Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

terça-feira, 28 de setembro de 2010

A bolsa da Presidenta

   Caminhava tranquilo pela rua, em direção ao banco. De repente, avistou aquela velha senhora com andar vacilante, mas, mantendo-se erguida e com o antigo olhar altivante.
Acelerou o passo e abriu os braços, como se fosse abraçá-la.
_ Querida mestra, há quanto tempo. Tudo bem com a senhora? – falou com satisfação.
_ Tudo bem uma ova. Como estar tudo bem, com esse salário de fome que ganho. Toda uma vida dedicada à educação e não ganho nem dois mil reais por mês. É dessa maneira que tratam os professores. Não tenho nem onde cair morta...
Meio sem graça, com o olhar dos passantes e a reprimenda em público, tentou amenizar:
_ Pelo menos, vejo que a senhora está bem disposta, forte e com saúde. Saúde é o principal...
_ Que saúde coisa nenhuma. Estou cheia de doenças. O dinheiro vai quase todo em remédios. Há meses que deixo de tomar dois ou três para poder comprar o outro mais caro. O tratamento dentário está parado há dois meses... E vem você me falar de saúde.
Sentia-se com um filho ou parente ingrato da velha professora e todos em volta olhavam para ele, com um certo desprezo.
Não teve saída. Precisava falar alguma coisa. Algo que devolvesse a esperança a sua velha professora e ao mesmo tempo impedisse de ser linchado pela multidão que parou para assistir a conversa. Não titubeou.
_ Não perca a esperança professora. Estou sabendo que a Presidenta vai criar o Bolsa Funeral.
(transcrito do www.apagadordigital.blogspot.com)

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