maioria dos policiais não o conhece. Dirceu aproveita para procurar misturar-se com os outros, sem ser identificado. Mas um soldado desconfia de Dirceu. Separa-o do grupo dizendo: 'Esse aqui deve ser cana das boas'. José Dirceu é reconhecido pelo delegado Paulo Boncristiano, que o separa na mesma hora dos outros estudantes. O delegado se entusiasma: "Toda a liderança do movimento estudantil deve estar aí. Precisamos reconhecer essa gente toda, um por um. Será que não escapou ninguém? Será que a Catarina está aí? E o Travassos? Acho que o Vladimir deve estar aí no meio.' Faz muito frio, os estudantes pedem cobertores para se proteger. A maioria prefere ir embora do jeito que está, porque nas bagagens estão coisas que podem piorar a situação: panfletos que a polícia considera subversivos, caixas de balas, armas. Assim, fica tudo abandonado, inclusive documentos, principalmente carteiras profissionais e cédulas de identidade."
A prisão pela ditadura permitiu que na volta à democracia José Dirceu passasse a ser um dos principais quadros do Partido dos Trabalhadores, no qual alcançou o cargo de ministro da Casa Civil, no governo Lula, com grande projeção no cenário nacional, até o surgimento das primeiras denúncias sobre o Mensalão, desencadeando depois de intensas sessões no Supremo Tribunal Federal (ST ) em sua condenação como culpado.
Sobre o movimento estudantil nos anos 60, Zé Dirceu escreveu que "em São Paulo, passamos vários meses ocupando as faculdades de Direito e Filosofia. As escolas tinham virado repúblicas livres, onde se fazia política, arte, cultura - e até se estudava. Lá comíamos e bebíamos, fazíamos reuniões, eventos, conferências; lá dormíamos e namorávamos. Milhares de estudantes circulavam pelos pátios e corredores, numa verdadeira feira, em ebulição permanente... imagine o que era uma universidade ocupada em 68. Parecia que estávamos diante do embrião de uma sociedade diferente, inaugurando novas formas de relacionamento e de cooperação entre as pessoas. Era uma festa."
Como na poesia de Drummond: "A festa acabou. E agora, José?
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
A sociedade de massas e o pão e circo
terça-feira, 19 de novembro de 2013
"Salve, lindo pendão da esperança!"
A proclamação da República no Brasil, no ano de 1889, criou-se uma nova bandeira para representar a nova fase da história brasileira. A bandeira do Brasil Império (1822-1889) foi substituída pelo projeto de Raimundo Teixeira Mendes e Miguel Lemos, com desenho de Décio Vilares, mas a inspiração dos autores para produção da nova bandeira continuava sendo a bandeira do período imperial desenhada pelo pintor francês Jean Baptiste Debret. Já o Hino à Bandeira brasileira apareceu pela primeira vez em 1906, com letra do poeta Olavo Bilac e música de Francisco Braga. O início da letra diz:
"Salve, lindo pendão da esperança,
Salve, símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!"
A
Bandeira brasileira também é exaltada em um hino do Exército "Fibra de
Herói", com letra de Teófilo de Barros Filho e música do maestro Guerra
Peixe. Um trecho da letra diz:
" Bandeira do Brasil
Ninguém te manchará
Teu povo varonil
Isso não consentirá
Bandeira idolatrada
Altiva a tremular
Onde a liberdade
É mais uma estrela
A brilhar"
PS: publicado em 19 de novembro de 2011
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
Tchê do JS Escolar: repórter guerreiro
Ronaldo Tchê, além de amigo foi um dos meus primeiros orientadores, quando comecei a trabalhar como repórter de Educação no antigo Jornal dos Sports. Em plena período de ditadura, como repórter é dono de um longo histórico, no qual a busca pela notícia era colocada acima de tudo. Em um vestibular da antiga Uni-Rio (Escola de Medicina e Cirurgia) resolveram boicotar a imprensa (coisas do período autoritário). A ansiedade era grande entre os estudantes pelo resultado do vestibular. Tivemos a informação que a lista seria afixada no mural da universidade, no fim da noite, e só no dia seguinte poderia ser vista pelos candidatos. Tchê simplesmente pulou o muro alto, trouxe a lista para a Redação, os números e nomes foram copiados rapidamente e a lista devolvida para o paredão de onde saiu. No dia seguinte, o JS publicou o resultado do vestibular com exclusividade. Conto a história com o que me ficou na memória - talvez com algum ou outro erro -, mas apenas para acentuar a iniciativa de Tchê como repórter.
Mas, talvez, a sua grande façanha foi a de entrar em um hospital, no qual um líder estudantil estava baleado em estado grave e cercado de seguranças para que nada fosse noticiado. Tchê simplesmente teve a iniciativa de conseguir um jaleco com um funcionário e passando por enfermeiros e médicos, conseguiu chegar ao quarto do paciente e cuidadosamente fotografá-lo. Infelizmente, o regime foi cada vez mais endurecendo e a censura tomou conta de vez.
Agora com o passar dos anos. Graças aos avanços tecnológicos. Recebo uma carinhosa mensagem do Tchê, mandando notícias.
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Caro Maurício. Um grande e afetuoso abraço! Um abraço também para o Adolfo.. Lembra de mim? Sou o Tchê do JS Escolar, de significativa memória. Parabéns pela Folha Dirigida. Que sucesso! Da mente do Adolfo, era de se esperar tudo isso! Ainda mais com colaboradores como tu... Parabéns pelos excelentes textos que acabei de ler! Se um dia vieres ao sul ( ou o Adolfo) me procurem.
Casaste? Tens filhos? Eu tenho três filhas e um neto de 8 anos...
... Estou aposentado e me sinto muito jovem. E você? O jornalismo é uma cachaça: colaboro com o site O PORTAL DO JARDIM ALGARVE. Ainda conservo um texto correto. Ah! a imodéstia! Dá uma olhadinha na "Coluna do TeleRonaldo". São matérias polêmicas como "Mulher, a Redenção Fora do Paraíso", pela qual me chamam de "ateu"... (Ou à toa...) Mas chega de falar de mim.
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Mas, talvez, a sua grande façanha foi a de entrar em um hospital, no qual um líder estudantil estava baleado em estado grave e cercado de seguranças para que nada fosse noticiado. Tchê simplesmente teve a iniciativa de conseguir um jaleco com um funcionário e passando por enfermeiros e médicos, conseguiu chegar ao quarto do paciente e cuidadosamente fotografá-lo. Infelizmente, o regime foi cada vez mais endurecendo e a censura tomou conta de vez.
Agora com o passar dos anos. Graças aos avanços tecnológicos. Recebo uma carinhosa mensagem do Tchê, mandando notícias.
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Caro Maurício. Um grande e afetuoso abraço! Um abraço também para o Adolfo.. Lembra de mim? Sou o Tchê do JS Escolar, de significativa memória. Parabéns pela Folha Dirigida. Que sucesso! Da mente do Adolfo, era de se esperar tudo isso! Ainda mais com colaboradores como tu... Parabéns pelos excelentes textos que acabei de ler! Se um dia vieres ao sul ( ou o Adolfo) me procurem.
