Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

domingo, 13 de março de 2011

A Rosa do Japão

                                                A rosa do Japão
Mauricio Figueiredo


Não sou especialista no assunto. Ou melhor, não entendo nada do assunto. A única coisa que sei é que não se brinca com fogo. Assim, os mais velhos ensinavam às crianças pequenas. Depois de crescidos, cada um também precisa ficar sempre atento ao perigo de fogueiras, de balões no céu, de guimba de cigarro mal apagada e próxima da cama, pois de repente o espetáculo dos carros alegóricos, das fantasias de luxo e tudo mais que embelezam o carnaval pode ir por água abaixo (ou melhor, fogo em cima), acabando com a alegria geral.

Mas, a questão não está no incêndio do mundo do samba. Está em jogo algo muito mais perigoso e que coloca em risco a existência de milhares e milhões de seres humanos. Trata-se da energia nuclear. Ela como diziam nossos avós, em relação à panela do feijão, fervendo no fogão, não é assunto para crianças e pessoas com pouca habilidade. Por isso, muitos, na Alemanha, estão indo às ruas, cercando suas usinas e pedindo o fechamento das mesmas pelas autoridades.

Nós aqui, temos plantada em Angra dos Reis a nossa Usina Atômica. Muitos dizem que ela funciona em um esquema de segurança total. Mas, em termos de humanidade, quem de bom som pode garantir segurança total sobre alguma coisa. A médica garante aos familiares que a possibilidade de o paciente correr algum risco na cirurgia recomendada é a mesma de o teto do hospital cair. No dia seguinte, o teto do hospital está intacto, mas para desespero da família o improvável aconteceu. É que o improvável muitas vezes acontece.

O Japão pobre em recursos energéticos e quase tudo o mais, tem feito da energia nuclear  sua fonte para o desenvolvimento tecnológico. É um país - como toda a região - repleto de terremotos e acidentes naturais. O leigo como eu não arriscaria riscar um fósforo diante desse posto de gasolina lá do outro lado do mundo, conhecido como a terra do Sol nascente.

No entanto, os homens são sábios e confiam em demasia na Ciência. Diante disso, o Japão está passando pelo sufoco de uma ameaça nuclear, devido ao desastre monumental causado pela natureza.

O poeta Vinicius de Moraes advertia para que todos não se esquecessem da "Rosa de Hiroshima, a rosa hereditária. A rosa radioativa, estúpida e inválida."

Precisamos de energia, isso é verdade. Mas, precisamos destruir nossas praias, lagoas, rios e cachoeiras privilegiando o conforto do mundo governado pelas carroças individuais que poluem nossas cidades e nos levam muitas vezes de lugar algum para lugar nenhum, em nossa fuga de nós mesmos, a cada feriado ou fim de semana para um lazer consumido em grande parte em engarrafamentos monumentais?

Por que cada paraíso ecológico precisa ser transformado em minis grandes cidades, repetindo o esbanjamento de luzes e gastos de energia? Por que precisamos multiplicar o número de trens elétricos ou de carros alegóricos em nosso carnaval com as riquezas naturais do país?

Será que precisamos, realmente, de tanta energia elétrica, hidrelétrica ou nuclear? Ou precisamos mais de deixarmos os rios correrem livremente pelas florestas e de tomarmos banhos em cachoeiras e cascatas, em busca de uma vida mais simples, porém mais rica?

Ou como disse o poeta é hora de "pensarmos nas crianças mudas telepáticas e nas meninas cegas inexatas?"

Ou como agora, na Rosa do Japão?

Artigo especial para a www.agenciareporterdigital.com.br

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