Massacre em escola de Realengo:
e se fosse o nosso filho?
A violência está em toda a parte e pode ocorrer em qualquer lugar do mundo. Mas, há alguns tipos de violência que são características comuns em alguns países e, praticamente, inexistem em outros. O massacre de jovens no ambiente escolar ou em outras áreas pública faz parte da cultura norte-americana, sendo o mais recente, um que atingiu uma senadora. No Brasil, houve um ato tresloucado registrado em um cinema de São Paulo. Mas, regra geral, esse tipo de episódio não é comum em nosso país.
Por isso, o massacre registrado na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, vitimando 10 crianças (9 meninas e 1 menino, entre 12 e 14 anos), além do atirador, além de 18 feridos, alguns em estado grave, deve ser objeto de reflexão por todos os cidadãos. Nós que caminhamos para ser a quinta maior economia do mundo, estamos marchando mesmo no rumo certo?
Será que o conforto do "colchão de molas", como descrevia o escritor Norman Mailer, referindo-se à sociedade norte-americana, da qual foi um dos mais contundentes críticos, ao tomar o lugar do "colchão de crina", está nos conduzindo para um caminho de "violência sem freios"? Mailer - ele mesmo que esfaqueou uma ex-mulher - dizia que a "violência" é tão comum nos Estados Unidos como a "torta de maçã".
E será que nós brasileiros, também, estamos criando a nossa "torta de maçã", quando vemos com naturalidade o "massacre" anual de milhares de jovens, pelos mais diversos motivos, um deles, e o mais perverso, o de pertencerem ao mundo da criminalidade ou serem acusados de a ele pertencerem.
Há quem fale na necessidade de se aumentar a segurança das escolas. Outros recomendam a adoção da disciplina de segurança pública no currículo. Para alguns, é preciso se criar equipes de supervisão, com a presença de médicos, psicólogos e assistentes sociais. Sugestões são muitas.
Em 1968, em 28 de março, o estudante Edson Luís foi morto durante um confronto com a polícia, nas imediações do antigo refeitório do Calabouço, no Centro do Rio. Eram anos de trevas em que o país vivia longe da democracia. No dia seguinte, o Jornal dos Sports estampava a manchete: "E se fosse o seu filho?"
No Estado democrático é preciso que a sociedade encontre mecanismo para que não aceitemos a violência como algo comum como "a torta de maçã". E o instrumento efetivo para a melhoria desse quadro é a escola, mas também a família, a igreja, os meios de comunicação e todos que sonham com uma vida melhor. O massacre em Realengo pode ser visto como um fato isolado. Mas também pode ser a sinalização sobre o caminho que estamos seguindo. E nesse caminho é cada vez mais pertinente a pergunta: "e se fosse o nosso filho?"
Recado do Repórter - www.agenciareporterdigital.com.br
Mauricio Figueiredo
Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera
quinta-feira, 7 de abril de 2011
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