Casaste? Tens filhos? Eu tenho três filhas e um neto de 8 anos...
... Estou aposentado e me sinto muito jovem. E você? O jornalismo é uma cachaça: colaboro com o site O PORTAL DO JARDIM ALGARVE. Ainda conservo um texto correto. Ah! a imodéstia! Dá uma olhadinha na "Coluna do TeleRonaldo". São matérias polêmicas como "Mulher, a Redenção Fora do Paraíso", pela qual me chamam de "ateu"... (Ou à toa...) Mas chega de falar de mim.
______________________________
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Educação em Chamas
As duas redes públicas do Estado do Rio encontram-se em
prolongada greve, com milhares e milhares de crianças e jovens sem
aulas, sendo que os maiores altamente comprometidos em sua formação e
provas do ENEM e vestibulares. A falta de diálogo entre os profissionais
de educação e os governantes é resultado do distanciamento entre o
chamado Brasil educado e a massa populacional eleitora que pela falta de
acesso à educação muitas vezes não tem condições de avaliar suas
própria prioridades. O governo Cabral e Eduardo Paes foram reeleitos com
larga margem de votos, aliados do próprio sonho desenvolvido pelo
Planalto de trazer para o Brasil eventos como a Copa do Mundo, no
próximo ano, e as Olimpíadas, em 2016.
A Copa do Mundo, por si só, constitui-se em um evento altamente lucrativo e vitorioso, com a procura aos ingressos ultrapassando as mais otimistas expectativas. No entanto, do outro lado da moeda, a educação e saúde pública sucateadas; o ineficiente sistema de transporte; o saneamento e redes de esgotos pífios nos grandes centros; o crescimento do consumo de drogas e utilização do país como rota do comércio de drogas para o exterior; a segurança pública com base na repressão exacerbada, principalmente em relação à população mais pobre; entre outras inúmeras mazelas, colocou em choque os chamados dois Brasis: o que cobra, como demonstraram as manifestações de junho, moralização de nosso caótico sistema político, que coloca em perigo a própria democracia, diante do descalabro da corrupção e impunidade e o outro Brasil que sobrevive por meio de políticas populistas, transformadas de emergenciais em eternas.
Os atuais dirigentes do Rio agem como todos os demais. O pão e o circo, como na Roma antiga, é que garante o cacife eleitoral e como já foi dito: "educação não dá voto". Não é uma prática exclusiva do estado, mas, regra geral de todo o país atulhado em 32 partidos políticos e mais os que estão aptos a surgir.
O prefeito Paes, inclusive, em recente entrevista, acalentava o sonho de contratar o cineasta Woody Allen para fazer um filme sobre o Rio, alegando que pagaria o que fosse pedido.
As posições às vezes deslumbradas distantes da grave realidade social brasileira a exigir medidas drásticas e não paliativas, contribui para o cada vez maior crescimento da violência urbana, marcado pela insatisfação de vários setores, principalmente os jovens que se sentem os mais ludibriados em nossa frágil e questionável democracia.
A educação em chamas, certamente, não é uma boa cena para um filme sobre o Rio.
Foto: Ricardo Moraes - Reuters
A Copa do Mundo, por si só, constitui-se em um evento altamente lucrativo e vitorioso, com a procura aos ingressos ultrapassando as mais otimistas expectativas. No entanto, do outro lado da moeda, a educação e saúde pública sucateadas; o ineficiente sistema de transporte; o saneamento e redes de esgotos pífios nos grandes centros; o crescimento do consumo de drogas e utilização do país como rota do comércio de drogas para o exterior; a segurança pública com base na repressão exacerbada, principalmente em relação à população mais pobre; entre outras inúmeras mazelas, colocou em choque os chamados dois Brasis: o que cobra, como demonstraram as manifestações de junho, moralização de nosso caótico sistema político, que coloca em perigo a própria democracia, diante do descalabro da corrupção e impunidade e o outro Brasil que sobrevive por meio de políticas populistas, transformadas de emergenciais em eternas.
Os atuais dirigentes do Rio agem como todos os demais. O pão e o circo, como na Roma antiga, é que garante o cacife eleitoral e como já foi dito: "educação não dá voto". Não é uma prática exclusiva do estado, mas, regra geral de todo o país atulhado em 32 partidos políticos e mais os que estão aptos a surgir.
O prefeito Paes, inclusive, em recente entrevista, acalentava o sonho de contratar o cineasta Woody Allen para fazer um filme sobre o Rio, alegando que pagaria o que fosse pedido.
As posições às vezes deslumbradas distantes da grave realidade social brasileira a exigir medidas drásticas e não paliativas, contribui para o cada vez maior crescimento da violência urbana, marcado pela insatisfação de vários setores, principalmente os jovens que se sentem os mais ludibriados em nossa frágil e questionável democracia.
A educação em chamas, certamente, não é uma boa cena para um filme sobre o Rio.
Foto: Ricardo Moraes - Reuters
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Só faltou o "Ao mestre com carinho"
O clima entre os professores do município do Rio e da rede estadual não anda bom
em relação aos governantes. Contudo, em pleno conflito no Centro do Rio com
ônibus pegando fogo e a pancadaria comendo, a Secretaria de Educação não esqueceu
de programar homenagem ao mês do Professor.
A programação conta com os filmes ‘Corda Bamba', ‘O inventor de Sonhos’ e ‘Mato sem Cachorro’
e na parte teatral o sugestivo 'Incêndios'. Só faltou o "Ao mestre com carinho".
em relação aos governantes. Contudo, em pleno conflito no Centro do Rio com
ônibus pegando fogo e a pancadaria comendo, a Secretaria de Educação não esqueceu
de programar homenagem ao mês do Professor.
A programação conta com os filmes ‘Corda Bamba', ‘O inventor de Sonhos’ e ‘Mato sem Cachorro’
e na parte teatral o sugestivo 'Incêndios'. Só faltou o "Ao mestre com carinho".
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
O dia em que o Brasil acreditou que poderia ser grande
3 de outubro: 60 anos da Petrobras
Por Mauricio Figueiredo
Desde o período colonial havia indícios da existência de petróleo no país. Contudo, durante muito tempo, muitos defendiam a ideia de que a exploração do chamado "ouro negro" pelo Brasil era contraproducente, pois as reservas eram insignificantes. Outros argumentavam que o país não tinha capacidade técnica para promover a exploração e se algum dia isso ocorresse deveria caber a grupos estrangeiros.
O início de tudo ocorreu quando o Marquês de Olinda concedeu a José de Barros Pimentel o direito de extrair betume em terrenos situados nas margens do rio Maraú, na Bahia, em 1858. Mas, a primeira jazida de petróleo só foi descoberta em 1939, no bairro de Lobato, na periferia de Salvador.
A partir daí começou a crescer a conscientização da importância da exploração do petróleo, caso quisesse de fato ser independente e passar de um simples país agrícola para uma fase de franca industrialização, como ocorria com as grandes nações no mundo. Houve, no entanto quem dissesse que o Brasil não deveria abandonar sua vocação agrícola.
Entre os que pensavam diferente estava o escritor paulista Monteiro Lobato, autor da frase célebre "O petróleo é nosso", despertando entre os brasileiros a campanha nacionalista deflagrada a partir de 1946 em defesa da soberania nacional sobre o recurso natural. O sucesso da campanha resultou no surgimento, sete anos depois, da Petrobras.
