Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

"Elementar, meu caro Haddad"

A fraude ocorrida no provão com o gigantismo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está entre as coisas cuja possibilidade de ocorrência é mais do que previsível. Também em Educação, temos a mania de optarmos pelo gigantismo. O maior estádio do mundo, a maior estrada do mundo e na lista, o maior exame nacional do mundo.



É por isso, que já houve até quem questionasse a importância da existência do próprio Ministério da Educação ou do Conselho Nacional de Educação, tendo em vista os primeiros níveis de ensino estarem a cargo dos municípios e dos estados e a universidade, lutando por maior autonomia, vive a tentativa de ganhar maior independência em relação ao ministério.



Na falta do que fazer, o MEC pois em campo o Enem, procurando dar cabo do antigo vestibular (que no fundo acaba apenas mudando de nome). Quando praticamente não valia nada, nenhum cachorro morto se interessava pelas provas e questões do Enem. Agora é diferente, ele pode garantir o acesso a uma universidade pública. A ação do Enem ganhou status na bolsa educacional.



Por isso, no maior exame de avaliação do mundo cresce o interesse dos fraudadores e em um mecanismo gigantesco, envolvendo um esquema operacional com milhares de pessoas (gráfica, motoristas, digitadores, banca examinadora, fiscais, etc), nada mais previsível de que uma mão boba apareça para surrupiar um dos milhares de exemplares da prova.



O ministro da Educação, Fernando Haddad, vai a televisão e anuncia que o MEC vai apurar como ocorreu o vazamento das questões. Ele diz que há fortes indícios de que "houve a subtração de um exemplar" da prova. O teste, que ocorreria no próximo fim de semana, foi cancelado na madrugada desta quinta-feira, assinalam os noticiários.

“Este exemplar da prova está comprometido. A equipe técnica constatou que o material correspondia a alguns itens da prova. Será feita uma investigação para identificar em que momento da impressão da prova um exemplar foi furtado. É a primeira vez que [isso] aconteceu em uma prova do Enem”, afirmou. “Nós vamos ter que fazer junto ao consórcio [que aplica o exame] uma investigação para chegar aos responsáveis e prendê-los. Isso não pode acontecer, em virtude da vigilância severa", registra o G1 do O Globo.



Esse exame gigantesco estará sempre sujeito as tentativas de fraudes. Para quem estuda sério, é bom que elas sejam descobertas. A adoção de exames regionais ou estaduais seria o melhor caminho. Ou seja, o velho e tradicional vestibular.



Como diria aquele famoso detetive inglês: "elementar, meu caro Haddad"

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