Fórum de Educação e Surdez
debate educação especial para
deficientes auditivos
Ao participar do “Fórum de Educação e Surdez”, promovido pelo Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro (Sinpro-Rio), a coordenadora geral da Política Pedagógica do Ministério da Educação (MEC), professora Cleonice Machado de Pellegrini, defendeu a política de inclusão e a necessidade das adaptações que as escolas deveriam possuir para receberem alunos especiais. Amplamente favorável à inclusão, Cleonice destacou que, com tal política, busca-se desenvolver práticas e cultura inclusivas:"É fundamental abrir os espaços, aprender a conviver com quem é diferente de mim", ressaltou. Ainda segundo a representante do MEC, toda a concepção mudou quando a educação especial passou a ser considerada como transversal aos demais segmentos de ensino.
Já a professora Vanessa Alves de Sousa Lesser, do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), portadora de deficiência auditiva, apresentou a dificuldade cotidiana dos surdos. "Atividades simples, como passar mal, ser atendido em um hospital e explicar o que se sente, são problemas comuns para os surdos", comentou. Mostrando as leis, ela ressaltou o grande avanço, a seu ver, do Plano Nacional de Educação (PNE): a inclusão educacional.
Outra palestrante, a psicopedagoga, doutora em Psicologia Social e professora adjunta de Educação pela UniRio, Aliny Lamoglia, defende uma posição diversa dos demais: para ela a inclusão deveria ser feita posterior ao letramento. "O processo de codificação alfabético depende da fonoaudiologia, a qual a criança surda não tem acesso", apontou a educadora, acrescentando, porém, que "se o aluno não tiver perda linguística, não haverá perda cognitiva. O surdo pode aprender tudo o que os demais podem, pela linguagem visual", explicou. A pedagoga e linguista Maria Heloise Gripp Diniz, que também levou sua visão e experiência ao evento, destacou a importância da revisão do currículo educacional, adequando conteúdos que remetam à cultura e identidade dos surdos. "O que se ensina na escola é por uma questão de conhecimento, mas também de identidade", acredita.
Por fim, a professora Monica Astuto, primeira deficiente auditiva a lecionar na rede municipal do Rio, especialista na área de Surdez pelo Ines e regente do laboratório de Libras do Instituto Helena Antipoff, contou um pouco de sua trajetória pessoal e da luta que foi formar-se professora em meio a turmas de ouvintes. Ela indicou o bilinguismo (português e libras) como fundamental para a educação do aluno surdo.
Segundo Wanderley Quêdo, presidente do Sinpro-Rio, o evento fez parte de uma série de ações que a entidade tem realizado para debater questões do ensino, nas quais os professores são parte fundamental. Defendendo que a integração é a melhor forma de aprendizado, Wanderley também considera haver ainda um longo caminho a ser percorrido.
"Uma das maiores dificuldades dos professores e do ensino de forma geral, no Estado, é que não existe uma articulação entre as esferas do governo". Na visão do sindicalista, a distribuição e utilização dos recursos ainda se dá de forma desigual. "As crianças com deficiência são muito prejudicadas com a falta de diálogo e a ausência de ações públicas realmente efetivas. E as escolas particulares, apesar dos recursos que possuem, também não estão preparadas para receber esses alunos. Em ações como esta tentamos encontrar soluções para melhorar a situação do ensino no Rio de Janeiro", salientou Wanderley.
Mauricio Figueiredo
Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
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