Foi em 3 de outubro de 1953, que o presidente da República Getúlio Vargas assinou a Lei No. 2004 durante cerimônia no Palácio do Catete, criando a Petrobras. Ela dispõe sobre a política nacional de petróleo e define as atribuições do Conselho Nacional de Petróleo. Institui a sociedade por ações do petróleo brasileiro como sociedade anônima e dá outras providências.
Contudo, durante muito tempo, muitos defendiam a ideia de que a exploração do chamado "ouro negro" pelo Brasil era contraproducente, pois as reservas eram insignificantes. Outros argumentavam que o país não tinha capacidade técnica para promover a exploração e se algum dia isso ocorresse deveria caber a grupos estrangeiros.
Vargas, na ocasião, declarou que “… a Petrobras assegurará não só o desenvolvimento da indústria petrolífera nacional, como contribuirá decisivamente para eliminar a evasão de nossas divisas. Constituída com capital, técnica e trabalho exclusivamente brasileiros, a Petrobras resulta de uma firme política nacionalistas no terreno econômico, já consagrada por outros arrojados empreendimentos em cuja viabilidade sempre confiei.”
Desde os primeiros passos, em 1930, quando o engenheiro agrônomo Manoel Inácio Bastos tomou conhecimento de que os moradores de Lobato, na Bahia, utilizavam uma “lama preta”, oleosa, para iluminar suas residências, passando a realizar pesquisas e coletas de amostras da lama oleosa, sendo considerado, na época, por muitos que seguiam a tese de que o Brasil não possuía petróleo, como "maníaco" até o surgimento da Petrobras - a maior empresa estatal brasileira e entre as maiores do mundo - o sonho de muitos brasileiros tornou-se realidade, criando as condições para o país crescer e avançar em muitas outras áreas.
Líder mundial em tecnologia para exploração de petróleo em águas profundas, a empresa tem agora o desafio de estabelecer parcerias para a retirada de óleo em águas ultraprofundas na camada pré-sal.
O binômio educação-tecnologia, no qual a Petrobras dá contribuição inestimável, é fundamental para que o Brasil consiga o grande ideal de um desenvolvimento sustentável, no qual a sua população não figure como mero espectador, mas, principalmente, como agente desse crescimento. Nesse aspecto, educação de qualidade passa a ser a palavra de ordem.
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
Copa com a Polícia da Rainha
Pensando bem - acho que não é uma boa hora para a Dona Fifa trazer o Beatles Paul para tocar na abertura da Copa do Mundo de 2014 -.
A não ser que traga junto a Polícia da Rainha.
A Praça é do Povo - Castro Alves
A Praça é do Povo!
...como o céu é do condor
"A praça é do povo!
como o céu é do condor".
É o antro onde a liberdade
cria águias em seu calor.
Senhor, pois quereis a praça?
Desgraçada a população!
Só tem a rua de seu...
Ninguém vós rouba os castelos,
Tende palácios tão belos...
Deixai a terra ao Anteu.
Mas embalde...que o direito
Não é pasto de punhal
Nem a patas de cavalo
Se faz um crime legal...
Ah! não há muitos setembros!
Da plebe doem-se os membros
No chicote do poder,
E o momento é malfadado
Quando o povo ensanguentado
Diz: já não posso sofrer.
Castro Alves (1847-1871)
...como o céu é do condor
"A praça é do povo!
como o céu é do condor".
É o antro onde a liberdade
cria águias em seu calor.
Senhor, pois quereis a praça?
Desgraçada a população!
Só tem a rua de seu...
Ninguém vós rouba os castelos,
Tende palácios tão belos...
Deixai a terra ao Anteu.
Mas embalde...que o direito
Não é pasto de punhal
Nem a patas de cavalo
Se faz um crime legal...
Ah! não há muitos setembros!
Da plebe doem-se os membros
No chicote do poder,
E o momento é malfadado
Quando o povo ensanguentado
Diz: já não posso sofrer.
Castro Alves (1847-1871)
Câmara Municipal de Kiev
Centenas
de manifestantes tentaram invadir a Câmara Municipal de Kiev para
contestar uma reunião dos políticos considerada ilegal, pois o mandato do grupo terminou em junho.
Como acontece em outras terras, onde a democracia ainda está sendo consolidada, o diálogo foi resolvido por meio da truculência e gás de pimenta da polícia.
Qualquer semelhança é mera coincidência (ou não?)
Como acontece em outras terras, onde a democracia ainda está sendo consolidada, o diálogo foi resolvido por meio da truculência e gás de pimenta da polícia.
Qualquer semelhança é mera coincidência (ou não?)
USA: vingança brasileira
Pois é - dizem que Deus é brasileiro - e a espionagem do país de Obama depois do discurso da
presidente Dilma, colocou o presidente norte-americano em verdadeiro inferno astral. Sobrou
até para a Estátua da Liberdade, que, com a falta do dinheiro para pagar os servidores públicos acabou tendo de fechar.
presidente Dilma, colocou o presidente norte-americano em verdadeiro inferno astral. Sobrou
até para a Estátua da Liberdade, que, com a falta do dinheiro para pagar os servidores públicos acabou tendo de fechar.
O mar não está pra REDE
O mar eleitoral não está pra peixe. A Rede de Marina Silva mesmo assim luta para
se transformar no 33º partido político brasileiro. Não é por falta de opções que o
eleitor deixará de escolher os melhores (ou não?)
se transformar no 33º partido político brasileiro. Não é por falta de opções que o
eleitor deixará de escolher os melhores (ou não?)
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
Educação ou Morte?
O 7 de Setembro, data comemorativa da
Independência do Brasil, tem a singularidade de servir de exemplo para o
fato de a liberdade ser uma conquista cotidiana, marcada pela ação de
todo um povo em sua opção de viver livremente ou sobre a tutela de algum
outro estado.
De verdade, o processo de independência do Brasil não ocorreu da noite para o dia., Antes do 7 de Setembro, muitos outros acontecimentos contribuíram para o desenrolar da separação do Brasil de Portugal. A Inconfidência Mineira é um desses exemplos, tendo na figura de Tiradentes o herói maior.
Em nosso século XXI, apontado por muitos como a Era do Conhecimento, em constante desenvolvimento científico e tecnológico, a verdadeira Independência ocorre pelo acesso da maioria das pessoas a uma educação de qualidade. Quando isso ocorre apenas em benefício de uns poucos, com a educação confundindo-se, indelevelmente, apenas como uma mercadoria como outra qualquer, esse ideal de povo independente se esvai.
O analfabetismo, ainda alto, embora diminuindo e o baixo nível de nosso ensino público e, em alguns casos, também, na esfera privada, compromete o verdadeiro desenvolvimento do país e a possibilidade da existência de uma economia auto sustentável.
Pelo contrário, o caos educacional (no Rio, uma das maiores universidades privadas do país, a Gama Filho é exemplo dessa crise) faz com que a sociedade brasileira acabe sendo constituída por uma elite escolarizada ao lado de grande massa de cidadãos de segunda classe.
