Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Ronaldinho Gaúcho: a arte da invenção

                                                 
                      Muita gente já falou e escreveu sobre o magistral Santos e Flamengo jogado na quarta-feira (27 de julho) naquela Vila famosa. Como um casado e solteiros as duas equipes entraram em campo, como se combinassem apenas fazerem um confronto, no qual a palavra de ordem fosse a diversão. O espetáculo foi belo porque o que prevaleceu foi a arte de jogar futebol e não o de se visar a canela dos adversários. Com isso o futebol de todos cresceu. Alguns afoitos falam em falha das defesas. Mas, não é isso que vem ao caso. Quando se tem pela frente craques iluminados, livres para jogar o futebol, é fatal que alguns erros aconteçam. O que se viu foram dois times sem medo de ser felizes. O Santos de saída marcou três gols, logo no início do primeiro tempo. O normal, o comum, o habitual o que estamos cansados de ver, seria o Flamengo recuar e armar um ferrolho com o objetivo de evitar a inevitável goleada que muitos já vislumbraram.
                     
                     Mas, como nos velhos tempos do Santos de Pelé e de Garrincha do Botafogo, o compromisso dos atletas era com o espetáculo. Era com a brincadeira de jogar bola. E em noite iluminada, o Flamengo não melou o espetáculo. Pelo contrário, inventou de partir para cima com o objetivo de reverter o marcador que lhe era desfavorárel.

                     Essa lição do futebol é também uma lição de vida. Mostra a importância de não sentirmos a derrota, quando há ainda possibilidade de se mudar a situação.

                     Há dois lances memoráveis no espetáculo: Neymar, no estilo Pelé, driblando vários adversários para marcar o seu gol de placa.

                     Contudo, a perfeita tradução do jogo foi a falta cobrada por Ronaldinho Gaúcho. 99% dos jogadores fariam a jogada tradicional de procurar encobrir a barreira e dar um efeito na bola para que ela entrasse em um ângulo indefensável para o goleiro. Mas, na quarta-feira, os deuses do futebol estavam em busca do diferente, do criativo, do incomum. Ele simplesmente rolou a bola por baixo da barreira que, como marionetes, saltava para tentar impedir a passagem de uma bola invísivel que vinha pelo alto. Mas, enganando a todos a bola correu rasteira pela grama por baixo de todo mundo, estufando a rede santista. Foi uma jogada que ele já tinha feito no Barcelona e aproveitou a ocasião exata para repetí-la.

                     A arte da invenção é um exemplo para todos nós, que muitas vezes continuamos presos a rotina de sempre em nossas vidas: no amor, na política, na família, nas amizades, repetindo sempre as velhas e desgastadas jogadas, quase sempre marcadas por carrinhos desleais na canela do próximo; em jogadas de esperteza nos atirando ao chão com o objetivo de cavarmos pênalti a nosso favor, iludindo o juiz.

                     E a vida só nós pede uma jogada simples, que por isso mesmo pode fazer aflorar toda nossa genialidade.

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