Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O eterno ódio aos Capitães da Areia

Capitães da Areia é um romance de autoria do escritor brasileiro Jorge Amado, publicado em 1937. A obra conta a história de um grupo de menores abandonados, chamados de "Capitães da Areia", que cometiam uma série de delitos na cidade de Salvador dos anos 30, sendo censurada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) da Ditadura Vargas, durante o Estado Novo, por conta a situação de abandono de um grande número de crianças no país.
Passados 77 anos, e em um novo século, no qual o Brasil ocupa entre o quinto e sexto lugar como maior economia do mundo, a dura realidade tanto em nossas grandes e pequenas cidades, incluindo o campo, é a existência, ainda, de um universo de crianças e adolescentes largada à própria sorte totalmente excluída do "milagre" brasileiro de nosso combalido sistema democrático.
Como ocorre no livro de Jorge Amado, esses filhos da miséria despertam ódio em grande parte da sociedade.
Os Capitães da Areia é um grupo de meninos de rua. São crianças abandonadas e marginalizadas que aterrorizam Salvador. As que são pegas são levadas para Reformatório onde convivem com todo tipo de crueldade e nas ruas são implacavelmente caçadas pela polícia.
A lição do Estado democrático é a da total inclusão dessas crianças abandonadas. E isso se dá por meio de Educação de qualidade, dando a elas acesso a uma escola integral (muitas não possuem família) e paralelamente a assistência às famílias permitindo que saiam do estado de miséria, possuindo melhores condições de criação dos filhos.
Um país com déficit de mais de 12 milhões de moradias (sem incluir na conta os casebres e palafitas existentes em várias áreas), com pífio número de residências com acesso ao saneamento (por si só fonte de extermínio de crianças, jovens e adultos), com sistema de saúde caótico (por si só instrumento social de eliminação dos mais miseráveis) está muito longe de uma Democracia voltada para a solução dos graves problemas sociais.
Por outro lado, há a opção do Estado fascista, de simplesmente eliminar pela força os que "contaminam" a sociedade voltada para o progresso, a alegria e o a não inclusão dos marginalizados.
A história de Amado, pelo visto, continua atual e o caminho da solução diz respeito a consciência de cada um. O extermínio parece ser o mais fácil.

                                Cena do filme Capitães da Areia


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