É por isso, que temos déficit elevado de engenheiros, médicos, professores e demais profissões de ponta, essenciais para levar um país para frente. Enquanto postergarmos a prioridade verdadeira que temos de ter com a educação, continuaremos vivendo de medidas paliativas e sem que a essência do problema possa ser resolvida.
Fazer do magistério uma profissão que desperte o interesse de grande parcela de jovens qualificados está longe de se constituir medida corporativista, pois, com melhor educação para todos, as demais profissões acabam sendo beneficiadas também.
É inaceitável que o rendimento de um único trabalhador dos países adiantados seja, em termos de produtividade, equivalente ao de cinco ou mais trabalhadores brasileiros, dependendo da área, em virtude da baixa escolaridade. Há casos dessa ineficiência ser resultado do simples fato de muitos profissionais não estarem capacitados ao entendimento de uma instrução ou leitura de um manual.
Na Era da Inteligência, o Brasil tem apostado na importação de mão de obra de outros países. Quando alcançamos a população de 200 milhões de habitantes, é vergonhoso que nosso processo educacional não venha sendo capaz de colocar no mercado de trabalho número suficiente de profissionais para preencher as vagas em aberto.
No Ipiranga foi dado o brado de Independência ou Morte. Atualmente, ele significa Educação ou Morte.
De verdade, o processo de independência do Brasil não ocorreu da noite para o dia., Antes do 7 de Setembro, muitos outros acontecimentos contribuíram para o desenrolar da separação do Brasil de Portugal. A Inconfidência Mineira é um desses exemplos, tendo na figura de Tiradentes o herói maior.
Em nosso século XXI, apontado por muitos como a Era do Conhecimento, em constante desenvolvimento científico e tecnológico, a verdadeira Independência ocorre pelo acesso da maioria das pessoas a uma educação de qualidade. Quando isso ocorre apenas em benefício de uns poucos, com a educação confundindo-se, indelevelmente, apenas como uma mercadoria como outra qualquer, esse ideal de povo independente se esvai.
O analfabetismo, ainda alto, embora diminuindo e o baixo nível de nosso ensino público e, em alguns casos, também, na esfera privada, compromete o verdadeiro desenvolvimento do país e a possibilidade da existência de uma economia auto sustentável.
Pelo contrário, o caos educacional (no Rio, uma das maiores universidades privadas do país, a Gama Filho é exemplo dessa crise) faz com que a sociedade brasileira acabe sendo constituída por uma elite escolarizada ao lado de grande massa de cidadãos de segunda classe.
É por isso, que temos déficit elevado de engenheiros, médicos, professores e demais profissões de ponta, essenciais para levar um país para frente. Enquanto postergarmos a prioridade verdadeira que temos de ter com a educação, continuaremos vivendo de medidas paliativas e sem que a essência do problema possa ser resolvida.
Fazer do magistério uma profissão que desperte o interesse de grande parcela de jovens qualificados está longe de se constituir medida corporativista, pois, com melhor educação para todos, as demais profissões acabam sendo beneficiadas também.
É inaceitável que o rendimento de um único trabalhador dos países adiantados seja, em termos de produtividade, equivalente ao de cinco ou mais trabalhadores brasileiros, dependendo da área, em virtude da baixa escolaridade. Há casos dessa ineficiência ser resultado do simples fato de muitos profissionais não estarem capacitados ao entendimento de uma instrução ou leitura de um manual.
Na Era da Inteligência, o Brasil tem apostado na importação de mão de obra de outros países. Quando alcançamos a população de 200 milhões de habitantes, é vergonhoso que nosso processo educacional não venha sendo capaz de colocar no mercado de trabalho número suficiente de profissionais para preencher as vagas em aberto.
No Ipiranga foi dado o brado de Independência ou Morte. Atualmente, ele significa Educação ou Morte.
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
Os Neros da Educação
Mauricio Figueiredo
Há mais de 70 dias, os profissionais de Educação de Mangaratiba, na Costa Verde do Estado do Rio, encontram-se em greve. Eis um acontecimento que deveria, como tantos outros causar uma grande comoção. Mas, infelizmente, a parcela menos favorecida da sociedade, apesar dos protestos de rua, ainda sofre com a "vida de gado" imposta por alguns governantes.
Quando vemos pessoas morrendo em filas de hospitais, posta de qualquer maneira em macas improvisadas ou mesmo em um canto do chão e ao mesmo tempo, equipamentos caríssimos apodrecendo em depósitos por falta de profissionais habilitados a operá-los, temos a dimensão do quanto é preciso ser feito em termos de educação no país.
A precariedade de nossas estradas, dos nossos equipamentos urbanos; nosso péssimo sistema de transporte; a falta de uma política habitacional; e de acesso a educação de qualidade, nos leva a constatação do distanciamento entre os que governam e a massa da população.
Diante disso, jovens indignados - como novos Castro Alves - protestam nas ruas, lutando pela libertação dos "novos escravos" do século XXI - os marginalizados do acesso à saúde, educação, transporte, moradia, etc -.
É verdade que muito tem sido feito, mas ao mesmo tempo, muito mais poderia ser feito no caso da fixação das verdadeiras prioridades e principalmente o combate rigoroso à praga da corrupção, com os desvios de verbas.
E é na educação, onde os efeitos são mais dolorosos. A democracia tão bravamente conquistada pela luta de muitos acaba sendo aviltada pela ação criminosa dos que se agarram em cargos públicos, fazendo do jogo político um instrumento de desencanto entre os eleitores.
A ação dos maus políticos é o caminho que leva aos regimes de exceção tão prejudiciais ao pleno desenvolvimento de um país. E nesse aspecto, a má qualidade da educação é valioso instrumento para a despolitização da sociedade, impedindo a solidificação do regime democrático.
Por isso, os 70 dias de estudantes sem aula, em Mangaratiba, são o retrato de um Brasil, cujos políticos passaram a fazer do factóide instrumento de aproximação com o eleitorado, tentando enganar ainda os menos esclarecidos.
Uma espécie de Neros do mundo atual, anunciando que desistiram de colocar fogo em Roma, mas em contrapartida incendiando tudo com o descaso com as coisas essenciais, entre elas a educação.
segunda-feira, 29 de julho de 2013
...Leio os jornais e vejo um poderoso que bate em um super hospital...
MUNDO MARAVILHOSO
Olho da minha janela
e vejo o mundo
e penso como ele pode ser
maravilhoso (como na canção
de Armstrong).
Como as coisas podem ser transformadas para melhor
se houver menos egoísmo, ganância e vaidade.
Leio os jornais e vejo um poderoso que bate em um
super hospital, que por melhor equipado que seja, não
é o bastante para garantir qualquer vida na face da Terra.
Olho da minha janela
e vejo a árvore majestosa do frio inverno e as folhas que
dela caem inundando o chão e penso como o mundo
poderia ser bem melhor se o homem não quisesse ou
pensasse que é eterno.
E do outro lado da calçada a mulher grávida que caminha
com roupa de ginástica...
E então eu aposto na Vida.
Olho da minha janela
e vejo o mundo
e penso como ele pode ser
maravilhoso (como na canção
de Armstrong).
Como as coisas podem ser transformadas para melhor
se houver menos egoísmo, ganância e vaidade.
