Um dos candidatos da oposição, José Serra, se declara contra o voto obrigatório. É uma tese que reúne muitos defensores. Realmente, é o que vigora nos países adiantados, como Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha. Mas, altamente discutível em outros no qual o regime democrático necessita de maior consolidação.
Com elevado número de despolitizados, fruto, muitas vezes, do próprio estado de miséria econômica, o Brasil é campo fértil para adoção de políticas populistas e paternalistas, como a que o próprio candidato Serra acabou se rendendo.
No passado, políticos granjeavam votos com uma simples inauguração de bica de água nos morros ou favelas. Em pleno século XXI, a conquista de votos se dá com a parafernália de bolsas, como a alimentação, família e todo tipo de programa assistencialista. Inaugura-se um restaurante popular a R$ 1 ou até mesmo um hotel popular e em pouco tempo se ganha a simpatia popular, transformada em votos.
De Norte a Sul do país vigora o estilo de Capitanias Hereditárias, com os políticos tradicionalistas e populistas fazendo os seus herdeiros.
Por isso, o voto consciente passa a ser difícil de ser exercido por grande parcela da população. Candidatos com propostas sérias e exeqüíveis voltadas para os verdadeiros interesses e urgências do país acabam concorrendo em desvantagem com os que prometem mundos e fundos e o céu também.
Os partidos políticos se esfacelam em termos ideológicos devido ao processo de despolitização das pessoas.
Tais mazelas prejudicam a aceleração da construção do Estado Democrático.
Diante desse quadro, o fim do voto obrigatório facilitaria ainda mais a ascensão do populismo, colocando o próprio país próximo ao ideal fascista, cuja base está no próprio esfacelamento das instituições democráticas (igrejas, sindicatos, partidos políticos, agremiações culturais, etc), com o caminho aberto para o pensamento único.
O voto facultativo é um instrumento válido em países com a Democracia consolidada. O Brasil tem uma longa história de autoritarismo e toda uma geração lutou, inclusive perdendo a vida, para que chegássemos ao estágio atual. Ele não é o ideal, mas estamos a anos luz do silêncio obrigatório estabelecido pelo regime ditatorial.
No voto facultativo, consolidam-se os currais eleitorais. Os donos do voto manipulado, certamente, ficariam felizes com a adoção da ideia.
Infelizmente, a História não dá salto. E a democracia é construída por meio do voto. Depois de consolidada podemos nos dar ao luxo de ficarmos em casa, irmos à praia, delegando aos eleitores o direito de escolha em nosso nome.
Mauricio Figueiredo
Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
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E esta é só mais uma batalha !!!
ResponderExcluirVamos dar valor ao nosso voto, por isso divulguem o resultado da:
“Avaliação dos Deputados Estaduais de São Paulo – Eleições 2010″
feita pelo movimento voto consciente.
Convido à todos que entrem nesse link e vejam o resultado dessa avaliação e pensem nela na hora de dar o seu voto!
http://bit.ly/cCbJzi
*(link modificado para contagem de acessos)
Foi como eu já te falei, Maurício. O processo está errado. Desde o início... mas eu continuo apoiando que o voto, numa democracia, não pode ser obrigatório. Entretanto, compreendo seu ponto de vista e concordo. Para mudar este fato, precisamos mudar muitas coisas antes. Mas precisamos mudar! Essa é a questão! Começar a mudar, pelo menos, pois como você mesmo escreveu, a hitória não dá saltos...
ResponderExcluirPor dias melhores deixo meu forte abraço!
Não sou dono da verdade. O debate está aberto. Acho que ele contribui para o fortalecimento da democracia. Vejo por exemplo o voto maciço dos eleitores de São Paulo, conforme registram as pesquisas de opinião, um importante sinal de alerta aos partidos tradicionais e aos políticos que se consideram sérios. Não dá pra se fazer acordo com a parte adversária, quando essa parte é constituída de corruptos, ladrões e lesa-pátria.
ResponderExcluirPrezado Maurício,
ResponderExcluirNada será consolidado se não for exercitado. Portanto, sobre a questão do voto obrigatório, a democracia só será consolidada no Brasil se a LIBERDADE for respeitada pelos nossos governantes e legisladores, deixando com que o povo brasileiro manifeste livremente sua escolha de votar ou não.
Não cabe a esses espertalhoes o simples diagnóstico de que o povo brasileiro não está preparado para exercer "livremente" seu direito de votar ou não votar.
Quero ressaltar que o povo é mais esperto do que pensam e enxergam mais longe do que eles próprios.
Assim, que deixem com que o povo brasileiro faça sua escolhas, votar ou não votar, sem colocar em nós qualquer tipo de moldura ou cabrestos. Deixem que a democracia aconteça e não a impeça.