O mundo atual é o do isolamento para milhões de pessoas. A facilidade da comunicação pelo celular, internet e vários outros instrumentos, em vez de unir as pessoas parece torná-las cada vez mais distante. Nas redes de relacionamento, estilo twitter, orkut ou facebook, as conversas são limitadas a algumas poucas palavras e nos bate-papos o diálogo não flui livremente, como quando ocorre estarmos frente à frente com um amigo, sentado na mesa de um bar ou na sala de visita de uma casa ou apartamento.
Mesmo quando há festas, para muitos o som do baticum do pagode ou a estridência do rock pesado afastam a possibilidade da conversação. No som do silêncio de cada um - mesmo a conversa interior acaba sendo de baixa qualidade, devido ao afastamento da chamada cultura mais qualitativa. Vivemos em um eterno carnaval interior, tendo como música de fundo "o mamãe ou quero" ou qualquer marchinha animada, mas que nos afastem da reflexão.
A nossa yoga diária é um convite ao esvaziamento da mente - ao não pensar, ao não refletir, ao não questionar. Na maioria das vezes, quando temos espaços para conversar, somos apenas papagaios repetindo algum artigo da revista semanal ou da leitura rápida do jornal. Perdemos tempo em discutirmos sobre o "paredão" do big brother ou sobre a política tradicional com suas roubalheiras, fraudes e escândalos que se reproduzem semanalmente ou de hora em hora no noticiário da rádio-TV e outros meios.
Falamos de aborto, de combate a drogas, de religião, de futebol e tudo o mais, não com ideias próprias - que já não a temos -, mas as que nos são dadas de encomenda por um padre engraçado, apresentando o seu show no canal religioso ou de um pastor nos infundindo o temor do inferno, cujas brasas podem ser minimizadas com o poder do dízimo.
De repente, verificamos no "livro de faces" que nos aproximados de "um milhão de amigos", mas que se cruzarmos com eles na rua não saberemos quem são. Apertamos o botão e automaticamente nos inscrevemos em centenas de comunidades que vão da desde "odeio Bruno" até "não gosto de pizza com yogurte".
Vivemos a nossa insensatez diária, em um mundo regado a mediocridade. Nos divertimos com "o presidente palhaço", com o "pregador alucinado", com o "santo de barro", com "a camiseta do revolucionário morto para nos salvar".
Mas de verdade, no fundo de nossa alma, sabemos que estamos longe de termos "um milhão de amigos" e o que apenas nos consola é "o som do silêncio" da nossa solidão. E esse bater ritmado de um tambor dentro do peito; e esse ar condicionado, que entra e sai pelos dutos de nossa narina; e esses trinados invadindo sem licença nossos ouvidos a dentro; é tudo que nós temos.
E, de repente, fechamos os olhos para podermos enxergarmos tudo.
Mauricio Figueiredo
Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera
sábado, 5 de fevereiro de 2011
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