Leio os jornais e vejo um poderoso que bate em um
super hospital, que por melhor equipado que seja, não
é o bastante para garantir qualquer vida na face da Terra.
Olho da minha janela
e vejo a árvore majestosa do frio inverno e as folhas que
dela caem inundando o chão e penso como o mundo
poderia ser bem melhor se o homem não quisesse ou
pensasse que é eterno.
E do outro lado da calçada a mulher grávida que caminha
com roupa de ginástica...
E então eu aposto na Vida.
sexta-feira, 10 de maio de 2013
Rainha do Lar
AVENTAL TODO SUJO DE OVO
Minha mãe, com certeza, está entre as primeiras mulheres que
nos anos 40, em plena Segunda Guerra Mundial, ingressou no mercado de trabalho,
não como participante de algum movimento feministas, que não existia na
ocasião, mas levada pela necessidade de lutar pelo pão nosso de cada dia, pois,
minha avó viúva dificilmente teria condições de sustentar seus 11 filhos.
Eximia datilógrafa, o que corresponderia atualmente, a um
especialista da área de informática, ela tornou-se secretária do então
presidente da FNM (Fábrica Nacional de Motores), a popular Fê Nê Mê, Brigadeiro
Guedes Muniz. A ida toda manhã, do ônibus da companhia que a apanhava no
Sampaio, bairro da zona norte do Rio, rumo a Xerém, onde ficava a fábrica, por
vezes se constituía em um tormento, principalmente nos dias de temporais,
quando os raios caiam por todo o lado na estrada que conduzia o ônibus por
entre as imensas árvores. A FNM ficava na subida da Serra para Petrópolis. Não
podendo esconder seu imenso medo era alvo das gozações dos engenheiros e
técnicos, sendo ela a única mulher no veículo.
Meu pai era um dos assistentes do brigadeiro e sempre
retornava de Xerém de helicóptero. Mas, um belo dia batendo os olhos na
secretária (minha mãe), mudou o rumo da prosa e passou a voltar da fábrica
também de ônibus.
Quando meus pais se casaram ouve pressão de meus tios e da
família de minha mãe para que meu pai fizesse com que ela deixasse o emprego.
Na ocasião, não era comum mulher casada trabalhar fora, com exceção de
profissões como o magistério e enfermagem, entre poucas outras. Ter cedido as
pressões foi, segundo minha mãe, um de seus grandes arrependimentos, pois
acreditava que se seguisse carreira talvez tivesse melhores condições
financeiras, junto com meus pais, que passou a arcar praticamente sozinho com
as despesas da nova família. Minha mãe mesmo assim sempre conciliou os
trabalhos domésticos e a criação dos filhos com diversas outras atividades, com
o objetivo de aumentar a renda familiar.
Nos Dias das Mães para ela era intolerável quando na rádio
surgia Angela Maria entoando uma canção especial do dia, em que outras
exaltações dizia que se via a mãe surgindo com o avental todo sujo de ovo. Para
ela, tal imagem era degradante. “Onde já se viu uma mãe com avental todo sujo
de ovo, como se não tivesse algo mais nobre a apresentar”.
Quando queríamos irritá-la, eu e as minhas irmãs, com meu
pai puxando o coro, cantávamos no Dia das Mães os versos de que “Ela é a dona
de tudo. Ela é a rainha do lar. Ela vale mais para mim que o céu que a terra
que o mar...”. Porém, antes de chegarmos ao “avental todo sujo de ovo”, minha
mãe indignada botava todo mundo pra correr.
Obrigado mãe: baixinho eu canto “A Rainha do Lar” com a doce
impressão de que de repente você aparecerá colocando a casa em ordem.
quarta-feira, 10 de abril de 2013
10 de abril
AGRADECIMENTO
OBRIGADO A DEUS QUE CRIOU O MEU MUNDO
OBRIGADO A DICELLES E LOURIVAL QUE ME COLOCARAM NO MUNDO
OBRIGADO A GRAÇA, JULIA, CECILIA, SOFIA E CLARA
QUE FAZEM O MEU MUNDO!
OBRIGADO AOS AMIGOS QUE SÃO OS MEUS PRESENTES NO MUNDO
OBRIGADO A DEUS QUE CRIOU O MEU MUNDO
OBRIGADO A DICELLES E LOURIVAL QUE ME COLOCARAM NO MUNDO
OBRIGADO A GRAÇA, JULIA, CECILIA, SOFIA E CLARA
QUE FAZEM O MEU MUNDO!
OBRIGADO AOS AMIGOS QUE SÃO OS MEUS PRESENTES NO MUNDO
domingo, 7 de abril de 2013
Coreia do Norte: o rato que ruge
Dilma entre a cruz e a espada
De acordo com as pesquisas de opinião a presidente Dilma Rousseff está hoje em condições excepcionais de popularidade junto à opinião pública. Seu desempenho suplanta ao de Fernando Henrique e Luis Inácio Lula da Silva. Contudo, como ocorre com o futebol __ paixão nacional __ a vida muda de minuto a minuto. Ela tem como grande adversário a ameaça da volta da escalada inflacionária, na qual o tomate figura como símbolo ameaçador, junto com outros pepinos e abacaxis.
Mas a presidente Dilma pode ter em seus aliados do Partido dos Trabalhadores também empecilho para seu projeto de reeleição, aparentemente fácil. A candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pode, correndo por fora ganhar fôlego. Mas é no impasse que começa a aparecer no Estado do Rio, grande colégio eleitoral, e, em termos nacionais com o mundo evangélico, que a presidente poderá encontrar barreiras difíceis a sua candidatura.
O PMDB do governador do Rio, Sérgio Cabral, junto com seu fiel escudeiro do Rio, Eduardo Paes, teve um papel de grande importância na eleição da presidente Dilma, derrotada em São Paulo e em Minas, estados que hoje são governados pela oposição. A fidelidade de Cabral está ligada ao PT aderir a candidatura de seu vice, Pezão. Só que o partido fluminense colocou na mesa o nome do senador e ex-prefeito de Nova Iguaçu Lindenberg, o ex-líder dos carapálidas que seguindo a máxima bíblica soube conviver pacificamente na Casa com o ex-presidente Collor. O PMDB também se valendo de valores religiosos considera a atitude do PT fluminense uma verdadeira traição a presidente Dilma e se a candidatura Lindenberg for levada adiante, o partido do governador Cabral poderá em 2014 tomar outro rumo. Sem a força politica de São Paulo e Minas Gerais e ainda com a candidatura forte do governador de Pernambuco, a reeleição de Dilma poderá se tornar mais difícil, sobretudo se o quadro econômico não melhorar como se espera.
Também o racha com os evangélicos poderá ser prejudicial à candidatura Dilma. Em entrevista a Veja, o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara, Marco Feliciano, disse com todas as letras que na hora do perigo, o PT recorreu aos evangélicos para tornar viável a eleição da escolhida por Lula, até então, ilustre desconhecida para a maioria do eleitorado. E ele disse que em 2014 poderá ter volta ao que considera traição da esquerda petista, com o seu "linchamento" público.
