Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Vargas Lllosa participa de conferência em Porto Alegre

Brasília - Por Marcelo Bebiano
O escritor peruano Mario Vargas Llosa, 74 anos, vencedor do Nobel de Literatura 2010, afirmou, em entrevista, em Porto Alegre, que recebeu com surpresa o prêmio. No entanto, ele disse que o Nobel representa um reconhecimento à literatura latino-americana e à literatura em língua espanhola.
Professor visitante da Universidade de Princeton, Llosa participou, na última sexta, dia 15, do ciclo de conferências "Fronteiras do pensamento", na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Antes do evento, o autor de "Sabres e Utopias", "A Cidade e os Cachorros", "Travessuras da menina má" e "Pantaleão e as visitadoras", entre outras obras, afirmou que não mudará a forma de escrever por receber o Nobel. "Esse prêmio não mudará a minha escrita, o meu estilo. O que mudou foi minha vida diária. Não esperava estar cercado de tantos jornalistas".
Ao ser perguntado sobre qual destino daria ao prêmio de R$ 2,3 milhões, Vargas Llosa disse que esta decisão seria de sua esposa. "Isso deve ser perguntado à minha esposa. Só espero que ela me dê uns trocados para comprar alguns livros".
Em sua conferência, o escritor falou sobre o livro eletrônico. "É uma realidade que não pode ser detida. Meu temor é que o livro eletrônico provoque certa banalização da literatura, como ocorreu com a televisão, que é uma maravilhosa criação tecnológica, que, com o objetivo de chegar ao maior número de pessoas, banalizou seus conteúdos", disse.
Vargas Llosa disse que os leitores têm uma importante função na sociedade. "Os leitores poderão impedir a banalização da literatura. Temos que impor ao livro eletrônico a riqueza de conteúdo que teve o livro de papel. A pergunta é se realmente queremos isso", indagou.
Ao final, Vargas Llosa falou sobre a situação política na América Latina. Apesar de criticar os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e de Cuba, Raúl Castro, afirmou que a atual situação da América Latina é melhor hoje do que no passado. "Vejo um progresso considerável. Ainda temos ditaduras, como em Cuba, e semiditaduras, como na Venezuela. Também existem governos democráticos populistas, com vocação autoritária, como a Nicarágua e a Bolívia. Os demais têm pluralismo. São democracias imperfeitas, mas demos graças que haja esquerdas democráticas como as do Brasil e do Uruguai e direitas democráticas, como as da Colômbia, Peru e Chile".
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