Tive a oportunidade de diversas vezes comentar a falta de sentido de exames gigantescos como o famigerado Enem – garoto propaganda do MEC. Qualquer especialista da área de concursos sabe da importância máxima que se deve dar a segurança de um exame. É por isso, que concursos de massa como os do Banco do Brasil e outros são regionalizados pelas organizadoras. Em vez de se realizar um mostrengo de concurso, com milhares e milhares de provas circulando pelo extenso território nacional, procura-se dividir o país por região com as provas – em menor número – sendo efetuadas em dias diferentes.
Já no caso do Enem do MEC, insiste-se no gigantismo, colocando-se em risco a segurança do concurso e ao mesmo tempo aumentando-se, desnecessariamente os gastos. Não é a primeira vez que são detectadas falhas no sistema, mas, em vez de optar pela regionalização, o ministério prossegue na teimosia de manter a “maior sala de provas do mundo”, com 3,4 milhões de participantes.
Talvez mal assessorado, titubeando nas respostas em entrevista a um canal televisivo amigo (NBR – estatal), o ministro Fernando Haddad, demonstrou a falta de agilidade e firmeza que seria esperado do titular do MEC diante de mais uma nova “lambança”. Preferiu ficar em cima do muro, enquanto a questão foge da órbita educacional para a da Justiça e também policial.
Agora, em atitude desesperadora tenta-se “tapar os buracos da peneira”, com medidas fantasiosas como a de se querer descobrir a identidade do repórter do Jornal do Commercio, que divulgou o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A direção do jornal diz que prefere não revelar o nome do jornalista, embora o repórter, que fez o exame e enviou ao veículo o tema da redação, possa ser processado pelo MEC, que alega que o profissional "cometeu ato ilícito ao atentar contra as regras do certame". Ao contrário disso, é voz corrente entre a garotada que as salas de prova do Enem são palco de uma “colatina” generalizada e que a fiscalização, justamente por causa do gigantismo, não é das mais eficiente.
A tentativa de intimidação do jornal repete, praticamente, um episódio sobre quebra de sigilo em vestibular da Universidade Federal Fluminense (UFF), quando a Folha Dirigida de posse das questões que vazaram, as publicou em sua edição, pois não havia, ainda, a comprovação da autenticidade das questões. O argumento da Folha foi a de que as questões foram deixadas na portaria do jornal por uma pessoa desconhecida.
O Jornal do Commercio, por sua vez, justifica a preservação da identidade do repórter, alegando que não era a intenção do jornal divulgar o tema da redação, mas que o caso “serviu para comprovar a fragilidade do sistema da organização”.
O gigantismo do Enem e a sua eficácia como instrumento de avaliação, é um tema a ser visto pelo futuro ministro da Educação do governo Dilma Rousseff. Por enquanto, o grande reprovado tem sido o próprio MEC pela teimosia em manter um mecanismo altamente fragilizado.
Mauricio Figueiredo
Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera
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