Mostrando a união do mundo evangélico, o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, a denominação brasileira com maior número de fiéis, em artigo para a Folha de São Paulo (5 de abril) afirma que toda essa mobilização contra o pastor Feliciano (Marco Feliciano é a bola da vez - é o título do artigo) "tinha um motivo maior: desviar os holofotes do PT. Afinal, enquanto se discutia a posse de Feliciano na CDHM, dois deputados condenados pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão, João Paulo Cunha (PT-SP) e José Genoíno (PT-SP), tornaram-se membros da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, a mais importante comissão da Câmara".
O ex-presidente Fernando Henrique, por sua vez, sente que o clima político que coloca a presidente Dilma entre a cruz do movimento evangélico e a espada do PMDB do governador Cabral é adequado a decolagem da candidatura do ex-governador de Minas Aécio Neves e de forma contundente pede a união dos correligionários de seu partido PSDB e joga a farpa no ar: "Nosso governo começou com estabilização e continuou com políticas sociais. O período em que o Brasil cresceu mais socialmente foi no meu governo (...) O povo me elegeu duas vezes no primeiro turno e ninguém conseguiu isso. Eu não roubei, e isso é muito importante".
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O rato que ruge
A nova guerra da Coreia (Norte) faz lembrar o filme cômico "O rato que ruge", no qual um paiseco sem importância no cenário internacional acaba declarando guerra aos Estados Unidos, que nem se dá ao trabalho de responder, desconhecendo solenemente o fato. O filme é de 1959 e nele um pequeno país em grave crise financeira declara guerra aos Estados Unidos. A tese do mandatário, vivido pelo impagável Petter Sellers (A Pantera Cor de Rosa, entre outros), é de como perderão a guerra, o país depois será beneficiado com ajuda para se reerguer. O problema é que desembarcam em um velho navio em Nova York e são surpreendidos com a notícias de que possuem "a bomba das bombas", fazendo o poderoso inimigo se render.
No Brasil tem gente e partidos políticos torcendo pelo rato que ruge...
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Eduardo Campos na PUC-Rio
Em sua estratégia política de fixar seu nome em todo país, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, esteve presente na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) entoando o discurso da necessidade de elaboração de um projeto para o país e não de perpetuação no poder. O candidato do PSB à Presidência da República, em discurso na oficina "Diálogos do Desenvolvimento Brasileiro" disse que "ao PSB não encanta um projeto de poder, mas de nação. Enquanto muitos podem pesar só em eleição, vamos pensar só em eleição, vamos pensar no Brasil".
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Transportes públicos no Rio
Durante a semana o transporte público no Rio de Janeiro é o inferno de sempre. Metrô superlotado, bem como trens que às vezes saem dos trilhos e ônibus que caem de viadutos e trafegam em velocidades incompatíveis com qualquer norma de segurança. Já no fim de semana, o quadro muda. O número de ônibus em circulação é extremamente reduzido. Isso é vísivel a qualquer observador atento que se coloca em algum ponto da Avenida Presidente Vargas ou Rio Branco. Os ônibus simplesmente somem mesmo em plenta tarde.
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Flamengo sem o primo do Messi
Na volta da Fonte Nova, no domingo, 7 de abril, o argentino Mancuso, que foi dispensado pelo Flamengo, fez um golaço no clássico Bahia e Vitória. Um gol que seu primo Messi assinaria.
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Reforçando o inimigo
Por falar em Flamengo, a equipe da Gávea bobeou e acabou reforçando o adversário Botafogo com vários de seus ex-jogadores. Andrezinho, Felipe Gabriel e André Bahia. Sem falar no holandês Seedorf que cairia como uma luva na Gávea. O Mengo perdeu Ronaldinho Gaúcho e Vagner Love e preferiu apostar no "bom, bonito e barato". Agora os torcedores verão as finais do estadual de olho na telinha da TV.
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Creche nos estádios
O governo quer colocar na escola, obrigatoriamente, todas as crianças a partir dos 4 anos. A tarefa é fácil: basta aproveitar os "elefantes brancos" que se transformarão os diversos estádios de futebol que estão sendo construídos em todo o país para a Copa de 2014. Já assegurar a qualidade do ensino em todos os níveis é tarefa mais difícil. Exige investimentos e valorização dos professores.
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Belmira Brondani
Estive com a amiga e jornalista Belmira Brondani que vem realizando um verdadeiro período sabático, com muitos estudos e cursos, especialmente os ligados à mídia digital, incluindo viagens ao exterior, onde foi ver a Itália __ origem de sua família gaúcha de Santa Maria (RS) __ e de quebra curtindo um pouco de Paris.
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Marcelo Motta
Aprovação Automática para o parceiro Marcelo Motta que aniversariou dia 6 de abril. Jornalista da UPPE-Sindicato, ele representa a presidente da entidade na Comissão de Educação da Alerj.
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quinta-feira, 21 de março de 2013
Minha Casa, minha grande furada!
Os anarquistas, um movimento romântico, que nunca deu certo no mundo real, preconizavam que a propriedade é um roubo. Marx, em um de seus escritos, desancou com a turma, que entre outras coisas, também, sonhava com uma sociedade sem policiais. Qualquer garoto que hoje entra para a universidade e que esteja um pouco desligado das coisas do mundo, ou seja, tenha papai e mamãe para bancar seus gastos mínimos, se apaixona pelos escritos anarquistas. É uma ótima literatura para conquistar namoradas também sonhadoras, entremeando com algumas canções de roqueiros revolucionários e outros do gênero.
Faço essa introdução para dizer que "minha casa não é mais a minha vida". Quando ingressei por volta dos 18 anos no mercado de trabalho, minha mãe me aconselhou para que não fizesse como a maioria dos jovens de minha idade que saía logo comprando um carro. A sabedoria de mãe me orientou para investir em um imóvel, o que fiz e não me arrependi.
Mas, hoje, com o passar dos anos e com a mudança do mundo, não é a dica que dou para os mais novos. Eu recomendaria um bom par de tênis e uma bicicleta.
E recomendaria ainda mais. Estiquem a adolescência até uns 30, 40 anos ou o máximo que puderem antes dos pais lhe botarem para correr, como em um delicioso filme europeu (desculpem ter esquecido o nome), em que os pais fazem de tudo para expusar o malandro de casa (acho que se chama Tangui), inclusive simulando até um divórcio entre o casal.
Comprar casa ou mesmo um terreninho no mundo atual é a maior dor de cabeça. Você escolhe um bairro acolhedor e de repente, da noite pro dia corre o risco de (como ocorre no Centro de São Paulo) ver sua rua ter se transformar em um ponto de comércio 24 horas de crack, ficando você ilhado no apartamento boa parte do dia.
Um especialista no assunto, também contrário aos investimentos em imóvel, cita o caso de seus avós que investiram as economias em um amplo e confortável apartamento em Copacabana. Com o passar do tempo, os filhos foram casando e deixando o apartamento e o casal de velhinhos ficou com um elefante branco, cheio de quartos, com gastos elevados com empregados e condomínio. E para agravar a situação, a rua famosa com a evolução dos costumes passou a ser ponto de prostituição e com isso, o valor do imóvel - o tal de elefante branco - caiu vertiginosamente.
