As duas redes públicas do Estado do Rio encontram-se em
prolongada greve, com milhares e milhares de crianças e jovens sem
aulas, sendo que os maiores altamente comprometidos em sua formação e
provas do ENEM e vestibulares. A falta de diálogo entre os profissionais
de educação e os governantes é resultado do distanciamento entre o
chamado Brasil educado e a massa populacional eleitora que pela falta de
acesso à educação muitas vezes não tem condições de avaliar suas
própria prioridades. O governo Cabral e Eduardo Paes foram reeleitos com
larga margem de votos, aliados do próprio sonho desenvolvido pelo
Planalto de trazer para o Brasil eventos como a Copa do Mundo, no
próximo ano, e as Olimpíadas, em 2016.
A Copa do Mundo, por si só, constitui-se em um evento altamente
lucrativo e vitorioso, com a procura aos ingressos ultrapassando as mais
otimistas expectativas. No entanto, do outro lado da moeda, a educação e
saúde pública sucateadas; o ineficiente sistema de transporte; o
saneamento e redes de esgotos pífios nos grandes centros; o crescimento
do consumo de drogas e utilização do país como rota do comércio de
drogas para o exterior; a segurança pública com base na repressão
exacerbada, principalmente em relação à população mais pobre; entre
outras inúmeras mazelas, colocou em choque os chamados dois Brasis: o
que cobra, como demonstraram as manifestações de junho, moralização de
nosso caótico sistema político, que coloca em perigo a própria
democracia, diante do descalabro da corrupção e impunidade e o outro
Brasil que sobrevive por meio de políticas populistas, transformadas de
emergenciais em eternas.
Os atuais dirigentes do Rio agem como todos os demais. O pão e o circo,
como na Roma antiga, é que garante o cacife eleitoral e como já foi
dito: "educação não dá voto". Não é uma prática exclusiva do estado,
mas, regra geral de todo o país atulhado em 32 partidos políticos e mais
os que estão aptos a surgir.
O prefeito Paes, inclusive, em recente entrevista, acalentava o sonho de
contratar o cineasta Woody Allen para fazer um filme sobre o Rio,
alegando que pagaria o que fosse pedido.
As posições às vezes deslumbradas distantes da grave realidade social
brasileira a exigir medidas drásticas e não paliativas, contribui para o
cada vez maior crescimento da violência urbana, marcado pela
insatisfação de vários setores, principalmente os jovens que se sentem
os mais ludibriados em nossa frágil e questionável democracia.
A educação em chamas, certamente, não é uma boa cena para um filme sobre o Rio.
Foto: Ricardo Moraes - Reuters
Mauricio Figueiredo
Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
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