Mediação: uma forma de resolver os conflitos conjugais
Numa época em que a agressividade dá a tônica em quase todas as esferas sociais, a psicóloga Maria Dolores Cunha Toloi indica o caminho da conciliação, destacando a importância da mediação para resolver conflitos familiares.
Os casos de conflitos entre casais com processos no Judiciário tendem a se tornar trabalhosos e desgastantes para a família. A saída para esse impasse é, sem dúvida, a conciliação. Para a psicóloga e psicodramatista Maria Dolores Cunha Toloi, a mediação pública ou feita nos consultórios de psicólogos, assistentes sociais ou terapeutas de família representa economia de tempo e dinheiro, além de garantir o equilíbrio emocional. No livro Sob Fogo Cruzado - Conflitos conjugais na perspectiva de crianças e adolescentes (Editora Ágora), ela desmistifica o contexto de separação, quase sempre considerado um problema, e mostra que os conflitos são muito mais prejudiciais para crianças e adolescentes. Recorrer ao Judiciário para resolvê-los quase sempre resulta em mais dor para os filhos. “Em vez de possibilitar recursos de auxílio às famílias, o sistema acaba intensificando as questões que são levadas ao seu âmbito”, revela a autora. É necessário, diz ela, implantar uma instância de mediação.
Especialista em psicologia clínica e jurídica, a autora mostra que a mediação familiar estabelecida de maneira efetiva, reconhecida e legitimada possibilita a construção e a aprendizagem de procedimentos mais eficientes de resolução de conflitos. Ao mesmo tempo, a mediação pode dividir com a figura do juiz a função de formalizar uma decisão ou direcionar positivamente as discórdias constituídas nas famílias. Ela destaca que a questão econômica precisa ser tratada com mais rigor pela área psicológica no contexto judicial. E revela que as ações sobre guarda e visitas são permeadas pelos temas econômicos e acabam sendo desconsideradas no processamento da dinâmica familiar.
A psicóloga mostra que os conflitos conjugais interferem no desenvolvimento de crianças e adolescentes. A obra apresenta uma proposta de sociodrama temático que teve grande sucesso na investigação com adolescentes oriundos de famílias de classe média paulistana. Numa época em que a agressividade dá a tônica em quase todas as esferas sociais, Maria Dolores mostra ainda que a melhora na comunicação entre os pais, obtida por intermédio da mediação de conflitos, constitui excelente alternativa às contendas que se arrastam no Judiciário brasileiro. “O livro deverá ajudar o leitor a avaliar e compreender os conflitos conjugais como pilares do convívio familiar”, complementa.
A obra apresenta pesquisas sobre conflito e conjugalidade, expõe as referências e os resultados de trabalhos executados em contextos com alto nível de conflitos e hostilidade familiar. Aborda os aspectos do desenvolvimento da síndrome de alienação parental – um distúrbio, que, torna-se cada vez mais comum, no contexto de disputa judicial da guarda de filhos em que um dos pais programa a criança para que odeie ou evite o outro cônjuge sem justificativa. A autora destaca também o procedimento de pesquisa utilizado com 45 adolescentes nos sociodramas temáticos, desenvolvidos por meio do teatro espontâneo, e revela os resultados de sua pesquisa sobre como os filhos compreendem e enfrentam os conflitos conjugais.
Fonte
Maria Dolores Cunha Toloi é psicóloga e psicodramatista pelo Instituto Sedes Sapientiae e pelo Instituto de Psicodrama J. L. Moreno. Especialista em Psicologia Clínica e Jurídica pelo Conselho Regional de Psicologia (CRP), mestre em Psicologia pela Universidade de Michigan (EUA) e doutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), é professora-supervisora didata pela Federação Brasileira de Psicodrama (Febrap) e docente do departamento de Psicodrama do Instituto Sedes Sapientiae.
Mauricio Figueiredo
Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera
segunda-feira, 10 de maio de 2010
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