No meu caso, meu apartamento valorizou muito por ser de fundos. Os apartamentos de frente se desvalorizaram com o boom dos automóveis e transportes em geral. A rua antes sossegada passou a ter duas linhas de ônibus circulando, além de kombis e vans que nas primeiras horas da manhã acordam os moradores com os assistentes dos motoristas gritando a pleno pulmões o itinerário. Nos fundos, reina sossego e a segurança como as de um castelo medieval rodeado de grades e porteiros 24 horas.
O imóvel em termos de qualidade sofre os impactos da economia. Esteve muito desvalorizado quando o garoto do vizinho aderiu a funk e vivia tocando a música do Bonde do Dendê em alto volume a qualquer hora do dia, sem que os pais o pudessem controlar - como acontece hoje em muitas famílias. Em boa hora, o menino se converteu a uma igreja, engravidou uma menina e caiu fora do apartamento. A paz enttão voltou a reinar.
O problema é nos fins de semana. Quando a economia melhora chega um caminhãozinho com cadeiras e mesinhas e se for festa de criança até com pula-pula e apesar da lei do silêncio o som dos bêbados e das equilibristas se arrasta até quase meia-noite, com o cheiro do churrasco queimado se espalhando pelo prédio.
Mas, como diz o ditado: ama seu vizinho como a si mesmo. Nos dias atuais, comprar imóvel é uma grande furada. O melhor é o aluguel. Você escolhe o seu paraíso e se em um ano ele virar o inferno é só você tocar fora, pois, nessa terra de ninguém o tempos de se queixar com o bispo também já passou.
Faço essa introdução para dizer que "minha casa não é mais a minha vida". Quando ingressei por volta dos 18 anos no mercado de trabalho, minha mãe me aconselhou para que não fizesse como a maioria dos jovens de minha idade que saía logo comprando um carro. A sabedoria de mãe me orientou para investir em um imóvel, o que fiz e não me arrependi.
Mas, hoje, com o passar dos anos e com a mudança do mundo, não é a dica que dou para os mais novos. Eu recomendaria um bom par de tênis e uma bicicleta.
E recomendaria ainda mais. Estiquem a adolescência até uns 30, 40 anos ou o máximo que puderem antes dos pais lhe botarem para correr, como em um delicioso filme europeu (desculpem ter esquecido o nome), em que os pais fazem de tudo para expusar o malandro de casa (acho que se chama Tangui), inclusive simulando até um divórcio entre o casal.
Comprar casa ou mesmo um terreninho no mundo atual é a maior dor de cabeça. Você escolhe um bairro acolhedor e de repente, da noite pro dia corre o risco de (como ocorre no Centro de São Paulo) ver sua rua ter se transformar em um ponto de comércio 24 horas de crack, ficando você ilhado no apartamento boa parte do dia.
Um especialista no assunto, também contrário aos investimentos em imóvel, cita o caso de seus avós que investiram as economias em um amplo e confortável apartamento em Copacabana. Com o passar do tempo, os filhos foram casando e deixando o apartamento e o casal de velhinhos ficou com um elefante branco, cheio de quartos, com gastos elevados com empregados e condomínio. E para agravar a situação, a rua famosa com a evolução dos costumes passou a ser ponto de prostituição e com isso, o valor do imóvel - o tal de elefante branco - caiu vertiginosamente.
No meu caso, meu apartamento valorizou muito por ser de fundos. Os apartamentos de frente se desvalorizaram com o boom dos automóveis e transportes em geral. A rua antes sossegada passou a ter duas linhas de ônibus circulando, além de kombis e vans que nas primeiras horas da manhã acordam os moradores com os assistentes dos motoristas gritando a pleno pulmões o itinerário. Nos fundos, reina sossego e a segurança como as de um castelo medieval rodeado de grades e porteiros 24 horas.
O imóvel em termos de qualidade sofre os impactos da economia. Esteve muito desvalorizado quando o garoto do vizinho aderiu a funk e vivia tocando a música do Bonde do Dendê em alto volume a qualquer hora do dia, sem que os pais o pudessem controlar - como acontece hoje em muitas famílias. Em boa hora, o menino se converteu a uma igreja, engravidou uma menina e caiu fora do apartamento. A paz enttão voltou a reinar.
O problema é nos fins de semana. Quando a economia melhora chega um caminhãozinho com cadeiras e mesinhas e se for festa de criança até com pula-pula e apesar da lei do silêncio o som dos bêbados e das equilibristas se arrasta até quase meia-noite, com o cheiro do churrasco queimado se espalhando pelo prédio.
Mas, como diz o ditado: ama seu vizinho como a si mesmo. Nos dias atuais, comprar imóvel é uma grande furada. O melhor é o aluguel. Você escolhe o seu paraíso e se em um ano ele virar o inferno é só você tocar fora, pois, nessa terra de ninguém o tempos de se queixar com o bispo também já passou.
domingo, 3 de março de 2013
Consultório Sentimental
Uma velha amiga me telefona. Diz estar passando por um problema de ordem sentimental. Estranho ser eu o procurado, com tantos psicólogos, conselheiros e mesmo outros amigos ou amigas mais qualificados. Ela diz que vê em mim uma pessoa segura (é importante saber como outros olhos nos vêem) e que lembrou de muitas de nossas conversas nos intervalos do curso de Inglês. Apenas - como manda o figurino - fiquei a escutá-la. Nessas horas, as pessoas necessitam mais de um ouvido do que de uma boca, mesmo que amiga. Ela fala de um "relacionamento". De um antigo namorado e que chegaram até a ficar noivos. Fala de brigas e reconciliações, como algo doentio. E, conta que agora tomou uma decisão de não reatar mais e procurar um novo caminho. Contudo, assinala que ele vive insistindo pela nova reconciliação, mas ela definitivamente não quer mais. E, finalmente, explica no que posso contribuir. Me pede uma sugestão para que explique de vez ao ex-namorado que tudo está definitivamente terminado.
Penso um momento, e o que me vem a cabeça é "A Fonte Secou", de Monsueto Menezes, e então começo a cantar a música para ela. Do outro lado do telefone, vem a sonora gargalhada e o "muito obrigado. Você é o máximo".
Acho que vou abrir um consultório sentimental. Para quem precisar:
A fonte secou
Monsueto Menezes
Eu não sou água
pra me tratares assim
só na hora da sede
é que procuras por mim
a fonte secou
quero dizer que entre nós
tudo acabou
teu egoísmo me libertou
não deves mais me procurar
a fonte do meu amor secou
mas os teus olhos nunca mais hão de secar
Eu não sou água
pra me tratares assim
só na hora da sede
é que procuras por mim
a fonte secou
quero dizer que entre nós
tudo acabou
teu egoísmo me libertou
não deves mais me procurar
a fonte do meu amor secou
mas os teus olhos nunca mais hão de secar
domingo, 24 de fevereiro de 2013
A criança sem limites
Um dos grandes problemas que as escolas, tanto públicas como privadas, enfrentam na atualidade
diz respeito ao agravamento da indisciplina em sala de aula e fora dela. Notícias de agressões aos
professores e entre os próprios estudantes, no que se convencionou chamar de bullying (a violência
conforme o termo inglês, mostrando ser este um problema mundial), são constantes.
