Há uma grande distância entre o episódio da Rua Toneleros, que resultou no fim da Era Vargas, com o suicídio do presidente da República, e o ataque de militantes petistas com bolinhas de papel e rolo de fita crepe na cabeça do candidato José Serra.
O grande fato, no entanto, é como militantes políticos demonstram total “despolitização”, desconhecendo os próprios fatos históricos, comprometendo a própria vitória de sua candidata Dilma – a eleita pelo presidente Lula. Já houve quem dissesse que a grande adversária da ex-ministra da Casa Civil e ela própria, caso não consiga aumentar o seu poder de convencimento durante os debates e demais ações nesse segundo turno das eleições. Mas, há um outro adversário, talvez, mais forte: militantes que agem como torcedores fanáticos de nossos times de futebol, prejudicando o próprio time.
Tivessem os marqueteiros de Serra menos escrúpulo e, no momento, ele estaria entubado em um Clínica de Primeiro Mundo, tentando sobreviver ao Atentado da Baixada. Mas, tudo terminou em uma simples radiografia computadorizada, com direito a laudo técnico de um especialista, enquanto o Primeiro Mandatário mandava o candidato parar de “frescura”.
Para os não muito familiarizados com o que foi o Atentado da Toneleros, que gerou reação explosiva dos jornais da época, como as manchetes, entre outros, do Jornal do Brasil: “Inominável atentado contra o jornalista Carlos Lacerda” ou “O covarde atentado da Rua Toneleros”. Eis parte do episódio:
Lacerda, depois de um evento, voltava para sua residência na Rua Toneleros, no bairro de Botafogo, zona sul do Rio, acompanhado do filho Sergio e do major da Aeronáutica Florentino Vaz, sendo então tocaiado por dois homens. No atentado, o major, gravemente ferido nas costas, morreu a caminho do hospital, enquanto Lacerda foi atingido no pé, aparecendo no dia seguinte com uma bota de gesso. Muitos getulistas juravam que nada tinha acontecido ao jornalista, que apenas tirava dividendos com o lamentável episódio.
O maior adversário de Vargas, no entanto, diria em editoria, na manhã seguinte, ao atentado em editorial: "A visão de Rubens Vaz, na rua, impede-me de analisar a frio, neste momento, a hedionda emboscada desta noite. Mas, perante Deus, acuso um só homem como responsável por esse crime. É o protetor dos ladrões, cuja impunidade lhes dá audácia para atos como os desta noite. Este homem chama-se Getúlio Vargas."
Investigou-se que a bala que atingiu o major era de calibre 45, arma de uso privativo das Forças Armadas . Em poucos dias chegava-se a dois suspeitos: Alcino João Nascimento e Climério Euribes de Almeida, homens da guarda pessoal do presidente, e ao mandante do crime, Gregório Fortunato, chefe da guarda e guarda-costas de Getúlio desde a época do Estado Novo.
A História termina com o suicídio de Vargas, em 24 de agosto de 1954, no Palácio do Catete.
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