Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O maior jogador de todos os tempos

“Luiz”, respeita Januário.
“Luiz”, tu pode ser famoso, mas teu pai é mais tinhoso
E com ele ninguém vai, Luiz.
“Luiz”, respeita os oito baixos do teu pai”
                                                               (Luiz Gonzaga)

Carta a um amigo – Aproveitando o clima de Copa do Mundo, envio o meu recado
ao amigo Arnaldo:
  
Ensinou-me o meu velho pai, que me levava nas tardes de domingo ao Maracanã, na companhia do tio Zequinha, do primo Jorginho e da minha irmã Laís, que na vida não
devemos fazer comparações.
Dizia-me ele que ninguém é gênio o tempo todo e ninguém era o pior dos piores o tempo
todo. Ensinou-me minha mãe da história de um ladrão que, no momento final da vida foi
galgado aos céus e virou santo (se não me engano, São Dimas), crucificado com Jesus.
Por isso, sempre procuro passar ao largo de discussões do tipo de quem é maior: Emilinha ou Marlene; Bethoven ou Mozart; Caetano ou Chico; Pelé ou Maradona; Cristo ou Buda.
Há em tudo uma questão de gosto e de avaliação pessoal, marcada por muitos fatores.
Por isso, quando leio a sua crônica de exaltação a Garrincha, alçando-o a condição de rei
do futebol, desbancando Pelé, me vem a mente os ensinamentos de meu pai.
Ele me chamava a razão quando eu exaltava Pelé e Garrincha, dizendo que Zizinho foi tão bom ou melhor que Pelé e que Tim (Elba de Pádua Lima, do seu tricolor, era tão bom ou
melhor que Garrincha). Sem falar em Leônidas da Silva, o Diamante Negro, que deu nome
a uma marca de chocolate existente até hoje.
Tive a felicidade de ver Garrincha jogar centenas de vezes, inclusive contra o meu Flamengo, levando Jordan, seu marcador direto, a loucura. Vi Garrincha arrasando com o
Coronel do Vasco e tanto outros.
Mas, também tive a felicidade de ver e ouvir Pelé, um menino de 17 anos encantando o mundo nos campos da Suécia. E não apenas ele, mas também Garrincha, Didi, Nilton Santos, Zito e Djalma Santos com os demais.
Há uma declaração de Pelé, sobre o tri no México, de que ninguém vence sozinho. Que o futebol é um esporte coletivo e a vitória só é possível pelo trabalho de toda a equipe.
Quem coroou Pelé como o rei do futebol foi o tricolor Nelson Rodrigues, antes mesmo de
um jornalista especializado francês ter dito a mesma coisa. Antes mesmo da Copa de 58, Nelson escreveu que “um menino com porte de rei pode livrar o Brasil do complexo de vira latas”.
Pelé, em 1980, foi declarado Atleta do Século. Não foi votação feita pela Internet, com base em patriotismo ou emoções exacerbadas. Foi apenas o reconhecimento de especialistas internacionais que poderiam simplesmente ter eleito qualquer atleta de outra modalidade, sem ser o futebol.
O que diferencia Pelé de todos os demais não é o fato de ele ser o melhor em tudo. Pelo contrário, Garrincha na arte do drible é infinitamente superior a todos. Mesmo Romário, no espaço pequeno da área é irresistível. Mesmo Maradona em alguns fundamentos é superior a Pelé e poderíamos colocar diversos outros jogadores. O que diferencia Pelé é o fato de ele estar próximo a todos os demais nos fundamentos em que são os melhores. Essa é a grande diferença.
Di Stefano, quando Maradona nem pensava em existir, era apontado como um dos maiores jogadores do mundo. O argentino foi ídolo e artilheiro do Real Madrid. Muitos tentavam fazer a comparação se ele era ou não melhor que Pelé. A resposta foi dada pelo próprio Di Stefano, apontando o ponta-direita inglês Stanley Mathews, que jogou no período de 1934 a 1954, como o maior jogador da história do futebol.
E, em seguida acrescentou: “Estou falando de jogadores de futebol, e não de fenômenos sobrenaturais.”
Quando se fala de fenômenos sobrenaturais, pode escalar sem medo: Pelé é o maior deles.

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