Na avaliação de alguns estudiosos, o problema aumentou em tamanho diante da própria permissividade da sociedade. Há os que culpam os meios de comunicação, que por sua vez se defendem alegando apenas reproduzirem o que existe na prática e não pode deixar de ser noticiado. Outros apontam os próprios governantes e legisladores como responsáveis, diante da frouxidão das leis ou mesmo pelo fato de não serem cumpridas.
Nos Estados Unidos, a questão da criança sem limites foi atribuída ao médico e educador Dr. Spock,
com orientações no sentido de os pais não tolherem o comportamento dos filhos, a fim de que não
fossem vítimas de traumas futuros. Muitos psicólogos também engendraram por este caminho e a
chamada Geração Spock passou a ser vista como aquela que podia tudo ser ser contestada.
A diluição da família tradicional, com o crescimento das separações entre os pais, trouxe um novo
complicador, como o fato de crianças criadas sem a presença da figura paterna, com as mães
exercendo dupla função. A ausência do pai, em muitos casos, passou a ser justificativa para a
cumplicidade materna em relação a desobediência dos filhos. Também se fala das crianças criadas
ou sobre influência direta dos avós, que colocam os netos como verdadeiros "príncipes" e "princesas"
que têm todas as vontades obedecidas.
Há também o caso das empregadas domésticas ou babás, muitas responsáveis direta pelo maior
contato com as crianças, mas sem que tenham formação ou preparação adequada para este tipo
de convívio. E, por fim, o mundo fantástico da televisão e demais eletrônicos que passam a ser os
reais formadores do caráter e comportamento da criança, adolescentes e jovens em geral.
Instituições como as escolas e igrejas, que no passado exerciam grande influência, parecem perder
força diante desse novo maravilhoso mundo novo de luzes e entretenimentos que em 24 horas rodeiam a criança.
São brinquedos e mais brinquedos que se tornam accessíveis (inclusive distribuídos em redes de fast
food associando perigosamente alimentação com o lúdico) e consumidos rapidamente pela criança.
Esse consumismo é feito com a destruição sistemática do brinquedo que logo dará lugar a um novo,
muitas vezes caros, com o sacrifício de parte da renda dos pais, e sem qualquer sentido pedagógico.
No mundos dos heróis e super heróis, o menino e no caso das meninas, das bonecas que são cópias
das mulheres atraentes que precocemente precisam se transformar, a criança encontra total falta de
harmonia entre os ensinamentos (quando isso chega a ocorrer) dos pais e a chamada modernidade.
As refeições deixam de ser feitas na mesa, na qual a família pode dar início a uma conversação, estabelecer um diálogo. A comida que é uma réplica do que a criança se acostumou a ter fora de casa é composta por alimentos gordurosos, salgados, super doces, etc, em detrimento de nutrientes essenciais para o bom desenvolvimento. Com isso, cresce assustadoramente o número de crianças obesas, que determinam aos pais o que deve ser feito no almoço ou no jantar e se recusam a comer o que lhes é oferecido.
Tudo isso depois se reflete no ambiente escolar e na própria vida
em sociedade. O princípio da autoridade que não é exercido dá lugar a
uma falsa liberdade que surge mais como libertinagem e desrespeito total
às leis e aos direitos do próximo. Não se respeitam os sinais, as
faixas de segurança nas travessias, a s lugares dos idosos nos coletivos, etc.
As religiões - que em sua maioria, colocam a autoridade ou o respeito ao próximo como base de sua
essência - passam a ser letras morta em um mundo em que pais deixam, pelos mais variados motivos,
de exercerem efetivamente o papel de educadores dos filhos.
Estabelecer limites para as crianças, passa a ser, antes de tudo, uma forma adulta de respeitá-las e prepará-las para uma sociedade que temos obrigação de tornar melhor.
Estabelecer limites para as crianças, passa a ser, antes de tudo, uma forma adulta de respeitá-las e prepará-las para uma sociedade que temos obrigação de tornar melhor.
sábado, 26 de janeiro de 2013
NÓS, OS SUPER EUS
"Veja quanto livro na estante!
“Don Quixote”
“O Cavaleiro Andante”
Luta a vida inteira contra o rei"
(Raul Seixas)
De repente você dá uma olhada na estante da sala e depara com uma verdadeira biblioteca. São centenas de livros, sem contar outros espalhados em outros locais da casa. O mesmo ocorre em relação a CDs e DVDs e antes já houve coleções de centenas de fitas cassetes e fitas de vídeos que com o passar do tempo foram criando uma camada leve de um pó branco misterioso, se deteriorando com o tempo, até saírem de moda e virarem peça de museu, tão qual a sua filmadora de seis cabeças com fitas beta max e outros aparatos tecnológicos. E os seus primeiros celulares que você carregava pela rua, como quem estivesse protegendo um valioso tesouro preste a ser roubado pelos "marginais do sistema produtivo", que ficam também de tocaia para entrar na onda do consumo. Se lembra do tempo em que roubavam tênis e relógios nos ônibus urbanos?
Mas graças a grande produtividade do mundo capitalista, com o aval da China comunista (mas não tanto), hoje todos nós temos direito ao acesso a qualquer quinquilharia, "Para a nossa alegria". O colega jornalista me pede emprestado o DVD do filme "O Jornal", que teve interesse de ver depois que teci alguns comentários. Me devolveu no dia seguinte. Perguntei se gostou. Alegou que só ia ver no fim de semana. Então, jurassicamente disse para que ele ficasse com o "produto" por mais algum tempo. Ele olhou-me espantado e disse: "não
é preciso. Já tirei duas cópias. Uma para mim e outra para minha namorada".
E se tira cópia por menos de 2 reais de qualquer coisa. Vejo postagem na ARD de um casal - a Barbie e o Ken - e não chego a acreditar que são humanos. O Ken admite que já fez mais de 100 plásticas para ficar idêntico ao boneco da Mattel.
Vejo que os Kids já não possuem mais apego as coisas, como era costume com os de minha geração. Sinto vergonha da minha biblioteca e coleção de coisas, quando no mundo atual tudo é tão descartável.
Custei a perder a mania de quando saia do restaurante guardar palito ou guardanapo não utilizado, achando que iria tudo para a lixeira. Estocava em casa coisas como alguém que temesse o fim do mundo ou a terceira guerra mundial.
Agora, vejo que as coisas não funcionam mais assim e entendo perfeitamente o sentido de termos como "pau na máquina". Tudo é feito para escangalhar e se possível com a máxima rapidez. Tudo é pronto para ser descartado. Igual a seringa que a enfermeira me aplica algo na veia na UPA para instantaneamente acabar com uma dor nas costas de um exercício feito de mal jeito.
O médico __ com feições de descedente japonês __ me chama e por trás de seu computador e imprime a receita de manutenção. Comento gentil que fui pego de surpresa, na madrugada, e não tinha sequer um comprimido contra dores em casa.
Ele me olha espantado e diz: "isso não é bom. Remédio perde a validade muito rapidamente. O melhor é usar a quantidade prescrita e depois jogar fora."
Preciso de uma nova coluna ou quem sabe umas cirurgias que me aproximem um pouco do Brad Pitt.
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