Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Apagador, cuspe e giz: a grande diferença

A televisão mostrou, no domingo, o último debate dos candidatos à Presidência da República. Na ânsia de ganhar votos dos eleitores indecisos ou mesmo tirar votos do adversário, muitas promessas foram feitas. Esse é o tipo de programa que dá margem a todo tipo de populismo.

Chegou-se até a falar em se dispor de 7% a 10% do PIB para ser aplicado exclusivamente em Educação. Mencionou-se o salário do Dieese, estabelecendo o valor do salário mínimo em 2 mil reais.

Para quem acredita em Papai Noel, promessas de campanha são uma festa.

Infelizmente, a dura realidade é que a História não dá saltos. A economia brasileira tem crescido fortemente, colocando-nos como a 8ª economia do mundo, com possibilidades de chegarmos ao 5º posto, em pouco tempo.

Contudo, nossas carências sociais são também de elevada magnitude. Se ficarmos só em Educação, sabemos que ela custa caro (aliás, muito caro), como já alertava Anísio Teixeira.

Há uma dívida dos governantes com o povo brasileiro, em relação à nossa educação.

Contudo, o processo de melhoria do nosso caótico quadro social, não se dá apenas por uma fórmula mágica de injeção de dinheiro.

Guardadas as proporções seria o mesmo que você, com uma renda mensal de R$ 4 mil (que no caso do Brasil, o colocaria como uma Classe Média Esperta) resolvesse da noite para o dia pagar R$ 2 mil a sua empregada, pela grande contribuição que ela dá aos serviços domésticos (lava, cozinha, passa, dá uma olhadela nas crianças e em muitos casos em um trabalho quase escravo).

É evidente, que nenhum cidadão da classe média tomaria de bom grado tal providência. O mesmo ocorre com os empresários, banqueiros e todos os demais.

A distribuição rápida da riqueza só se dá com a destruição do sistema Capitalista, como propõe – com aplausos de alguns jornalistas presentes ao debate – um dos candidatos. O único problema está em se saber qual o modelo social a ser colocado no lugar, justamente, quando as experiências socialistas que vão da antiga União Soviética até a Cuba de Fidel resultaram em retumbante fracasso.

Na Assembléia do Rato, que nossas vós contavam quando éramos crianças, o problema estava justamente em saber quem iria colocar o guizo no gato.

Parece, no momento, que a melhor lição para as esquerdas brasileira parte da China, quando o país deixando de lado ideologias que não levavam a economia adiante, adotou a máxima de Deng Xiaoping, quando em discurso antológico, conclamou a população do país a enriquecer. “Chineses, enriquecei-vos”, fazendo a abertura para o Capitalismo.

E os investimentos no Brasil só serão possíveis com o enriquecimento da população, não através de uma política assistencialista calcada em bolsas, mas no despertar do empreendedorismo, permitindo a maior geração de empregos – inclusive com a abertura para a chamada economia informal -, sem que o Estado seja o recolhedor voraz de impostos que não são revertidos em benefício da população.

É ingênuo colocar-se a culpa dos problemas brasileiros nos banqueiros, como no passado, colocava-se no imperialismo americano. O problema brasileiro está na perpetuação de políticos milagreiros que procuram inventar a roda.

A questão educacional brasileira está longe de ser apenas uma questão de investimentos. Como em diversas outras áreas ela é consequência da má gestão administrativa, dos gastos perdulários e também da corrupção e todas formas de roubalheira.

Falou-se muito no debatem em construção de centenas de escolas técnicas no país.

Isso não leva a lugar nenhum. O caos educacional está no fato de o magistério ser uma das profissões mais desvalorizadas do país. Quando se tem bons professores (formados em escolas de qualidade), todo aparato tecnológico passa a ser apenas um detalhe.

Um bom professor (motivado, com salário condizente) leva uma escola longe. Mesmo com apagador, cuspe e giz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário