Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

domingo, 8 de dezembro de 2013

Educação, futebol e violência



O campeonato Brasileiro de futebol chega ao seu fim, mais uma vez com cenas de violência em um estádio, com três torcedores sendo levado para o hospital em estado de coma. São episódios que se repetem com frequência, em país rico em todo tipo de leis e pobre em termos de cumprimento das leis.

A situação chega a ser grotesca, quando no mundo do esporte a punição ocorre apenas com a perda do mando de campo do clube que recebe um visitante. Com relação aos que promovem a violência, praticamente, nada ocorre. Pelo contrário, a morte de um menino na Bolívia acaba gerando certa comoção até com o envolvimento de políticos preocupados com os torcedores presos, sendo que alguns deles voltam a se envolver em novas batalhas nos estádios por se sentirem imunes a qualquer tipo de punição.

O futebol que poderia, como o esporte mais popular do país, ter um papel educativo, acaba prisioneiro de verdadeiros desordeiros sob o beneplácito de "dirigentes" que utilizam esses falsos torcedores para os mais diversos objetivos, inclusive político-eleitoral.

Seria necessário uma mudança de mentalidade. Mas, nosso sistema educacional combalido e fragilizado na própria formação dos professores e nossa sociedade também sem lastro cultural e educacional (não apenas pautada por anos de escolaridade, mas a ministrada a partir da infância no ambiente familiar) é campo ideal para o crescimento de uma cultura da violência.

No Brasil se adota, sem qualquer visão crítica, qualquer modismo criado no estrangeiro. As nossas manifestações de rua - com força no mês de junho - acabaram sendo tomadas por um esdrúxulo movimento ativista, na qual, principalmente, recrutado nas classes médias mais favorecidas, jovens brincam de fazer a revolução.

Um aparato policial gerado e treinado para a forte repressão com o aval da impunidade dos anos de autoritarismo, não sabe e nem tem condições de da noite para o dia ser transformada na Polícia necessária a um sistema democrático. O policial vive o drama de quando atua poder ser punido como repressor e quando recua ser colocado como omisso.

Como agravante - nossos dirigentes políticos não possuem também uma visão de estadistas. Agora mesmo, com a promoção da Copa do Mundo de 2014, vestem a camisa de simples torcedores, passando para a população, principalmente, as pessoas menos esclarecidas, a ideia de que somos os melhores do mundo, temos os melhores atletas do mundo, faremos o melhor mundial de todos os tempos, somos o país de maior riqueza cultural, somos o país mais alegre, risonho e franco.

A ideia de que um evento esportivo não deve ser visto como um campo de batalha e que a "pátria em chuteira" deveria ser arquivada depois de termos ganhos cinco mundiais, também parece enraizada em pessoas que, pelos cargos, deveriam ser mais comedidas no discurso. Claro que gostamos de vencer. Isso é motivo de orgulho. Mas, também temos de aprender que derrotas não significam uma tragédia nacional. A não ser a que temos nos campos educacional, da saúde, habitação e tantas outras áreas.

Parece que o Bom Senso, que os jogadores de futebol tentam colocar em prática, precisa se fazer presente em todo o cenário nacional. A lucidez de um Dr. Sócrates quando perdeu um pênalti, vestindo a camisa da seleção brasileira, alegando que nesse tipo de jogada quatro coisas podem acontecer: o gol, o goleiro defender, bater na trave ou ir para fora, talvez devesse nortear um pouco mais o discurso das pessoas de bom senso no país.

Quando uma partida de futebol deixar de ser vista como uma batalha campal - uma guerra de vida e morte -, procurando atrair para o estádio as famílias, tirando a vez de brucutus gerado e estimulado pela própria sociedade, o Brasil com os seus cinco títulos mundiais passará a um patamar superior.

Por enquanto, o nosso rebaixamento em Educação é a raiz de todo o tipo de violência a que estamos expostos.

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